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A guerra de nervos entre Hamilton e Verstappen na F1

Rivais na disputa pelo título, Hamilton e Verstappen protagonizam duelo em pleno treino livre. Mas jogo psicológico já vem de muito antes

23 out 2021 - 14h25
(atualizado às 16h48)
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Verstappen e Hamilton estão em plena guerra psicológica
Verstappen e Hamilton estão em plena guerra psicológica
Foto: F1 / Divulgação

Pouco a pouco, a disputa entre Lewis Hamilton e Max Verstappen pelo título de 2021 vai se transformando em um dos grandes duelos da história da Fórmula 1. A rivalidade crescente ganhou mais um capítulo no segundo treino livre para o Grande Prêmio dos EUA

Ambos se preparavam para abrir uma volta rápida, quando resolveram acelerar ao mesmo tempo, passando pela reta de largada emparelhados, quase tocando rodas. Hamilton ficou pelo lado de dentro na curva 1 e tomou a tangência à frente do adversário. Verstappen não gostou, mostrou o dedo médio e soltou o verbo no rádio: “Idiota estúpido!” 

A disputa por si só foi bonita de se ver, apertada, e configuraria uma bela ultrapassagem, fosse feita em corrida e valendo posições e pontos. O que chama a atenção é justamente o fato de se dar em uma sessão de treino livre, sem nada em jogo além de acertar os carros. Para muitos, é um sinal de que a guerra psicológica entre os dois segue mais intensa do que nunca. 

Verstappen e Hamilton duelam em pleno treino livre no GP dos EUA.
Verstappen e Hamilton duelam em pleno treino livre no GP dos EUA.
Foto: F1 / Twitter

Os outros capítulos da disputa 

Com um equilíbrio maior entre os carros da Mercedes e da Red Bull em 2021 do que o visto nos outros anos da era híbrida, a disputa entre Hamilton e Verstappen começou já na primeira etapa do ano. No Barein, Verstappen passou Hamilton e terminou à frente, mas foi punido por sair da pista durante a manobra a perdeu a vitória. 

Depois, em Ímola, o holandês jogou duro na primeira curva da corrida, forçando Hamilton a sair da pista e evitar o choque. Na Espanha, mais uma vez Verstappen jogou duro na largada e Hamilton tirou o carro. As coisas começaram a esquentar de vez no GP da Inglaterra, quando ambos dividiram a curva Copse e, dessa vez, nenhum dos dois aliviou, o que provocou o contato e jogou Verstappen com força contra a proteção de pneus. 

Pela primeira vez, a disputa saía das pistas e ia para as declarações. O piloto da Red Bull ficou furioso por ver o rival comemorar a vitória enquanto ele, acidentado, assistia a tudo do hospital. 

Na Itália, outro episódio. Hamilton saí dos boxes enquanto Verstappen vinha lançado pela reta principal, com ambos chegando juntos à primeira chicane. Mais uma vez, nenhum dos dois aliviou e o toque aconteceu, com os dois carros indo parar na brita. O Red Bull de Verstappen foi parar em cima do Mercedes de Hamilton e, não fosse o halo protegendo a cabeça do inglês poderíamos estar falando de uma tragédia. 

O momento do choque entre Hamilton e Verstappen em Silverstone
O momento do choque entre Hamilton e Verstappen em Silverstone
Foto: F1 / Twitter

Foi a vez de Hamilton ficar na bronca e dizer que Verstappen foi insensível por sair da cena sem nem se preocupar se ele estava bem ou se havia se machucado. 

Agora, nos EUA, na reta final do campeonato, acontece mais um entrevero. 

O histórico dos rivais

Lewis Hamilton, 36 anos, 15 deles na Fórmula 1, 7 títulos mundiais, 100 vitórias. Com tanta bagagem, Hamilton já está acostumado a encarar momentos de pressão e disputas que vão além da pista. Em 2007, seu primeiro ano na categoria, ele já se viu em franca disputa pelo título com o então bicampeão Fernando Alonso, notório “casca grossa”. 

As coisas esquentaram de vez quando Alonso demorou deliberadamente para sair do pit lane a fim de atrapalhar a última volta de Hamilton na classificação para o GP da Hungria. Muito menos maduro que hoje, Hamilton cometeu erros na China e no Brasil, as últimas etapas do campeonato, que lhe custaram o que seria seu primeiro título. 

Já na Mercedes disputou os campeonatos de 2014 a 2016 com seu então companheiro Nico Rosberg. Ao longo do período juntos, a antiga amizade não resistiu à acidentes, fechadas e provocações entre ambos, e o clima se tornou nada amistoso entre os dois. Ao fim dos três anos, foram dois títulos para Hamilton e um para Rosberg. 

Verstappen e Hamilton bateram no GP da Itália.
Verstappen e Hamilton bateram no GP da Itália.
Foto: F1 / Twitter

Além dessas rivalidades mais escancaradas, Hamilton ainda dividiu equipe com outro campeão mundial: Jenson Button, de perfil mais discreto, mas ainda assim um duro colega de garagem. E houve disputas de títulos contra outro multicampeão, Sebastian Vettel, em 2010, 2017 e 2018, em que, em menor proporção do que agora, também houve jogo mental de parte a parte. 

E Max Verstappen, apesar de apenas 24 anos, já acumula uma boa vivência na F1. Entrou precocemente, em 2014, como o mais jovem piloto a correr pela categoria, e logo se firmou na Toro Rosso. No meio de 2016, foi promovido à Red Bull no meio da temporada, vencendo logo em sua primeira corrida. 

Na equipe taurina, Verstappen foi cavando seu espaço e desestabilizando o então primeiro piloto, Daniel Ricciardo. O clima azedou de vez depois da batida entre os dois no Azerbaijão, em 2018. Ricciardo sucumbiu à pressão e saiu da equipe. 

Desde então, Verstappen dominou completamente a garagem da Red Bull, que trabalha quase integralmente em torno do holandês. Com carros feitos à sua maneira, ele se consolidou como um destruidor de companheiros de equipe, já que ninguém conseguiu se firmar ao seu lado. Pierre Gasly, Alex Albon e Sergio Perez mostraram dificuldades para acompanhar seu ritmo e, em algum momento, acabaram apresentando desgaste psicológico. 

A temporada 2021 está a 6 corridas de seu fim e a liderança do campeonato troca de mãos entre Hamilton e Verstappen com frequência. Com carros equilibrados e talento de sobra ao volante, a disputa parece caminhar para se decidir na força mental. A essa altura, estar concentrado, focado e não cair em provocações é tão importante quanto ser rápido e consistente. 

Consultamos nossos comentaristas para saber como o fator psicológico pode influenciar nesse momento decisivo do campeonato. 

O que diz a equipe do Parabólica

Lito Cavalcanti:

"Já não há momentos nem movimentos irrelevantes entre Max Verstappen e Lewis Hamilton. Toda e qualquer oportunidade de superar ou incomodar o adversário é importante. Foi isso que se viu naquele momento: Hamilton aproveitou a oportunidade e ultrapassou Verstappen por dentro; Verstappen não aceitou o gesto, que em condições normais nada significaria, e disputou cada centímetro da reta, roda a roda, até a freada da curva Um. Para eles, todas chances precisam ser aproveitadas, não interessa onde, como ou quando. A luta está em seu ponto mais intenso, e a tendência é se tornar ainda mais acirrada."

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