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TDAH: o que é, quais são os sinais e como ajudar a criança no dia a dia

A orientação médica, caso os pais desconfiem de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade no filho, faz toda a diferença

31 ago 2022 - 15h54
(atualizado às 16h24)
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Há alguns anos, uma criança desatenta, desfocada, desinteressada e que não conseguia acompanhar o aprendizado na sala de aula sofria punições e era rotulada como preguiçosa, relaxada e até "burra". Com o passar do tempo, felizmente, informações sobre vários tipos de transtorno foram se tornando mais conhecidas, fazendo com que as famílias entendessem que esse tipo de comportamento pode sinalizar um problema de saúde. Um dos mais comuns é o

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade ou TDAH

, que, segundo o maior consenso internacional sobre o assunto, que envolveu 79 pesquisadores de 27 países,

atinge cerca de 6% de todas as crianças e adolescentes no planeta.
Foto: Robert Deutschman/Getty Images / Bebe.com

Nem todo mundo que apresenta desatenção, ansiedade ou problemas na escola será diagnosticado, mas é importante buscar ajuda médica ao desconfiar dos sinais. Afinal, isso pode transformar o presente e o futuro do seu filho.

O que é TDAH?

O psiquiatra Felipe Becker, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e coordenador do serviço de internação psiquiátrica do Hospital Infantil Doutor Jeser Amarante Faria, em Joinville (SC), explica que se trata de um transtorno do neurodesenvolvimento multifatorial. "É um prejuízo da cognição e não da inteligência. Isto é,

a criança não tem um coeficiente de inteligência reduzido, mas tem dificuldade de obter e sustentar o foco

, e de fixação de memória, que é o que nos faz ter novos aprendizados", detalha.

Pessoas com TDAH apresentam alterações no funcionamento dos neurotransmissores (substâncias químicas, como a dopamina e a noradrenalina, responsáveis pelas trocas de informação entre os neurônios). Isso acontece na região orbital frontal do cérebro, que é uma das mais desenvolvidas do ser humano, quando comparada a outras espécies. É ali que armazenamos a memória, a atenção, a organização e o planejamento, assim como o autocontrole.

"Existem estudos que apontam para uma possível causa genética, visto que 70% a 80% dos casos podem ser herdados", afirma o neurologista pediátrico Carlos Takeushi, coordenador do Programa de Neurologia do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo (SP). Segundo ele, já foram detectados pelo menos 12 locais do genoma humano que podem ser a origem dessa condição.

Foto: tatyana_tomsickova/Thinkstock/Getty Images / Bebe.com

Os impactos na vida da criança

Existem dois grandes problemas quando se fala em identificar o TDAH: primeiro,

muitas pessoas são diagnosticadas erroneamente

, já que os sintomas às vezes são confundidos com outros transtornos, como TOD, ansiedade e bipolaridade, para citar alguns exemplos. Vale dizer que o TDAH também pode trazer essas outras doenças como comorbidades (tratadas, dependendo da situação, separadamente), daí a importância da avaliação caso a caso, por um profissional especializado. Depois, apesar do nível maior de conhecimento sobre a condição,

os diagnósticos ainda são poucos

. "Existe muita gente que convive com o TDAH e não é diagnosticada, não sabe que tem. Isso pode trazer uma série de problemas no futuro", ressalta Becker.

O impacto do TDAH vai aumentando conforme as demandas da vida surgem, num efeito bola de neve. Por isso, identificar o transtorno o quanto antes é fundamental. "A criança com desatenção tem como consequência a dificuldade de interação e de sustentar a comunicação. Então, tende ao isolamento e ao baixo rendimento escolar. Isso leva à percepção de que não é inteligente e à desistência de várias atividades, tarefas e brincadeiras antes mesmo de tentar, porque ela já assume que não vai conseguir concluir, diz.

Na ausência de tratamento, as consequências no comportamento podem ser ainda mais intensas com o passar dos anos. "A criança não aceita ser contrariada, tende a desviar os combinados, mente… E isso vai em uma crescente. Na adolescência, o risco de problemas aumenta", explica. Segundo o psiquiatra, é possível que o TDAH não tratado também facilite o desenvolvimento de quadros como ansiedade, depressão, bipolaridade e até dependência química.

Como é o diagnóstico?

Não é toda criança com questões comportamentais ou com baixo rendimento na escola que, necessariamente, tem TDAH. Mas é importante buscar a

avaliação de um especialista

. "Em geral, quanto mais cedo o quadro se inicia, mais intenso tende a ser o caso", alerta Felipe Becker. A maioria dos diagnósticos se dá já em idade escolar, mas é possível que ocorra antes. Segundo o especialistas, porém, não é possível determinar um padrão ou uma idade para que comece a se manifestar.

"De qualquer forma, não acho interessante fechar o diagnóstico muito cedo, quando a criança é muito nova. Nesses casos, acompanho os sintomas atentamente. Quadros clássicos já podem ter desatenção intensa antes, mas aqueles que não são tão intensos podem aparecer com 7, 8, 9 anos, de acordo com a demanda que o ambiente traz e do quanto a criança dá conta de lidar ou não", explica.

Vale ressaltar que faz toda a diferença detectar o problema ainda na infância, embora alguns pacientes sejam diagnosticados somente na adolescência ou na vida adulta. Conforme a pessoa cresce e completa o desenvolvimento do cérebro - o que acontece por volta dos 24 ou 25 anos, de acordo com a maioria dos pesquisadores - há menos espaço para um tratamento eficaz. "Os sintomas precisam estar presentes antes de 12 anos de idade e em dois ou mais ambientes, como casa e escola, com amigos e parentes, interferência no funcionamento social, acadêmico ou profissional", detalha Takeushi. "O diagnóstico é clínico, baseado na história do paciente e no exame físico ou ainda em relatos da escola ou de outras pessoas que tenham convívio com ele", diz.

A avaliação, que começa a partir da percepção dos pais e dos professores, deve ser muito criteriosa, afinal, o pequeno não vai ter a capacidade de notar e dizer que está aéreo e desatento. É preciso, ainda, descartar outros transtornos. "Se eu achar que uma criança ansiosa, por exemplo, é inquieta e hiperativa, e concluir que é TDAH, prescrevendo medicamentos psicoestimulantes, ela vai ficar mais ansiosa, irritada, explosiva. Vários diagnósticos são feitos muito rapidamente. Então, a criança usa a medicação por anos, do jeito certinho, mas não tem resultado, não faz diferença, não tem resposta", exemplifica.

Protocolo para diagnóstico

Esse tipo de acompanhamento e os cuidados devem passar a ser mais acessíveis em todo o Brasil, já que, no início de agosto, o Ministério da Saúde divulgou no Diário Oficial um protocolo para diagnóstico de TDAH. "Uma política pública que reconhece isso como um problema possível a que a população pode estar submetida e que, portanto, precisa ser identificado, rastreado e tratado, é essencial, até por reconhecer que o déficit de atenção é um transtorno que impacta, de forma bem significativa, as pessoas", opina o médico.

Tratamentos: TDAH tem cura?

O TDAH não tem cura, mas tem tratamento, que pode reduzir e amenizar os sintomas.

"A primeira escolha é sempre a combinação dos tratamentos farmacológico e psicoterápico, com terapia cognitiva e comportamental", explica Becker.

A resistência da família aos medicamentos é um dos desafios na psiquiatria - ainda mais por ser uma área que trata de questões subjetivas, que não são palpáveis ou visíveis em exames concretos. "Quando se trata de déficit de atenção, não temos uma tomografia que mostra uma alteração, um eletroencefalograma que indique, objetivamente, o TDAH. Então, você recomenda uma medicação e os pais questionam, porque assusta mesmo. São medicamentos psicoestimulantes, tarja preta. É preciso orientar, explicar e mostrar projetivamente quais são os impactos desse problema no futuro, os prejuízos que já vêm acontecendo e o que está por vir", diz o especialista.

Como ajudar a criança com TDAH no dia a dia

Além de buscar o diagnóstico e seguir os tratamentos recomendados, certas atitudes dos pais podem facilitar o cotidiano dos filhos:

1. Organizar os ambientes. Pacientes com TDAH se encontram pela questão visual e auditiva.

2. Também pela organização e para tornar mais fácil a maneira de lidar com os conflitos, é importante estabelecer previamente as rotinas diárias, como horário de comer, dormir, estudar, tomar banho e usar telas.

3. Por falar nisso, o uso de telas deve ser controlado. Para esse perfil de paciente, ele não deve ultrapassar uma hora, pois estimula a impulsividade e a agitação. Evite deixar esses dispositivos no quarto da criança.

4. O ideal é que o ambiente de estudo seja silencioso e iluminado, com uma mesa em um canto - e não, por exemplo, em uma sala aberta, com mais estímulos que favorecem a distração.

5. Para completar, o sono reparador é muito importante, até para o funcionamento dos medicamentos e das terapias. O efeito só virá se o corpo e a mente estiverem descansados. Privilegie o horário de dormir, evitando distrações e estímulos conforme a noite se aproxima.

Bebe.com
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