Trabalhador denuncia que foi demitido após se recusar a participar de culto religioso em empresa
Trabalhador grava vídeo sendo demitido e denuncia que motivo foi por se recusar a participar de um culto religioso na empresa
Um atendente entrou na Justiça contra a Loovi Seguros, em Belo Horizonte, após ser demitido por se recusar a participar de um culto religioso dentro da empresa. O caso veio à tona após um vídeo gravado pelo próprio trabalhador viralizar nas redes sociais. As imagens mostram o desentendimento entre o funcionário e o presidente da empresa, Quézide Cunha.
No registro, o CEO diz: "Se você quiser ser humilde e ficar todos os dias nos cultos...". O trabalhador responde: "Eu só não estou me sentindo bem de participar hoje". Em seguida, Cunha rebate: "Se você não está bem para ficar num culto, você não está bem nem para estar dentro da empresa". O caso aconteceu em 27 de janeiro, mas ganhou repercussão nacional após a publicação do vídeo neste fim de semana. O g1 tentou contato com representantes da empresa, mas não obteve retorno.
O vídeo do jovem funcionário que denuncia ter sido demitido por não participar de culto religioso é o retrato de um país fanatizado que anda a passos largos para trás enquanto grita "amém". Quem não viu ainda esse absurdo, segue aí. pic.twitter.com/bdlXLJpxBO
— GugaNoblat (@GugaNoblat) February 9, 2025
De acordo com a defesa do ex-funcionário, a Loovi Seguros adota uma cultura organizacional que impõe práticas religiosas aos colaboradores, incluindo a interrupção das atividades para a participação obrigatória em cultos semanais. "Demonstra total descaso com a liberdade religiosa", alegou a defesa. No processo judicial, o reclamante narra que foi convocado para o culto, recusou devido a um mal-estar e, em seguida, foi surpreendido com sua demissão. A primeira audiência do caso foi marcada para março no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), e o caso também foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
SUPOSTAS IRREGULARIDADES
Além da ação trabalhista, a Loovi Seguros também enfrenta uma investigação da Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor), que denunciou a empresa ao governo federal por possíveis irregularidades na sua atuação. Segundo a entidade, a companhia realiza propaganda enganosa e opera sem a devida autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Em nota, a Fenacor afirmou: "A ação irregular dessa empresa inclui massiva propaganda enganosa, induzindo e mantendo o consumidor em erro, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor". A Susep confirmou que recebeu a denúncia em 28 de janeiro de 2025 e que o caso será analisado dentro dos parâmetros legais. A autarquia ressaltou que, após a conclusão do processo administrativo, a decisão será tomada no prazo de 30 dias, podendo ser prorrogado.