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Red Bull quer motor simples e combustível limpo já em 2023

Após perder a Honda, equipe Red Bull tenta convencer Ferrari, Mercedes e Renault a simplificar e antecipar modificação dos motores da F1

19 nov 2020 - 22h59
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A Red Bull está tentando convencer os três fornecedores de motores da F1 -- Ferrari, Mercedes e Renault -- a adotar uma tecnologia mais simples com combustível alternativo já em 2023. A notícia foi publicada nesta quinta-feira (19) pela revista alemã Auto Motor und Sport. No Brasil, ela foi veiculada inicialmente no Twitter da Scuderia Milani.

Red Bull e Honda: fim da parceria na F1 transformou categoria num jogo de xadrez.
Red Bull e Honda: fim da parceria na F1 transformou categoria num jogo de xadrez.
Foto: Red Bull / Twitter

Segundo Auto Motor und Sport, a situação é bastante complexa e tem dado reviravoltas. A Red Bull tinha intenção de usar motores Honda internamente a partir de 2022, mas para isso dependeria da concordância dos outros três fabricantes de congelar os motores 1.6 V6 turbo, MGU-H, MGU-K e a bateria no nível de 2021. A Mercedes aceitou, mas a Ferrari e a Renault recusaram a proposta.

Antes da saída da Honda, os quatro fornecedores desenvolveriam durante o inverno europeu, cada uma, um novo motor que seria a base para mais quatro anos. Como a Ferrari e a Renault recusaram, a ideia foi abortada. "Sem uma parada no desenvolvimento, não podemos usar essa tecnologia complexa”, disse Helmut Marko, diretor esportivo da Red Bull. “Para isso, precisaríamos de um centro de desenvolvimento como o da Honda em Sakura."

Porém, houve um novo movimento no assunto, segundo a revista alemã. Marko revelou que a Ferrari e a Renault podem concordar com o congelamento dos motores, sob certas condições. Uma delas seria que ocorresse no início de 2022 e não no final de 2021.

Isso porque haveria mais uma chance para Ferrari e Renault se aproximarem do estágio em que se encontra a Mercedes. Além disso, a partir de 2022 a Fórmula 1 usará um novo tipo de combustível (E10 ao invés de E5). Portanto, será necessária uma adaptação dos motores. Assim, numa segunda etapa, os novos regulamentos de motor seriam antecipados de 2026 para 2025. Ainda segundo Auto Motor und Sport, o plano era que o motor elétrico contribuísse com 60% da potência combinada com o V6 turbo.

Acontece que a Fórmula 1 já tinha se comprometido com o uso de combustível totalmente livre de carbono a partir de 2022 e isso adiaria esse movimento por três anos, até 2025. Para os especialistas, isso significaria a falência da F1, pois estaria totalmente na contramão da indústria automobilística. A introdução de combustíveis alternativos é a salvação do automobilismo porque o liberta da arquitetura do motor, do formato das corridas e da gama de fornecedores.

Que combustível é esse? É o E10, que vem sendo desenvolvido há alguns anos pela Bosch, empresa alemã que é uma das maiores fornecedoras da indústria automobilística. “O segredo está na utilização de combustíveis sintéticos ou neutros em carbono, cujo processo de fabricação captura o CO2. Dessa forma, este gás de efeito estufa torna-se uma matéria prima a partir da qual a gasolina, o diesel e os gases naturais substitutos podem ser produzidos com a ajuda da eletricidade gerada a partir de fontes renováveis”, informa a Bosch.

Em 2017, o presidente do conselho de administração da Bosch, Volkmar Denner, disse que “combustíveis sintéticos podem transformar o carbono neutro em veículos movidos a gasolina e diesel e, portanto, contribuem significativamente para diminuir os efeitos do aquecimento global”. 

Para a Fórmula 1, portanto, não vale a pena avançar na ideia da propulsão híbrida com 60% da potência vindo do motor elétrico. Isso manteria a complexidade do sistema híbrido e ainda aumentaria o peso dos carros, pois seriam necessárias baterias maiores e mais pesadas. Para além disso, seria insistir num modelo reservado somente para grupos automotivos interessados em investir fábulas de dinheiro na Fórmula 1.

Com todo esse panorama de idas e vindas, que gera insegurança para dirigentes, fornecedores, equipes, pilotos e fãs, a Fórmula 1 vive um momento de grande incerteza técnica. Por isso, a Red Bull insiste na simplicidade e no combustível limpo. "Somos a favor de um formato de motor muito mais simples com combustível alternativo disponível já em 2023”, afirma Helmut Marko. “Mas não parece haver uma maioria para isso." Pelo menos por enquanto.

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