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Realidade aumentada já ajuda fábricas no Brasil

Em fábrica da Tetra Pak, óculos da Microsoft permitem que técnicos auxiliem funcionários mesmo à distância

9 jan 2019 - 05h11
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O diretor de portfólio da área de Serviços da Tetra Pak, Edison Kubo, não comemorou o Natal quando começou a trabalhar na empresa, em 2006. "Fui acionado por um cliente que teve problemas com a linha de envase de leite e parou toda a produção", lembra ele, que teve de deixar a festa para tentar resolver o defeito. Como a fábrica era distante, o técnico só conseguiu chegar ao local dois dias depois.

Hoje, problemas similares são resolvidos praticamente na hora por profissionais que podem estar em qualquer uma das 55 fábricas do grupo espalhadas por diversos países, duas delas no Brasil, nas cidades de Monte Mor (SP) e Ponta Grossa (PR).

Líder na produção de equipamentos para embalagens para a indústria de bebidas e alimentos, a Tetra Pak é uma das primeiras empresas no País a utilizar, na linha de produção, óculos de realidade virtual mista chamados de Hololens, desenvolvidos pela Microsoft.

Com esse equipamento, explica Kubo, técnicos do grupo podem atuar com profissionais da empresa ou dos clientes de forma remota, mas como se estivessem no local. Segundo ele, os óculos projetam camadas de imagens de alta resolução na frente do usuário. É possível, por exemplo, ver a máquina, detectar o problema e assessorar o funcionário no conserto. É uma tecnologia ainda em expansão, mas que já foi testada, de forma rudimentar, por muita gente no jogo Pokémon Go.

"A tecnologia é usada também para auxiliar as empresas na instalação de equipamentos importados", diz Kubo. Segundo ele, os serviços são feitos de forma muito mais ágil, o que reduz o tempo de parada de máquinas e a perda de produtividade.

Ainda utilizado em projeto piloto, a Tetra Pak tem 10 óculos Hololens em uso no setor de prestação de serviços e dois na fábrica. A ideia é expandir a tecnologia internamente e também entre os clientes. "O investimento se paga rapidamente", informa Kubo. Os óculos custam em média de US$ 5 mil a US$ 6 mil.

Carros. Os Hololens também estão presentes na indústria automobilística, embora ainda não tenham chegado ao Brasil neste setor. A Ford usa a tecnologia no desenvolvimento de carros na fábrica americana de Dearborn.

Com eles, é possível mudar instantaneamente o design de itens como grade, espelhos e faróis, que antes dependiam da moldagem em argila em tamanho real para serem observados. Segundo a empresa, um trabalho que poderia demorar semanas, agora é realizado em questão de horas.

De acordo com a Ford, o Hololens escaneia e mapeia um carro real. Com as imagens holográficas em 3D os designers podem, por exemplo, checar a visão que o motorista terá no retrovisor e realizar em poucas horas o estudo de uma grade que levaria semanas no sistema tradicional. Os óculos podem ser sincronizados entre vários membros da equipe em qualquer parte do mundo. A montadora também adotou a tecnologia em sua fábrica na Rússia para serviço de localização de peças no estoque.

No Japão, a Toyota usa os óculos da Microsoft, considerados os mais avançados na tecnologia 3D, para medir a espessura dos revestimentos de pintura e prevenção de ferrugem do veículo. A meta é garantir cores consistentes e evitar corrosão. No modelo tradicional, informa a Toyota, esse processo é feito por duas pessoas e leva um dia inteiro. Com o Hololens, é concluído em quatro horas por um funcionário.

A ThyssenKrupp também usa o dispositivo da Microsoft na Europa e EUA para serviços de manutenção de elevadores e escadas rolantes. Futuramente, a filial brasileira também adotará a tecnologia.

Estadão
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