PUBLICIDADE

Avaliação: Honda WR-V 1.5 é bom, mas merecia motor melhor

Honda WR-V 2021 ganhou itens de segurança, ficou mais bonito e tem qualidades, mas o motor 1.5 é pouco eficiente na estrada. Leia a análise

23 out 2020 - 05h00
Compartilhar
Exibir comentários
Honda WR-V EXL: visual mais caprichado na linha 2021 e novos itens de segurança.
Honda WR-V EXL: visual mais caprichado na linha 2021 e novos itens de segurança.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Honda WR-V é o “patinho feio” da família. Mas não deveria ser. Em muitos aspectos, ele é melhor do que o Fit, do qual é derivado. E também é uma alternativa mais acessível para quem quer um SUV na linha Honda, pois custa menos do que o famoso e prestigiado HR-V. Na verdade, chamar o WR-V de SUV é meio exagerado, mas chamá-lo de “Fit aventureiro” é diminuir o carro. Isso porque, de uns tempos para cá, a maioria dos aventureiros só tem alteração visual, sem nenhuma atribuição técnica. Como o termo ficou desgastado, o Honda WR-V pode ser definido como um crossover.

Avaliamos o Honda WR-V em sua versão topo de linha, EXL, porque o carro passou por uma recente atualização. O WR-V 2021 teve uma significativa melhora no design frontal , ganhou equipamentos inéditos e traz mais itens de segurança. A novidade da linha 2021 é o WR-V LX, de entrada, que custa R$ 83.400. O WR-V EXL avaliado sai por R$ 94.700. No meio deles tem o EX, por R$ 90.300. Não houve mudanças no motor, que continua sendo o 1.5 aspirado flex de quatro cilindros, com 116 cv de potência e 150 Nm de torque. Esse motor é bom e confiável, mas está um pouco defasado em termos de eficiência. O câmbio é o CVT de sete marchas.

WR-V é uma opção para os SUVs compactos, mas a versão EXL se aproxima do HR-V de entrada.
WR-V é uma opção para os SUVs compactos, mas a versão EXL se aproxima do HR-V de entrada.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Visualmente, o carro traz uma nova grade frontal e área cromada mais estreita. Os faróis das versões EX e EXL agora são de LED. A moldura dos faróis de neblina também mudou. E todas as versões têm luzes diurnas de LED. Um novo para-choque deixou o carro 6,7 cm mais longo e ajudou no visual. A traseira ganhou lanternas de LED, mas o design delas, que era o ponto fraco do carro, foi mantido. A Honda perdeu uma chance de ajustar isso. O friso superior da placa, que antes era cromado, agora é da cor da carroceria. Mas o melhor é que as rodas são de 16”, com novo acabamento escurecido.

O carro ficou mais bonito e continua tendo um bom comportamento dinâmico. O WR-V é bastante versátil para uso na cidade. Trata-se de um veículo compacto por fora e com um generoso espaço por dentro. É a sua concepção que resulta nisso. Segundo a Honda, o Fit é um monovolume e não um hatch. Se é assim, o WR-V é um monovolume com pegada “SUV”, ou seja, mais alto, mais duro, mais robusto. Ele encara bem as irregularidades da cidade, tem a direção leve e faz os usuários se sentirem confortáveis a bordo.

Ângulo de saída do Honda WR-V é melhor do que a HR-V, muito mais famoso.
Ângulo de saída do Honda WR-V é melhor do que a HR-V, muito mais famoso.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O Honda WR-V é discreto, mas já não faz feio na passarela. Não vai ganhar o concurso de beleza, é verdade, mas o que o carro entrega em termos de usabilidade compensa as linhas meio ultrapassadas. A posição de dirigir é mais elevada e facilmente encontrada, devido aos ajustes do banco e do volante. A presença de câmbio borboleta para trocas de marchas manuais é até surpreendente, pois o carro não tem um grande desempenho. Na cidade, o motor 1.5 dá conta do recado com sobras; na estrada, um pouco mais de potência seria bem vinda.

Mas o conjunto motor-câmbio está longe de ser ruim, especialmente para rodar na cidade. É pouco econômico na estrada, mas pelo menos é silencioso. Rodando em Drive (D7) a 80 km/h o motor gira a apenas 1.500 rpm. Sobe para 2.000 rpm a 100 km/h em Drive (D7) e reduz para 1.500 giros se o câmbio é colocado no modo S (Sport), também a 100 km/h. Mesmo a 120 km/h ele tem um giro baixo (2.200 rpm em D7). A transmissão CVT 7 marchas do W-RV é muito boa e até um pouco acima do que o carro precisa, pois ela é a mesma que é usada no Honda HR-V de 173 cavalos.

Interior do Honda WR-V EXL, com central multimídia muito boa e fácil de usar.
Interior do Honda WR-V EXL, com central multimídia muito boa e fácil de usar.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

Ao contrário do HR-V, que aceita uma tocada mais esportiva, o WR-V é um carro mais pacato. Por ter o centro de gravidade mais elevado, ele inclina mais nas curvas e, se entrar rápido, sua tendência é “empurrar” um pouco a frente; para corrigir, é preciso aliviar um pouco o pé do acelerador. O vão livre do solo é bem alto (20,7 cm), afinal sua proposta é ser um SUV urbano. O ângulo de entrada é de 21 graus e o de saída é de 33. Ou seja: ele tem três atributos de “SUV” melhores do que o famoso HR-V. 

Uma boa notícia é que o WR-V 2021 ganhou controles de estabilidade e tração, assistente de partida em subida e luzes de frenagem de emergência em todas as versões, como equipamento de série. A versão topo de linha é a única que vem com seis airbags. 

Carro japonês tem boa altura do solo e ficou mais longo na linha 2021.
Carro japonês tem boa altura do solo e ficou mais longo na linha 2021.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O WR-V é lento na aceleração de 0 a 100 km/h (12,3 segundos), mas o câmbio permite travar a marcha e aumentar os giros do motor em caso de necessidade de uma rápida retomada de velocidade. A potência máxima surge apenas a 6.000 rpm com etanol e a 6.600 com gasolina -- ou seja, é preciso fazer o motor berrar para tirar tudo dele. O torque máximo também demora a surgir (somente a 4.800 rpm). Por causa disso, a autonomia na estrada é apenas 0,6 km/l melhor do que na cidade. Como dissemos, um pouco mais de potência faria bem ao WR-V, especialmente para quem roda com o carro cheio de pessoas e de bagagens (é essa a ideia, não?). 

Esse ajuste certamente deixaria o Honda WR-V mais interessante para os consumidores. Quem compra o carro, gosta dele, pois o acabamento é bom, a mecânica é confiável, o espaço interno é generoso e a altura do solo é mais do que razoável. O problema é que poucos compram o WR-V. De janeiro a setembro deste ano ele emplacou 6.424 unidades, o que lhe dá o 12º lugar no ranking geral de SUVs. O porta-malas tem 363 litros; está bom para o porte do carro. 

Traseira continua com as lanternas que estragam o design, mas agora elas têm luzes de LED.
Traseira continua com as lanternas que estragam o design, mas agora elas têm luzes de LED.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

O WR-V EXL avaliado vem com bancos de couro, com novas costuras pretas. O painel ficou mais vistoso, com molduras em black piano, presente também no friso do volante. Há alguns detalhes cromados, para justificar o preço acima de R$ 90 mil. Um item no qual a Honda evoluiu é a conectividade; o sistema multimídia do WR-V tem Android Auto e Apple CarPlay e pode ser acessado também por botões físicos (de apertar). Outro detalhe interessante é que ele traz navegador por GPS, muito útil se você está numa estrada sem conexão com a internet.

De uma forma geral, o Honda WR-V ficou melhor e mais bonito na linha 2021 e merece ser olhado com mais atenção. Como os SUVs compactos ficaram muito caros, ele passa a ser uma opção mais acessível para quem busca robustez e versatilidade num carro. Claro que ele não é barato (nenhum Honda é barato). Agora, vale a pena comprar um Honda WR-V 1.5 de 116 cv completo por R$ 94.300, sendo possível adquirir um HR-V 1.8 de 140 cv básico por R$ 99.100? São menos de R$ 5 mil de diferença e a resposta é a seguinte: depende de quais são as suas necessidades com um carro e também da sua visão sobre o papel do automóvel em sua vida.

Os números

  • Preço: R$ 94.300
  • Motor: 1.5 aspirado flex
  • Potência: 116 cv a 6.000 rpm
  • Torque: 150 Nm a 4.800 rpm
  • Câmbio: 7 marchas CVT
  • Comprimento: 4,068 m
  • Largura: 1,734 m
  • Altura: 1,599 m
  • Entre-eixos: 2,555 m
  • Vão livre: 207 mm
  • Pneus: 195/60 R16
  • Peso: 1.138 kg
  • Porta-malas: 363 litros
  • Tanque: 45 litros
  • 0-100 km/h: 12s3
  • Velocidade máxima: 168 km/h
  • Consumo cidade: 11,7 km/l
  • Consumo estrada: 12,4 km/l
  • Emissão de CO2: 111 g/km
Bancos de couro, agora com costuras pretas, são exclusivos da versão topo de linha EXL.
Bancos de couro, agora com costuras pretas, são exclusivos da versão topo de linha EXL.
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro
Guia do Carro
Compartilhar
Publicidade
Publicidade