Saiba mais sobre Jards Macalé: músico que marcou a MPB morreu aos 82 anos
Jards Anet da Silva nasceu no Rio de Janeiro em 1943. Sua carreira na música teve início na década de 1960. Em 1964, sua primeira composição foi gravada pela cantora Elizeth Cardoso.
O músico, cantor e compositor Jards Macalé faleceu nesta segunda-feira (17) na cidade do Rio de Janeiro. O artista tinha 82 anos de idade e é amplamente reconhecido por sucessos como "Vapor Barato".
O falecimento foi confirmado pela TV Globo, após ser notificado por pessoas próximas e anunciado nas plataformas digitais do próprio artista. Macalé estava internado em uma unidade hospitalar na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio, recebendo tratamento para problemas pulmonares. Nesta segunda, o artista sofreu uma parada cardíaca.
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A equipe de Jards Macalé divulgou uma nota em suas redes sociais. O comunicado informava sobre o ocorrido e citava: "Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando 'Meu Nome é Gal', com toda a energia e bom humor que sempre teve. Cante, cante, cante. É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade. Agradecemos, desde já, o carinho, o amor e a admiração de todos. Em breve informaremos detalhes sobre o funeral."
Jards Anet da Silva nasceu no Rio de Janeiro em 1943. Sua carreira na música teve início na década de 1960. Em 1964, sua primeira composição foi gravada pela cantora Elizeth Cardoso.
O compositor se destacou por uma postura vanguardista e pela decisão de não aderir a modelos comerciais. Sua atuação na Música Popular Brasileira (MPB) foi marcada pela recusa em seguir padrões preestabelecidos.
Em 1969, Macalé apresentou "Gotham City" no IV Festival Internacional da Canção, um momento crucial para sua projeção. Seu primeiro álbum de estúdio, Jards Macalé, foi lançado em 1972. O trabalho consolidou uma estética que mesclava rock, samba, jazz, blues, baião e canção.
O repertório do artista inclui canções como "Hotel das Estrelas", "Anjo Exterminado", "Mal Secreto" e a já mencionada "Vapor Barato". Essas obras foram interpretadas por nomes importantes, como Gal Costa, Maria Bethânia e o grupo O Rappa.
Macalé desenvolveu parcerias com poetas e letristas, incluindo Waly Salomão, Torquato Neto, Vinicius de Moraes e José Carlos Capinan. Sua obra é definida pela experimentação e pela defesa da liberdade criativa. Essa visão o aproximou de artistas como Luiz Melodia.
O artista também desempenhou o papel de diretor musical no álbum Transa, de Caetano Veloso, durante o período em que estiveram em Londres. "Sem Macalé não haveria Transa. Estou chorando porque ele morreu hoje. Foi meu primeiro amigo carioca da música. Antes de Bethânia imaginar que seria chamada para o Opinião, Alvaro Guimarães, diretor teatral baiano, me trouxe ao Rio para montar e mixar o curta para o qual eu tinha feito a trilha. Fui parar na casa de Macalé. E ele tocou violão. Me encantei. Ele tocou com Beta, lançou composições, chamei-o para Londres e: Transa. Na volta, ele e eu seguimos na música. Que a música siga mantendo a essência desse ipanemense amado. Beijo carinhoso para Rejane", postou Caetano.
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Ao longo de seis décadas, o artista manteve uma coerência artística. Sua produção explorou gêneros como bossa nova, rock, blues, samba e choro. Seu estilo era reconhecido pela voz e pelo toque singular no violão, resultado de sua formação erudita.
Além da música, Macalé trabalhou em áreas como cinema, televisão, teatro e artes plásticas. Ele participou do elenco de filmes como O Amuleto de Ogum e Tenda dos Milagres, dirigidos por Nelson Pereira dos Santos. Integrou também as trilhas sonoras de Macunaíma e O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro. Em 2019, o álbum Besta Fera foi um dos últimos lançamentos que atestaram sua continuidade na música.
