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App, maquininha e fé: conheça a startup que quer digitalizar igrejas evangélicas

inChurch permite que instituições tenham seus próprios serviços digitais

6 set 2021 - 17h00
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A digitalização chegou para o setor financeiro, para o varejo, para a saúde e para outros tantos segmentos. Agora, uma startup do Rio de Janeiro quer digitalizar o mercado da fé. A inChurch oferece uma plataforma de serviços que permite às igrejas evangélicas digitalizar os seus serviços - com a tecnologia é possível para qualquer igreja construir seu próprio app onde os fiéis podem assistir a cultos, ler a Bíblia e pagar o dízimo.

Fundada em 2017 por Pedro Franco e Sydney Menezes, a inChurch tenta profissionalizar alguns setores das igrejas evangélicas e trazer inovação para os templos religiosos. Para isso, eles permitem colocar a identidade de uma marca numa 'tela em branco' tecnológica, terceirizando a construção da infraestrutura necessária em apps e sites. É como se a inChurch fosse uma versão gospel da Olist, startup candidata a unicórnio (com avaliação superior a US$ 1 bilhão) que ajuda lojas físicas a terem uma presença online, colocando seus produtos à venda em sites como Mercado Livre, Amazon e Submarino pelo sistema de marketplace.

"Somos a tecnologia por trás do app da marca de cada igreja", explica Menezes. Com isso, a inChurch oferece aplicativos, sites, tótens e maquininhas de pagamento com pacotes que vão de R$ 49 a R$ 20 mil, dependendo do nível de personalização para o público-alvo de igrejas com 250 membros ou mais. Com as limitações impostas pela pandemia para cultos presenciais, muitas igrejas tiveram que correr para se digitalizar. Em 2021, o número de clientes da inChurch aumentou 40%, incluindo denominações fora do Brasil. A startup já atua em 22 países como Alemanha, Austrália e Estados Unidos.

inChurch desenvolveu app em que fiéis podem assistir aos cultos, ler a Bíblia e pagar o dízimo
inChurch desenvolveu app em que fiéis podem assistir aos cultos, ler a Bíblia e pagar o dízimo
Foto: Divulgação/inChurch / Estadão

Isso, claro, impulsionou a receita, que cresceu 251% em 2020 em relação ao ano anterior. Antes disso, a inChurch teve um aporte inicial de R$ 3 milhões. Em 2019, houve um novo investimento de R$ 5 milhões pela Smart Money Ventures.

Apesar de dizer que não gostar da palavra 'mercado' para se referir às igrejas cristãs, Franco admite estar diante de uma boa oportunidade. "É o segundo maior mercado do mundo", afirma. Os especialistas concordam com essa visão. Alan Leite, CEO da aceleradora Startup Farm, acredita que o mercado no qual a inChurch atua é amplo e ainda é pouco explorado. Para ele, é inevitável que a tecnologia entre em instituições religiosas para garantir agilidade, maior profissionalização e transparência.

"Nosso foco é fazer as igrejas usarem 100% a tecnologia a favor de uma melhor comunicação", explica Sydney. A disputa no setor deve se intensificar: igrejas maiores já trabalham em suas próprias ferramentas digitais. A Universal do Reino de Deus, por exemplo, possui um aplicativo próprio que permite que o usuário pague o dízimo e acompanhe cultos. A inChurch consegue espaço com denominações menores, que não conseguem desenvolver divisões de tecnologia.

Outro desafio para a startup apontado por Luiz Gomes, CEO da aceleradora Overdrives, é a tecnologia causar algum tipo de distanciamento do caráter pessoal, fundamental para as religiões. Segundo ele, a tecnologia é uma facilitadora, mas deve-se pensar naqueles que não estão familiarizados com ela. "Se você quer colocar tecnologia nesse ambiente, você tem que pensar que a pessoalidade e a inclusão digital não podem ser deixadas de lado", explica.

Para contornar isso, a empresa inChurch desenvolveu um setor educacional com o objetivo de atualizar os fiéis e mantê-los atentos às mudanças. A UninChurch surge, portanto, pela necessidade de educar os clientes para entender e utilizar melhor os serviços oferecidos. "É uma forma de mostrar ao pastor o que vem pela frente", conta Menezes sobre o curso 'Liderando a igreja do futuro'. Para esse projeto, eles contam com a coordenação de Javier Casademunt, que já atuou em empresas como L'Oreal, Barclays e Mercedes-Benz.

Apesar de ser uma empresa cristã, os fundadores afirmam que a religião não é um pré-requisito para fazer parte do time. Segundo Franco, o propósito que a equipe deve ter é o de ajudar pessoas. "A gente não quer trabalhar só com um software. Quando você consegue unir a sua missão de vida com seu trabalho, o trabalho deixa de ser trabalho." Amém.

Estadão
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