Avaliação: Jeep Renegade é o último SUV 4x4 compacto
Rodamos 1.200 km com o Jeep Renegade Trailhawk, versão mais radical do último SUV 4x4 compacto da categoria B com motor a diesel
O Jeep Renegade é “o último dos moicanos” no segmento SUV 4x4 compacto com mais de 4 metros (categoria B-SUV). No passado, o mercado brasileiro teve opções 4x4 no Hyundai Tucson e Kia Sportage (quando eram menores), no Ford EcoSport, no Renault Duster e no Troller T4. Todos eles ficaram pelo caminho. Para quem busca um SUV compacto com tração 4x4 a única opção é o Jeep Renegade.
Bem, na verdade ainda há Troller T4 no mercado e ele é vendido por R$ 198.400, mas, com o fechamento da empresa pela Ford, o T4 também sai de cena e o Renegade fica como último remanescente de um segmento que já teve opções populares e relativamente confortáveis de veículos 4x4.
Restam o Suzuki Jimny, que tem quatro versões 4x4 a partir de R$ 109.990, e o Suzuki Jimny Sierra, com mais três versões a partir de R$ 144.990. Porém, o ótimo veículo da Suzuki é pequeno (categoria A-SUV), por isso sua aplicação é quase tão específica quanto a do Troller T4. O Suzuki Jimmy mede apenas 3,65 m de comprimento com 1,65 m de largura e tem 2,25 m de distância entre-eixos. É pouco para os 4,23 m do Jeep Renegade, que tem 1,80 m de largura e 2,57 m de entre-eixos.
O Jeep Renegade já se diferenciava por ter motor a diesel. Agora, portanto, tornou-se ainda mais raro: 4x4 a diesel. Mas vale a pena? Para responder a esta pergunta, rodamos 1.200 km com o Jeep Renegade Trailhawk, versão mais radical na configuração 2.0 a diesel com câmbio automático de 9 marchas e tração 4x4.
| ITEM | CONCEITO | NOTA |
| MOTOR | Muito bom | 7,5 |
| CÂMBIO | Ótimo | 9 |
| SUSPENSÃO | Ótimo | 10 |
| FREIOS | Muito bom | 8 |
| DIREÇÃO | Muito bom | 7 |
| EQUIPAMENTOS | Muito bom | 7,5 |
| ERGONOMIA | Bom | 6 |
| PORTA-MALAS | Médio | 4 |
| ACABAMENTO | Bom | 6,5 |
| DESIGN | Muito bom | 7,5 |
| VEREDICTO | Muito bom | 7,4 |
Vale dizer que o Renegade Trailhawk é mais indicado para quem pega trilhas pesadas (tanto que vem com o selo “Trail Rated” da Jeep). Mas há outras. O Renegade 4x4 Trailhawk é a topo de linha e custa R$ 176.990 e traz diferenciais para agradar em cheio ao público que gosta de aventura. As versões Limited e Sport não são mais fabricadas. A versão Longitude (intermediária) custa R$ 164.590 e a Moab (de entrada) sai por R$ 155.490.
Grande parte do nosso percurso foi feito em estrada de asfalto. Por isso, os pneus Pirelli Scorpion ATR 215/60 R17, de uso misto, não foram os mais adequados. Porém, nos trechos de terra que pegamos no interior do Paraná, mostraram-se perfeitos. Claro que é possível equipar o Renegade 4x4 com pneus ainda mais off-road ou mais adequados para a estrada, dependendo do perfil do motorista. Por isso, para esta versão, a escolha dos pneus de uso misto é a mais correta.
A média de autonomia na estrada foi ótima: 13,6 km/l. Este número é melhor do que os 12,5 km/l aferidos pelo Inmetro. O consumo oficial, portanto, é de 8 l/100km, mas conseguimos um consumo melhor: 7,3 l/100km. Isso significa que o Renegade Trailhawk 4x4 2.0 turbo diesel permite um alcance entre 750 e 816 km. É muita coisa. Com a gasolina vendida a preços absurdos, o diesel representou uma boa economia na viagem. Na cidade, a autonomia do Renegade Trailhawk é de 10 km/l de diesel.
O Jeep Renegade 2.0 turbo diesel tem tudo que caracteriza um SUV raiz: motor a diesel, tração 4x4 com reduzida, grande vão livre do solo, posição de dirigir elevada, interior com teto bem alto e linhas quadradas, com pouca atenção à aerodinâmica.
O motor a diesel faz aquele barulhinho característico e trabalha em regimes baixos. A 130 km/h, o motor gira a apenas 2.000 rpm. E na subida, a 140 km/h, o ponteiro do conta-giros apontava apenas 2.300 rpm. Os 170 cavalos do motor 2.0 turbodiesel estão disponíveis a 3.750 rpm. Quanto ao torque, são 350 Nm a 1.750 rpm. O câmbio automático de 9 marchas faz as trocas de maneira quase imperceptível. A tração integral é entregue sob demanda. Em caso de necessidade, dá para fixar a tração 4x4 ou a 4x4 Low (reduzida) com um toque no botão do console.
No destino, o Renegade encarou uma garagem apertada e se saiu bem. Em compensação, isso tem um custo: o porta-malas, como sabemos, é bastante limitado. Duas malas médias já ocupam todo o espaço disponível (320 litros).
Rodando, o Renegade 4x4 é melhor na cidade e em pisos ruins do que em estradas muito lisas. Não é um carro para correr muito. Vai bem até 120 ou 130 km/h. Quando chega a 140 km/h, o carro começa a ficar um pouco indócil. E a 150 km/h surgem turbulência e trepidações, pois este Jeep não tem nenhum compromisso com a aerodinâmica (justamente por isso, destaca-se no segmento como um dos poucos SUV raiz).
A posição de dirigir é facilmente encontrada, pois o ajuste de profundidade do volante é bem longo. Porém, um ajuste elétrico nos bancos deixaria o carro ainda melhor. O volante tem ótima empunhadura e duas discretas aletas para trocas de marcha manuais. Uma característica bem marcante do Jeep Renegade é a enorme quantidade de botões de girar e de apertar. Mesmo para a tela tátil de 8,4” da multimídia Uconnect há botões de sobra. O grafismo exclusivo do quadro de instrumentos é outro detalhe bacana. Diante de tudo isso, o Jeep Renegade não é apenas uma boa compra para quem quer um SUV compacto 4x4, mas a única.
Os números
- Preço: R$ 176.990
- Motor: 2.0 turbodiesel
- Potência: 170 cv a 3.750 rpm
- Torque: 350 Nm a 1.750 rpm
- Câmbio: 9 marchas AT
- Comprimento: 4,232 m
- Largura: 1,805 m
- Altura: 1,714 m
- Entre-eixos: 2,570 m
- Vão livre: 216 mm
- Ângulo de entrada: 30 graus
- Ângulo de saída: 30 graus
- Ângulo central: 22 graus
- Pneus: 215/60 R17
- Peso: 1.674 kg
- Porta-malas: 320 litros
- Tanque: 60 litros
- 0-100 km/h: 9s9
- Velocidade máxima: 190 km/h
- Consumo cidade: 10,1 km/l
- Consumo estrada: 12,5 km/l
- Emissão de CO2: 195 g/km