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Pesquisa virtual sobre 'home office' cresceu mais de 100% na pandemia

Tecnologia surge para facilitar o teletrabalho e manter empresas sem sede física

17 jan 2021 - 05h10
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A evolução da tecnologia e transformações no ambiente de trabalho são conceitos que estão intimamente ligados por toda a história da humanidade, mas, no futuro recente, observamos o nomadismo digital despontar como tendência. Uma consequência da mobilidade tecnológica. Por definição, um nômade digital é um profissional que não está fixo em um único lugar do mundo e que realiza suas funções profissionais de onde estiver, muitas vezes sem ter uma base fixa.

Segundo pesquisa da empresa americana MBO Partners realizada nos Estados Unidos em 2018, 4,8 milhões de trabalhadores se consideravam nômades digitais e, na época, mais de 17 milhões aspiravam ao status. Uma tendência que já prometia trazer grandes mudanças aos escritórios e que se intensificou ainda mais com a pandemia. Segundo relatórios do Google Trends, plataforma que mapeia os termos de pesquisa de usuários da ferramenta, os termos "teletrabalho" e "home office", por exemplo, cresceram mais de 100% nas pesquisas da internet no mês de março de 2020, época que marca o início da quarentena.

No entanto, no ano em que o teletrabalho ganhou mais força do que nunca, o nomadismo e as viagens pelo mundo foram impossibilitadas. Situação que não impediu com que alguns profissionais encontrassem maneiras de mudar o cenário de trabalho com segurança e responsabilidade. Em 2020, o aluguel de casas está entres os maiores investimentos do ano de Paulo Planet - empreendedor do ramo de tecnologia e cofundador da empresa de inteligência de dados Tail Digital - foram 5 no total, duas na praia e outras três no interior de São Paulo, em sítios ou fazendas.

"Tenho uma empresa de tecnologia, perfil startup, com colaboradores jovens e antenados. Esta equipe pode ser dividida entre a turma de Tecnologia e a Turma de Negócios. Tecnologia já trazia um formato de home office pelo menos duas vezes por semana e até mesmo funcionando como premissa que esse tipo de profissional pede para aceitar uma vaga", diz Planet sobre sua relação com o trabalho remoto.

A área comercial de sua empresa, no entanto, não tinha o hábito de praticar home office, o que, inicialmente, foi motivo de preocupação para o empresário, mas após algum tempo os resultados da empresa disseram o contrário: "conseguimos números expressivos de crescimento, de faturamento e produtividade do time", revela Planet.

Já os benefícios não se resumiram à área profissional, mas também englobam o pessoal "tenho noção do privilégio que tive ao poder ir com a minha família para estes lugares. Pude criar rotinas impensáveis para mim, como por exemplo, poder participar ativamente das atividades do dia a dia com as minhas filhas", complementa.

Há mais de 15 anos trabalhando com a expansão de marcas brasileiras para o mercado global, a consultora Simone Jordão estava habituada à vida de nômade digital, com viagens constantes à trabalho. Ela estava acostumada a estar em diferentes lugares do Brasil e do mundo, "a tecnologia para trabalhar remotamente em hotéis sempre foi minha aliada", diz.

Com a pandemia essa rotina mudou, mas o hábito de trabalhar em cenários diferentes se manteve, durante a quarentena, Jordão passou quatro meses tendo sua casa de praia como escritório. "Sempre acreditei que o formato de trabalho remoto fosse possível, no meu escritório não trabalhamos todos os dias juntos. Em 2020 essa percepção de trabalhar de casa mudou".

Na área de trabalho de Simone Jordão, que é curadora de marcas brasileiras para uma das mais importantes feiras de negócios de moda dos Estados Unidos, a Coterie, o digital também se tornou ferramenta principal de trabalho, diante da impossibilidade da realização de eventos físicos, a feira migrou para o formato 100% online, o que trouxe mudanças em seu mercado: "Muitas marcas preferiram parar o processo de expansão internacional durante esta fase. Por outro lado, novas marcas viram o show digital como uma oportunidade de expandir, com baixo investimento e igualdade em exposição, e já estão colhendo frutos deste formato", reflete.

É comum pensarmos que trabalhos corporativos ligados à tecnologia, consultoria e vendas sejam os principais candidatos ao trabalho remoto, no entanto, profissionais ligados às artes e à criatividade também estão no caminho de reinvenção de sua forma de atuação. Este é o caso de Jacques Dequeker, um dos nomes mais importantes da fotografia de moda brasileira.

Estar por trás das lentes para clicar editoriais de moda, gravar filmes e clipes de música em diversas locações pelo mundo, faz parte da rotina de Dequeker, que desde 2016 abraçou a tecnologia com a transmissão ao vivo de ensaios de moda e que atualmente trabalha na edição e pós-produção de materiais de onde estiver, seja no interior com a família ou em outro qualquer lugar do mundo. "O maior desafio é ser multifuncional, ao mesmo tempo esta é a grande oportunidade. Quando saio da minha zona de conforto é quando aprendo a me reinventar", afirma ele sobre a mudança constante de locais de trabalho.

Os avanços tecnológicos no ramo audiovisual permitem inclusive a captação de imagens a distância, "já dirigi um clipe remotamente com o (grupo de música eletrônica) Major Lazer em Los Angeles. É incrível ter essa possibilidade, mas o presencial sempre terá sua magia", explica. Essa mudança no ambiente de trabalho é uma tendência que mostra como a tecnologia pode ser usada como grande vantagem para o desenvolvimento da sociedade e aliada aos novos tempos em que vivemos.

Estadão
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