Floresta urbana na Grande SP vira parque estadual; veja onde
Reserva Florestal do Morro Grande tem cerca de 10 mil hectares, tamanho equivalente a mais de 60 parques do Ibirapuera
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assinou nesta terça-feira, 4, o decreto de criação do Parque Estadual do Morro Grande, localizado nos municípios de Cotia e Ibiúna, na região metropolitana. A abertura ao público está prevista para o primeiro semestre de 2026, segundo o governo do Estado.
O anúncio foi feito durante a abertura do Summit Agenda SP+Verde, evento pré-COP do governo estadual, em parceria com a Prefeitura e a Universidade de São Paulo (USP). Também foram anunciados acordos de cooperação voltados à fiscalização ambiental e reaproveitamento de resíduos.
A área de preservação tem cerca de 10 mil hectares - sendo maior do que o Parque Estadual da Cantareira e equivalente a mais de 60 parques do Ibirapuera. Sua criação é estratégica para a segurança hídrica do Estado, por incluir a Represa da Graça, que abastece parte da Grande São Paulo e as nascentes do Rio Cotia.
"É interessante ter um parque tão exuberante, tão bonito, espremido em áreas tão densamente ocupadas, mas ali a gente vai proteger nascentes, garantir abastecimento, proteger o Rio Cotia e isso é fundamental", disse o governador no evento.
Em um cenário de escassez hídrica no Estado, o governador disse estar "super preocupado" com a dependência dos municípios paulistas do Aquífero Guarani, mencionando obras que prometem diminuir o problema.
A demanda pela criação do parque data da década de 1970, quando um movimento formado por cientistas, ambientalistas e moradores (incluindo o paisagista Burle Marx e o geógrafo Aziz Ab'Saber) barrou a instalação de um aeroporto na área florestal.
A presidente do conselho da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, celebrou a criação do parque como "uma grande vitória do passado e do presente, que contou com uma forte mobilização da sociedade, de organizações e movimentos locais; também um passo importante para o futuro, que vai garantir que essa importante área permaneça preservada para as próximas gerações", disse ao Estadão. Ela lembra que pessoas atuantes nesse movimento ajudaram a fundar a organização na década de 1980.
A unidade de conservação tem 87% da área coberta por mata nativa, com fauna e flora típicas da Mata Atlântica: 260 espécies de árvores, quase 200 tipos de aves e dezenas de mamíferos.
"A criação desse parque, além de simbólica, é importante porque melhora cada vez mais a gestão especializada de uma área maior do que a Cantareira", disse a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado, Natália Resende. Segundo ela, a criação do parque integra a estratégia climática do Estado.
Crise hídrica
O Estado de São Paulo enfrenta atualmente o menor patamar nos reservatórios desde a crise hídrica de 2014 e 2015, e tem adotado medidas como redução de pressão nos encanamentos de distribuição de água da região metropolitana de São Paulo.
Segundo Resende, as medidas de contingência resultaram até o momento em uma economia de mais de 25 bilhões de litros, suficiente para abastecer os municípios de Mauá, Santo André, Diadema e São Bernardo, "de forma que não tenha crise hídrica". A secretária afirmou que a situação é diferente de uma década atrás e que o Estado tem hoje "um sistema mais resiliente".