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Coelho não é presente de Páscoa, alerta Conselho de Medicina Veterinária

Família precisa avaliar se tem estrutura, orçamento e disposição para acolher um animal de estimação; muitos são abandonados após a data

15 abr 2019 - 10h13
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A Páscoa é tempo de troca de presentes, como ovos de chocolate, bombons e colombas. Alguns mais entusiasmados podem pensar que dar um coelho de verdade é uma excelente opção. Não é. Assim como dar um cachorro ou um gato para alguém, quando não solicitado, pode se transformar literalmente em um presente de grego.

Profissionais da medicina veterinária ressaltam a importância de a família avaliar se tem estrutura, orçamento e disposição para acolher um animal de estimação.

A veterinária Cristina Maria Pereira Fotim, integrante do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo, explica que deixar os coelhinhos em gaiolas causa sofrimento, uma vez que impede que se movimentem adequadamente. "Os coelhos podem apresentar problemas nas articulações, obesidade e desvios de comportamento, como lambeduras que levam a problemas de pele", explica.

Além da vida fora das gaiolas, os coelhos precisam de uma área para tomar banho de sol e abrigo para que possam se recolher e descansar quando quiserem.

Apesar de fofinhos, alguns tutores reclamam que os coelhos apresentam certa agressividade. A presidente da Comissão de Bem-Estar Animal do CRMV-SP, Cristiane Schilbach Pizzutto, afirma que os coelhos são presas de diversos outros animais em vida livre, por isso, podem desenvolver um medo intenso quando enclausurados. "Isso pode dificultar a adaptação, dependendo da rotina da casa", enfatiza.

O que é preciso para criar um coelho

Além de um ambiente livre para que ele possa circular, o local deve contar com madeira para que o coelho possa roer, outro comportamento inerente à espécie. "É indicado deixar à disposição do animal pedaços de troncos ou galhos de laranjeiras, goiabeiras ou de outras árvores frutíferas, sempre in natura, nunca madeiras envernizadas", menciona Cristiane Schilbach Pizzutto.

A alimentação é outro tópico que merece atenção, pois nem só de ração vive um coelho. Folhagens com talos, frutas e legumes devem fazer parte da dieta, a qual precisa ser definida com orientação de um veterinário.

Abandono

Por não se atentarem às necessidades específicas dos coelhos antes de adquiri-los como pets, muitas famílias acabam negligenciando os cuidados e, pior, abandonando o animal, o que configura crime, previsto na Lei Federal nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

A situação é bastante grave, uma vez que os animais não conseguem se alimentar e acabam desidratados e desnutridos. "É comum que ao menos um coelho seja encontrado em áreas verdes das cidades após a Páscoa", lamenta o presidente da Comissão Técnica de Médicos-veterinários de Animais Selvagens do CRMV-SP, Marcello Schiavo Nardi.

Estadão
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