Caps de SP fornecem tratamento para vício em apostas e jogos de azar; saiba mais
A medida, sancionada no início desta semana, foi criada com o intuito de prevenir e controlar os impactos da dependência, que tem apresentado crescimento nos últimos anos
No início desta semana, o Governo de São Paulo determinou que o Centros de Atenção Psicossocial (Caps) passe a fornecer atendimento para pessoas com vício em jogos de azar. A decisão ocorreu após o governador Tarcísio de Freitas sancionar o Programa Estadual de Conscientização e Tratamento aos Malefícios dos Jogos de Apostas Online e Cassinos Físicos.
Entenda a medida
A lei 18.186/25, criada com o intuito de prevenir e controlar os impactos da dependência em apostas, prevê a capacitação de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais para atender esses pacientes. De acordo com autoridades, dessa forma, será possível enfrentar o vício em jogos de azar, fator que tem demonstrado potencial crescimento nos últimos anos.
Além disso, o Caps deverá estabelecer parcerias com universidades, entidades especializadas e organizações da sociedade civil para ampliar o acesso ao tratamento. O novo programa também oferecerá encontros com grupos terapêuticos, a fim de garantir reintegração social e um acompanhamento mais próximo.
"A lei cria um programa específico, fortalecendo essa rede e dando mais visibilidade para o tema. Na perspectiva da psicanálise, o tratamento não se limita a afastar o indivíduo do ambiente de aposta. Isso porque foca em compreender os vazios e conflitos que estão por trás da compulsão, buscando preenchimentos desses vazios", explicou o psicanalista Artur Costa, em entrevista à 'Folha de São Paulo'.
Os impactos dos jogos de azar
Desde a legalização da prática em 2018, as apostas se popularizaram entre os brasileiros. Como consequência, não somente os casos de dependência, como a procura por tratamento cresceram exacerbadamente. Dados do Ministério da Saúde apontam que a procura por atendimentos saiu de 413 em 2021 para 1.265 em 2024, registrando um aumento de 206%.
As redes públicas, no entanto, não acompanharam o cenário. Um levantamento Tribunal de Contas da União (TCU) chegou até a relatar que, em maio deste ano, a falta de profissionais especializados nesse tipo de vício na Rede de Atenção Psicossocial (Raps). Para o jornal 'O Globo', o ministro da Saúde Alexandre Padilha reconheceu o "novo desafio". Ademais, afirmou que órgão está "contratando pesquisas para entender melhor o impacto".
Já no âmbito estadual, o deputado Rômulo Fernandes, que propôs o programa, informou que agora as autoridades irão definir como os atendimentos deverão ocorrer. Por ora, contudo, os dependentes são identificados após avaliação na Unidade Básica de Saúde (UBS) e, posteriormente, encaminhados ao Caps.