Aumenta no Brasil o número de mulheres imigrantes venezuelanas
Aumento no número de mulheres imigrantes venezuelanas: um êxodo em busca de segurança e oportunidades
Os anos de 2023 e 2024 marcam um aumento significativo no número de mulheres venezuelanas buscando refúgio em países vizinhos, como Brasil, Colômbia e Peru. Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 7 milhões de venezuelanos deixaram o país desde 2014, e as mulheres representam uma parcela cada vez maior desse contingente.
As motivações para essa migração são complexas e multifacetadas, mas alguns dos principais fatores que impulsionam o êxodo feminino venezuelano incluem principalmente a crise humanitária e socioeconômica na Venezuela. A escassez de alimentos, medicamentos e outros bens básicos, intensificada a partir de 2017, tornou a vida no país extremamente difícil, especialmente para as mulheres, que muitas vezes são responsáveis pelo cuidado da família.
A hiperinflação descontrolada corrói o poder de compra das famílias, dificultando o acesso a necessidades básicas como alimentação e saúde.
A falta de oportunidades de trabalho e renda, somada à crescente insegurança e violência, torna o futuro incerto e perigoso, especialmente para mulheres e meninas.
Também a violência é um fator de aumento da imigração. A violência de gênero, incluindo feminicídio, violência doméstica e abuso sexual, é uma realidade alarmante na Venezuela. A impunidade e a ineficiência do sistema judicial contribuem para a sensação de insegurança e vulnerabilidade entre as mulheres.
A crescente repressão política e a violação dos direitos humanos também colocam em risco a segurança de mulheres que se opõem ao regime autoritário.
Busca por melhores condições de vida
As mulheres venezuelanas são frequentemente discriminadas no mercado de trabalho e têm menos acesso a educação e oportunidades de desenvolvimento profissional.
Em busca de melhores condições de vida para si mesmas e para seus filhos, muitas mulheres decidem migrar para países com maior estabilidade econômica e social.
Nesse contexto, vale observar que as redes sociais facilitam o acesso a informações sobre oportunidades de migração e a conexão com outras mulheres que já migraram, servindo como redes de apoio e orientação.
A comunicação com familiares e amigos que já estão em outros países também contribui para a decisão de migrar, especialmente para mulheres que buscam se reunir com seus entes queridos.
Os impactos da migração feminina
A migração de mulheres venezuelanas tem impactos sociais, econômicos e culturais tanto nos países de origem quanto nos de destino.
A fuga de mulheres em idade reprodutiva pode ter um impacto negativo na taxa de natalidade e no desenvolvimento social do país.
A perda de capital humano, especialmente de mulheres qualificadas e educadas, pode dificultar ainda mais a recuperação da Venezuela da crise atual.
Já nos países de destino, as mulheres migrantes venezuelanas enfrentam desafios como xenofobia, discriminação e dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
O acesso a serviços básicos como saúde, educação e moradia pode ser um desafio, especialmente para as mulheres que não possuem documentos regularizados.
A sobrecarga de trabalho, a necessidade de conciliar trabalho e cuidado com a família e a falta de apoio social podem afetar a saúde mental e física das mulheres migrantes.
Crise humanitária venezuelana
O aumento no número de mulheres venezuelanas que migram para outros países é um reflexo da grave crise humanitária, social e política que assola a Venezuela. As mulheres migrantes são agentes de mudança e podem contribuir significativamente para o desenvolvimento dos países de destino.
É fundamental que os governos e a sociedade civil adotem medidas para garantir a proteção dos direitos das mulheres migrantes e facilitar sua integração social e econômica.
(*) André Forastieri é jornalista e empreendedor, fundador de Homework e da agência de conteúdo e conexão Compasso, e mentor de profissionais e executivos. Saiba mais em andreforastieri.com.br.