Teste: Renault Duster Iconic 4x2 melhora e ofusca o Captur
Todo modificado, por dentro e por fora, o novo Duster reúne predicados que o deixaram melhor que seu irmão mais bonito. Veja os motivos
Num concurso de beleza, o Renault Captur esnoba seu irmão mais velho, o Renault Duster. Porém, com as modificações que sofreu na linha 2021, o Duster não não apenas ficou mais bonito como ainda exibe alguns predicados mais interessantes do que o irmão que costuma frequentar as colunas sociais. Por ter ficado mais assentado, já há muitas pessoas que consideram o Duster até mais bonito do que o Captur. Gostos pessoais à parte, a verdade é que o Duster melhorou ao mudar toda a carroceria e todo o interior. Avaliamos a versão Iconic (nova topo de linha), que custa R$ 87.490 e é R$ 10.500 mais barata do que o Captur Bose (R$ 97.990).
Apesar de ter ficado com a mesmo plataforma que estreou em 2011, o Duster trocou todas as peças externas (só os pneus mantiveram as medidas). Por dentro, a mudança também foi total. Painel, volante, bancos e central multimídia são novos. Olhando sem prestar atenção nos detalhes, o Duster parece o mesmo, porém as modificações foram grandes. Até na rigidez torcional da carroceria a Renault mexeu, aumentando-a em 12,5%. O parabrisa ficou ligeiramente mais inclinado e as janelas foram reduzidas para elevar a linha de cintura. As suspensões foram recalibradas, tornando o rodar mais confortável, e a assistência da direção agora é elétrica. O esforço para manobras diminuiu 35%, segundo a Renault.
É outro carro! Dirigimos o novo Duster Iconic em trechos de cidade, estrada de terra e estrada de pista simples na região de Foz do Iguaçu (PR). Também passamos por uma pista off-road, com buracos bem fundos (alguns capazes de levantar uma das rodas traseiras) e lombadas íngremes o suficiente para impedir que o motorista enxergasse a continuação do caminho. O Duster se saiu bem em todas as provas, mesmo contando agora com tração apenas 4x2 dianteiras (a versão 4x4 foi aposentada devido às baixas vendas, em torno de 2% do mix). Nesse terreno cheio de obstáculos, foi possível desfrutar de outra novidade do Duster Iconic: o sistema Multiview, com quatro câmeras que têm a imagem mostrada no novo display central. A câmera frontal, na parte de baixo do carro, ajudou a transpor as lombadas íngremes, as câmeras laterais ajudaram em trechos nem estreitos. Quanto à câmera traseira, essa muitos carros têm.
A nova central multimídia é a Easy Link, diferente da Media Nav usada nos demais carros da Renault. A tela tátil agora é de 8” e ficou posicionada mais acima do painel, o que melhorou sua observação durante a condução. Poderia ser melhor se estivesse no mesmo nível de altura do quadro de instrumentos, mas já foi um avanço e tanto perante a telinha anterior. A vida a bordo do novo Duster é realmente mais agradável. Os bancos de couro e o redesenho do painel deixaram o carro com um nível de conforto igual ao de qualquer outro rival do segmento de SUVs compactos.
O melhor de tudo é que o Duster ganhou todo esse incremento em conforto sem perder sua capacidade off-road. Com os maiores ângulos de entrada (30°) e saída (34,5°) do segmento e a maior altura do solo (237 mm), o Duster encara obstáculos com facilidade. O ângulo de transposição de rampa é de 22°. O veículo mantém o maior porta-malas da categoria, com 475 litros de capacidade. O modelo atual oferece 1,5 litro a mais de espaço para porta-objetos do que o modelo anterior, atingindo 20,3 litros no total, melhorando a praticidade a bordo.
Além de um novo console central, com novas saídas de ar, o sistema de ar-condicionado digital tem anéis cromados com oito velocidades e 19 opções de temperatura entre 17,5°C e 26,5°C. Os painéis das portas ganharam apoio de braço revestido em tecido, novos puxadores e iluminação interna. Na versão com câmbio manual, a alavanca do câmbio também é nova.
Pena que não houve mudança de motor. A Renault ainda não teve tempo de estrear o novo motor 1.3 turbo. Comenta-se nos bastidores que a estreia desse motor (mais eficiente do que o atual 1.6 16V SCe aspirado) acontecerá no Captur. Se realmente isso acontecer, é porque a Renault vai tentar privilegiar o Captur, assim poderia “vender” sua imagem de carro mais bonito, elegante e confortável em sua família de SUVs compactos. Pode ser, mas o Duster é mais sincero. E, aqui entre nós, merece o motor 1.3 turbo tanto quanto o Captur. Evidentemente, o atual motor 1.6 -- apesar dos louváveis ajustes que a Renault fez para melhorá-lo, introduzindo o sistema CSe -- ainda é o “calcanhar de Aquiles” do Duster (e do Captur também). Com 118/120 cv de potência (gasolina/etanol), sua aceleração de 0-100 km/h é feita em apenas 12,4 segundos. Mesmo assim, esse número é 0,7 segundo melhor do que o do Captur. Da mesma forma, o novo Duster é mais veloz: atinge 173 km/h, contra 179 do irmão preferido. A potência específica dos SUVs da Renault é de apenas 75 cv/litro, coisa que só vai melhorar com a chegada do novo motor.
Item | Conceito |
Nota (0 a 5) |
---|---|---|
Desempenho | Médio | 2 |
Consumo | Bom | 3 |
Segurança | Muito bom | 4 |
Conectividade | Bom | 3 |
Conforto | Bom | 3 |
Pacote de Série | Bom | 3 |
Usabilidade | Muito bom | 4 |
Veredicto | Bom | 3,1 |
Apesar disso, o Duster 2021 mostrou boa desenvoltura nas retomadas de velocidade. Isso é mérito do ótimo trabalho que a engenharia da Renault fez nas relações de marcha do câmbio CVT X-Tronic, que faz trocas automáticas sem intervenção do motorista e também permite antecipar uma ou duas marchas por meio da alavanca. O caro não tem borboleta para trocas de marcha, pois ainda conta com o comando do áudio por satélite, atrás do volante. Pesando prós e contras, o novo Renault Duster passou a ser uma compra a ser considerável. Sua já comprovada robustez agora é entregue com muito conforto, uma capacidade off-road superior a todos os rivais que não usam tração 4x4, com um rodar mais suave e com um estilo que não faz ninguém passar vergonha -- pelo contrário, dá para ter orgulho em ter um novo Duster na garagem.
O que é novo
- Toda a carroceria externa com maior rigidez torcional.
- Conjunto de faróis e lanternas.
- Parachoques dianteiro e traseiro.
- Grade frontal.
- Desenho das rodas.
- Volante de direção com ajuste de altura e profundidade.
- Painel com quatro saídas de ar retangulares.
- Central multimídia Easy Link com tela tátil de 8”.
- Bancos de couro sintético.
- Cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes.
- Porta-objetos com 20,3 litros de capacidade total (aumento de 1,5 litro).
O que nós gostamos
- Nova calibragem da suspensão, que ficou mais macia sem ser mole.
- Direção elétrica, que melhorou o conforto na condução.
- Design do painel e do quadro de instrumentos.
- Respostas do motor 1.6 SCe e do câmbio CVT em baixas rotações.
- Porta-malas de 475 litros.
- Capacidade off-road, com os maiores ângulos de entrada (30o) e de saída (34,5o) do segmento, além da maior altura do solo (237 mm).
O que pode melhorar
- Faltam airbags laterais, pelo menos como equipamento opcional.
- O desenho da lanterna traseira é praticamente uma cópia da lanterna do Jeep Renegade.
- A ergonomia para o motorista, pois a perna direita raspa no console central e o encosto de cabeça fica muito recuado.
- O espaço traseiro para pernas é bem justo.
- O consumo melhorou, mas ainda é apenas bom, nota C na classificação geral do Inmetro.
Os números
- Motor: 1.6 flex
- Potência: 120 cv a 5.500 rpm (e)
- Torque: 159 Nm a 4.000 rpm (e)
- Câmbio: 6 marchas CVT
- Comprimento: 4,376 m
- Largura: 1,832 m
- Altura: 1,693 m
- Entre-eixos: 2,673 m
- Vão livre: 237 mm
- Peso: 1.279 kg
- Pneus: 215/60 R17
- Porta-malas: 475 litros
- Tanque: 50 litros
- 0-100 km/h: 12s4
- Velocidade máxima: 173 km/h
- Consumo cidade: 10,7 km/l (g)
- Consumo estrada: 11,1 km/l (g)
- Emissão de CO2: 124 g/km