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Sabatina evidencia Marina próxima de Haddad, mas ainda indecisa sobre Lula ou Ciro

Ex-ministra, que chegou a ser cogitada como vice ao governo do Estado, é candidata a deputada federal e diz que lideranças da Rede estão 'livres' na disputa para presidente

19 ago 2022 - 14h43
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Candidato ao Palácio dos Bandeirantes, Fernando Haddad (PT) não foi à sabatina promovida pelo Estadão e a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) nesta sexta-feira, 19, acompanhado de sua candidata a vice, Lúcia França (PSB), nem de seu candidato ao Senado, Márcio França (PSB), mas contou com uma importante fiadora de sua campanha na primeira fileira do auditório: a ex-ministra Marina Silva (Rede).

Ao passo que sua presença evidenciou a aliança forte com o petista no Estado, suas declarações após o evento também marcam a indefinição sobre quem receberá o apoio da candidata a deputada federal pela Rede na corrida pela Presidência da República. Ao Estadão, Marina afirmou que as lideranças do partido estão "livres" para escolher entre Ciro Gomes (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo a ex-ministra, a agenda socioambiental teve êxito no primeiro governo Lula, foi "enfraquecida" com Dilma e Temer, e "desapareceu" com Bolsonaro. Estes pontos programáticos, segundo ela, são o que levam ainda à sua indecisão. Marina, que chegou a ser cogitada para ser vice de Haddad, nega problemas pessoais com Lula.

"Tem sido feito um debate inadequado que é de considerar que existe em relação ao ex-presidente Lula uma questão pessoal. Não existe, minha relação com ele não é uma questão pessoal. Nós tivemos divergências políticas. O problema é que quando é mulher as pessoas levam para a subjetividade, é rancor, é mágoa. Existe uma agenda, que é relevante para o País e para a democracia", diz. Marina também desconversou quando questionada se vai, ou não, ir ao palanque de Lula no Vale do Anhangabaú neste sábado, 20.

Haddad foi à sabatina acompanhado também de assessores, como seu ex-secretário municipal de Comunicação, Nunzio Briguglio, a secretária de Relações Internacionais do PT, Monica Valente, e a economista Ligia Toneto - que integra a equipe de plano de governo. O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, também compareceu.

Durante o intervalo, o vereador Eduardo Suplicy (PT) cumprimentou Marina e gritou no auditório da FAAP: "Pessoal, 1818, á nossa candidata a deputada federal Marina Silva, e também o nosso governador Fernando Haddad!" - logo em seguida, foi aplaudido pelos estudantes da plateia.

Assista à sabatina com Fernando Haddad

Bastidores

A sabatina foi precedida da divulgação de uma pesquisa do Datafolha que mostrou a ampliação da vantagem de Haddad sobre seus principais adversários, Rodrigo Garcia (PSDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Haddad lidera com 38%, seguido por Tarcísio (16%) e Rodrigo (11%). Nos bastidores do evento, a equipe de Haddad ainda comemorava o aumento das intenções de votos nas pesquisas e minimizava a rejeição, que se mantém mais alta.

Apesar de o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) ter despontado como segundo colocado, ainda há uma preocupação na equipe de campanha com a possibilidade de Rodrigo Garcia (PSDB) subir nas pesquisas. Outro desafio do candidato é a capilaridade histórica do PSDB no interior de São Paulo. Uma das preocupações, por exemplo, é com a região de Marília. Mesmo sendo do PSB, o deputado estadual Vinícius Camarinha é líder do governo na Assembleia Legislativa.

Coordenadores de campanha acreditam no poder do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para reverter este cenário com as lideranças regionais. Haddad, no entanto, minimiza estes possíveis obstáculos, e diz nos bastidores se garantir na qualidade de candidato com o "melhor programa de governo" para o Estado.

Na condição de primeiro colocado, o staff de Haddad naturalmente acredita que não seja o momento de abrir artilharia contra seus rivais. No entanto, o ex-prefeito deve manter a postura de seu primeiro debate. Afirma que vai continuar a criticar aquilo que considera justo tanto na gestão de João Doria e Rodrigo Garcia quanto a respeito de Jair Bolsonaro. No primeiro debate de candidatos ao governo do Estado, aliados afirmam, sob condição de reserva, que Haddad foi excessivamente reativo a provocações do candidato bolsonarista.

O PT de São Paulo vive há anos uma situação de aperto financeiro. Como mostrou o Estadão, somente com o marqueteiro João Santana o diretório estadual tem uma dívida de R$ 6 milhões em valores atualizados. Aliados de Haddad chegaram a reclamar ao Estadão da falta de dinheiro para a campanha. No entanto, assessores mais próximos ponderam que o ex-prefeito já girou 180 cidades no interior de São Paulo.

A agenda desta semana será mais paulistana, com passagens por Guaianases e Cidade Tiradentes, em um CEU e uma unidade hospitalar. Esta foi a forma de manter as incursões de campanha na capital, onde participou da sabatina do Estadão.

Estadão
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