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iFood cresce 50% em pedidos desde março e chega a 44,6 mi de entregas mensais

Número de restaurantes também cresceu durante a quarentena, com total de 236 mil estabelecimentos; app teve crescimento em regiões periféricas, segundo diretor financeiro, Diego Barreto

9 out 2020 - 10h10
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A startup brasileira de entrega de refeições iFood registrou 44,6 milhões de pedidos em agosto deste ano, um crescimento de cerca de 45% em relação às transações feitas em março, que foram 30,6 milhões. Os dados, revelados com exclusividade ao Estadão, também mostram um aumento no número de restaurantes parceiros durante a quarentena: a base de 160 mil cadastrados na plataforma cresceu para 236 mil em agosto.

Assim como outros serviços tecnológicos, o iFood viu sua solução de entrega ser impulsionada durante o período de isolamento social. "Quando a pandemia veio, para nós era evidente que a demanda iria aumentar. Foi um movimento do comércio eletrônico", afirma Diego Barreto, vice-presidente de estratégias e finanças do iFood.

Segundo a empresa, entre março e agosto, cerca de 100 mil restaurantes ao redor do País foram digitalizados a partir do aplicativo. Para Sérgio Molinari, presidente da consultoria Food Consulting, trata-se de um crescimento significativo. "Com o aumento de base de estabelecimentos, o iFood captura grande parte do que é consumo de delivery no Brasil. A empresa atende hoje cerca de 20% de todos os estabelecimentos que existem no País", diz. "Com isso, além de criar um bloqueio para a concorrência expandir, o iFood também consegue aumentar a oferta para o cliente".

Os dados do iFood referentes aos meses de pandemia também mostram um aumento de 63% no número de restaurantes em regiões periféricas no Brasil presentes no app. A maior parte do crescimento foi em São Paulo e Rio de Janeiro, onde os saltos foram de 72% e 79%, respectivamente. "O iFood nasceu para ser um serviço amplo, e oferecer comida para diferentes classes e com grande oferta de cardápios. Em SP, por exemplo, tivemos um crescimento em bairros como Vila Matilde, Pirituba e Itaquera", diz Barreto.

Na visão de Molinari, alguns fatores ajudam a explicar essa expansão em áreas periféricas, como o crescimento em áreas onde ainda havia espaço para novos consumidores e restaurantes. "Além disso, o setor de alimentação em geral viu nos últimos meses o trabalho remoto impulsionar o consumo em regiões residenciais. Isso porque houve queda nas regiões comerciais, com a ausência da alimentação no dia a dia no trabalho", afirma o consultor.

Estrutura

O iFood afirma que atender à alta demanda não foi um problema para a startup. "Como somos uma empresa nativa digital, quando surgem novos movimentos conseguimos nos adaptar com facilidade, diferente do que acontece com uma companhia física, que exige muito esforço manual", diz Barreto, do iFood. Ele afirma que o maior desafio foram os primeiros 90 dias da pandemia, em que foi necessário compreender as mudanças do ecossistema.

Quanto aos entregadores, que têm se mobilizado nos últimos meses pedindo melhores condições de trabalho à empresa, o iFood afirma que manteve o número de motoboys parceiros em torno de 150 mil durante a pandemia. De acordo com a empresa, o aumento da demanda está gerando mais renda para sua base de entregadores, e não extrapola o tempo máximo do trabalho deles.

Entradas

O iFood também viu durante a pandemia os pedidos de café da manhã aumentarem 145% na plataforma — foram vendidos 14 milhões de pães entre março e agosto. Para especialistas, o movimento é um sinal de amadurecimento do mercado de delivery, que hoje vai além de pedidos de pizzas nas noites de sábado.

Outro movimento no app nos últimos meses foi a entrada de restaurantes de alta gastronomia. "Esses estabelecimentos eram distantes da plataforma, porque acreditavam que o serviço do iFood não estava alinhado com suas propostas. Mas, na pandemia, vimos a entrada desses restaurantes no app", afirma Barreto.

A expectativa do iFood é de que os seus números continuem a crescer mesmo no pós-pandemia: "Não temos nenhum indicador de saída de restaurantes", diz o vice-presidente de estratégias e finanças da startup.

Porém, para Molinari, apesar de tendência ser que o delivery continue ganhando espaço no mercado nos próximos meses, o crescimento não deve seguir o mesmo ritmo. "O consumidor já se familiarizou com o delivery e deve continuar usando. Entretanto, boa parte do que aconteceu em 2020 foi decorrente de uma situação que nunca aconteceu na história, com fechamento de restaurantes, bares e lanchonetes. A continuidade desse mesmo ritmo de crescimento no pós-pandemia é muito pouco provável", explica o consultor.

Estadão
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