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Javaporcos com carne azul neon: o que causou esse fenômeno nos EUA?

Depois que caçadores encontraram animais com organismo dessa cor, em março, pesquisa investigou o que provocou a mudança

22 ago 2025 - 18h32
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Caçadores norte-americanos encontraram javaporcos com carne e gordura azuis, na Califórnia. E não era um tom azulado discreto, mas um intenso azul neon, fluorescente, que coloriu os órgãos internos e a camada de gordura dos animais.

A inusitada constatação motivou uma minuciosa investigação pelo Laboratório de Saúde da Vida Selvagem do Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia (CDFW, na sigla em inglês) e pelo Laboratório de Saúde Animal e Segurança Alimentar da Califórnia, que afinal identificaram o culpado: um veneno para ratos.

O fenômeno aconteceu na área rural de Salinas, no condado de Monterey, em março. O especialista em controle da fauna selvagem Dan Burton capturou vários javaporcos e todos estavam azuis por dentro. "Não estou falando de um pouco de azul. Estou falando de azul neon, azul mirtilo", declarou ao jornal Los Angeles Times. "É uma loucura".

A pesquisa que se seguiu descobriu que a situação foi causada pela ingestão do veneno para ratos difacinona. Muito frequentemente usado na agricultura para o controle de roedores, esse veneno anticoagulante é tingido de azul brilhante, durante sua fabricação, para que os humanos possam identificá-lo facilmente e evitá-lo. Mas os animais, como o javaporco, não reconhecem esses sinais de alerta criados pelo ser humano.

As doses de veneno nas armadilhas matam rapidamente os roedores, que são pequenos, mas são insuficientes para causar danos imediatos aos javaporcos, que pesam entre 45 e 90 quilos. Segundo o jornal Los Angeles Times, testes de laboratório mostraram que os javaporcos foram expostos ao veneno por um longo período.

Esses animais são híbridos entre javalis e porcos domésticos e se alimentam de quase tudo que encontram, incluindo iscas envenenadas ou roedores que já consumiram o veneno. Assim ajudam a propagar o veneno.

A difacinona atua como anticoagulante, causando hemorragias internas graves. A morte acontece vários dias após a ingestão inicial, período durante o qual o animal se torna mais vulnerável a predadores.

Desde 2024 o uso de difacinona está restrito na Califórnia - hoje, apenas técnicos certificados podem usá-la. Mas na fauna local ainda existem restos de veneno, que seguem contaminando a cadeia alimentar, dizem os especialistas.

O Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia alertou os caçadores a tomar cuidado ao coletar carne nessa área e pediu que relatem qualquer anomalia ao Laboratório de Saúde da Vida Selvagem. Recomendou também que os agricultores combatam pragas com estratégias não químicas, como cercas, armadilhas e predadores naturais.

Estadão
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