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Enfermeiras escrevem carta para pais que perderam recém-nascido no 6º mês de gravidez 

Equipe redigiu mensagem como se o bebê estivesse se despedindo: 'Irei no coração de vocês, aonde forem, para sempre'; leia na íntegra

4 out 2019 - 14h23
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Mensagem humanizada da equipe de enfermeiras de Manaus inspirou uma médica obstetra do interior do Paraná.
Mensagem humanizada da equipe de enfermeiras de Manaus inspirou uma médica obstetra do interior do Paraná.
Foto: Facebook / Marcelo Augusto / Estadão

Uma mulher grávida perdeu o bebê no sexto mês de gestação após sofrer uma infecção generalizada na última segunda-feira, 30. O caso ocorreu no Instituto Mulher Dona Lindu, em Manaus, e as enfermeiras da unidade resolveram amenizar a dor dos pais com uma mensagem de carinho e empatia.

A equipe escreveu uma carta como se o recém-nascido, que se chamaria Jander Gaell, estivesse se despedindo. "Papai e mamãe, durante 21 semanas e três dias, pude sentir o quanto vocês me amam e eu também já amava vocês. Sei que seriam pais excelentes. Fiquem em paz", começou.

"Nasci e voltei para o céu no dia 30 de setembro de 2018, às 14h45, no Instituto da Mulher Dona Lindu. E pesei 0,370 gramas. Irei no coração de vocês, aonde forem, para sempre. Assinado: Jander Gaell Rodrigues de Menezes", concluiu, com o pezinho do pequeno carimbado no papel.

A iniciativa repercutiu no Instagram e no Facebook, com mais de 200 mil reações, após o estudante de medicina e estagiário da unidade, Marcelo Augusto, compartilhar a atitude das enfermeiras nas redes sociais.

"Estou nos meus últimos dias de estágio em ginecologia e obstetrícia, onde durante dois meses e uma semana convivi bastante a rotina obstétrica, acompanhando e participando de vários partos, tanto normal quanto cesariana. Porém, hoje, me deparei com uma situação completamente diferente dessa rotina", disse. Augusto aproveitou também para criticar a saúde pública amazonense que, segundo ele, carece de recursos.

"Isso ganhou meu dia, ganhou minha semana, ganhou todo o tempo de estágio em que passei pelas maternidades de Manaus. Diante de todo o caos que a saúde do Amazonas está passando, falta de medicação básica, falta de leitos, falta de materiais, pagamentos atrasados de todos os profissionais da área", afirmou.

"[Isso deixa] muitos profissionais desestimulados, vendo pacientes morrerem e não podendo fazer, literalmente, nada. Mesmo assim, essa equipe que hoje passou o dia de plantão, exerceu seu papel com tanto amor ao próximo, honrando o juramento que fizeram no dia de suas formaturas", elogiou, destacando que a carta não trará o filho de volta, "mas amenizará bastante a dor da perda dos pais e familiares".

Veja abaixo a mensagem que a equipe de enfermagem escreveu:

O ato de empatia estimulou que a atitude fosse tomada por outra profissional da saúde. A obstetra Daniele Peters, de São José dos Pinhais, no Paraná, viu a publicação e aderiu à ideia. Na última quarta-feira, 2, uma mãe perdeu o bebê após sofrer com uma patologia, e a médica escreveu uma carta no formato feito pelas enfermeiras de Manaus. Confira abaixo:

Estadão
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