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Apple e Goldman Sachs vão lançar cartão de crédito, diz agência

Dona do iPhone e instituição financeira devem lançar produto até o fim do ano

21 fev 2019 - 18h19
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A Apple e o Goldman Sachs planejam emitir nos próximos meses um cartão de crédito. O cartão ficará disponível para os funcionários testarem nas próximas semanas e será oficialmente lançado ainda neste ano. As empresas pretendem atrair clientes oferecendo novas funcionalidades no aplicativo Wallet, da Apple, que permitirá estabelecer limite de gastos, acompanhar suas finanças e gerenciar as despesas.

No ano passado, o Wall Street Journal já havia antecipado que as duas companhias estavam em conversas para lançar o cartão. É uma grande investida da Apple na vida financeira de milhões de usuários de iPhone e também entra na estratégia do Goldman de chegar a consumidores comuns.

Desafios. Ao se aliar ao Goldman, a Apple arrisca enfurecer bancos cujos cartões são responsáveis pela maior parte das transações no Apple Pay. Executivos chegaram a discutir a possibilidade de fazer com que o novo cartão se tornasse o padrão da carteira digital da Apple, mas os contratos da gigante de tecnologia com outros bancos impediu que isso fosse feito.

Hoje, a Apple abocanha uma fatia pequena quando usuários de iPhone fazem compras no cartão de crédito por meio do Apple Pay. Ela conseguiria um pedaço maior das taxas de seu cartão próprio, segundo fontes. Executivos também esperam que o cartão aumente o uso do Apple Pay, que tem demorado para ganhar popularidade entre os usuários.

O cartão da Apple Pay usará a rede da Mastercard, a segunda maior nos EUA, atrás apenas da Visa. As duas empresas ganharão cerca de 2% de cashback na maior parte das compras e ainda mais em dispositivos Apple e outros serviços.

As empresas chegaram a considerar um plano mais ambicioso que ofereceria gestão financeira além do cartão de crédito, mas os executivos da Apple ficaram preocupados com a possibilidade de que tocar nas contas bancárias dos usuários despertaria preocupações sobre privacidade.

Estratégia. Em 2016, o Goldman lançou um banco online, o Marcus, para compensar a queda na movimentação dos mercados acionários. A expectativa é que a base da Apple de jovens consumidores fiéis à marca, endinheirados e vidrados em tecnologia se transformem e clientes do Marcus.

O Goldman tem assumido uma posição crítica à indústria de cartões de crédito, dizendo que os empréstimos concedidos pelo seu banco Marcus são uma alternativa aos cartões com juros altos.

"Tomar crédito rotativo perpétua e cronicamente é como comer macarrão com queijo e Coca-Cola no almoço todos os dias", disse o diretor do Marcus, Harit Talwar, em 2017. Agora, os executivos precisam traçar uma linha tênue entre estimular empréstimos responsáveis e fazer os usuários gastarem o suficiente no cartão de crédito para gerar lucro.

O Goldman espera que, eventualmente, consiga oferecer aos consumidores da Apple os serviços do Marcus, como empréstimos, serviços de wealth-management e outros produtos. Sem agências físicas, o banco tem gastos altos com mala-direta e remessas para atrair clientes.

O cartão de crédito seria a primeira investida do Goldman neste ramo. O banco está criando call centers de atendimento ao consumidor nos Estados Unidos e elaborando um sistema interno para lidar com os pagamentos. Esse último tem um orçamento de US$ 200 milhões, de acordo com fontes, um grande Investimento numa época em que o banco está tentando cortar gastos.

Bancos como o JPMorgan Chase têm feito investimentos pesados para atrair clientes com milhas de viagem, acesso a lounge nos aeroportos e outras regalias. Nem a Apple, nem o Goldman estão dispostos a entrar nessa corrida. A aposta é que os clientes Apple usem o cartão porque ele terá uma melhor integração com o iPhone.

Estadão
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