Canta esperança
Uirapuru ou rouxinol, curió ou sabiá, periquito ou canário, pardal ou bem-te-vi, azulão ou andorinha... a esperança é um passarinho – alado, emplumado. Canta passarinho, canta esperança.
Passarinho que na alma vem pousar e ali canta uma canção sem palavras, uma canção que nunca para de cantar. Canta passarinho, canta esperança.
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Essa canção é bálsamo revigorante, embala suave, trata feridas, purifica a dor, espanta a angústia, renova forças. Canta passarinho, canta esperança.
Essa canção é presença na ausência, solução no problema, força na fraqueza, ajuda no conflito, alívio na aflição, serenidade na fúria. Canta passarinho, canta esperança.
No temporal, quando tormenta e vento desabam ao redor, mais doce se escuta a avezinha, cantando com todo seu calor. Explêndida gorjeia, a vida exalta: humilde, sensível e livre. Canta passarinho, canta esperança.
Alivia ouvir seu canto: na mais distante das terras, no mais estranho dos mares, na mais fria das madrugadas. Canta passarinho, canta esperança.
Conforta ouvir seu canto: no adulto desperta a criança, no enlutado reanima o seguir, no enfermo acalenta a superação, na confusão é acerto, na perturbação tranquiliza, na fraqueza revigora. Canta passarinho, canta esperança.
Como coisa que voa, e não gosta de gaiola, a esperança canta mais bonita quando saltita no parapeito da nossa janela. Canta passarinho, canta esperança.
Sinfonia de pardais, melodia leve do quero-quero, tom exaltado do bem-te-vi, grave como coruja – verdadeiro oboé –, quando esperança canta, aconchega: anima, sustenta, salpica uma felicidade de estrelas no profundo céu da alma. Canta passarinho, canta esperança.
O que cobra por tanta melodia? Nem uma migalha, nem um grãozinho sequer. Canta passarinho, canta esperança. Ensina Mário Quintana, o encantado poetão do “Poeminho do contra”: “Todos esses que aí estão | Atravancando meu caminho, | Eles passarão… |Eu passarinho!”… canta passarinho, canta esperança.
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