É mito que óleo de cozinha contém solvente de gasolina; especialista explica
Eles são fontes comuns de ácidos graxos poli-insaturados essenciais, como o ômega-6, e estão aprovados por instituições de saúde
Nos últimos meses, vídeos e correntes nas redes sociais têm viralizado e colocado os óleos vegetais — como os de soja, milho e girassol — na lista de supostos "vilões da saúde". Entre as alegações mais comuns, estão a ideia de que esses óleos seriam tóxicos, conteriam solventes equivalentes à gasolina e ficariam acumulados no corpo por anos, o que traria danos à saúde. Mas o que a ciência realmente diz sobre o assunto?
Segundo a médica nutróloga Dra. Isolda Prado, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), muitas dessas afirmações não passam de mitos.
Eles são realmente prejudiciais?
"Esses óleos são fontes comuns de ácidos graxos poli-insaturados essenciais, como o ômega-6, e estão aprovados por instituições de saúde. O consumo moderado como parte de uma dieta equilibrada não é prejudicial. Em comparação às gorduras saturadas, os óleos vegetais (incluindo soja e girassol) tendem a ser neutros ou até benéficos, em termos de risco cardiovascular", responde a especialista.
O mito do 'solvente da gasolina'
Na indústria, a extração de óleos como o de soja pode envolver o uso de hexano, um solvente derivado do petróleo. Porém, segundo a especialista, mais de 90% desse solvente é recuperado no processo e o restante eliminado no refinamento. O resultado é um óleo seguro para o consumo, dentro dos padrões internacionais de segurança alimentar. “Não há gasolina no óleo de cozinha”, reforça a médica.
Esses óleos passam por um processo de extração que utiliza hexano, mas o solvente é eliminado no refinamento. "O produto final é seguro e dentro de padrões internacionais".
O corpo 'guarda' esse óleo?
Outro mito é o de que os óleos vegetais permaneceriam no organismo por tempo indefinido. Na prática, após ingerido, o óleo é digerido e transformado em ácidos graxos+.
"Ele é digerido, absorvido como ácidos graxos, ou armazenado como energia na gordura corporal conforme a necessidade calórica. Ou seja, não há “acumulação permanente” de óleo; o corpo o processa naturalmente", diz a especialista.
Quando os óleos de cozinha podem fazer mal?
Os riscos estão ligados ao uso inadequado:
Frituras em altas temperaturas e por longos períodos podem degradar os óleos poli-insaturados, gerando compostos potencialmente nocivos, como lipoperóxidos.
O excesso de ômega-6, sem o devido equilíbrio com fontes de ômega-3, pode favorecer processos inflamatórios.
Assim como qualquer gordura, o consumo exagerado leva ao ganho de peso e alterações no perfil lipídico.
O segredo é escolher bem a forma de utilizá-los. Para a Dra. Isolda Prado, boas opções são:
Azeite de oliva extra-virgem: ideal para saladas e cozimentos leves, rico em antioxidantes.
Óleo de canola: com boa proporção de gordura monoinsaturada e estabilidade ao calor moderado.
Óleos de soja, milho e girassol: aceitáveis, principalmente quando usados a frio ou em preparos de baixa temperatura.