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ONU alerta para graves efeitos de aquecimento global superior a 1,5°C

8 out 2018 - 07h20
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Segundo o IPCC, seriam necessárias "mudanças sem precedentes" para limitar aumento da temperatura global a 1,5°C, o que teria consequências muito menos catastróficas do que se ater à meta de 2°C do Acordo de Paris.Para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C e, assim, evitar drásticas alterações no clima serão necessárias "mudanças rápidas, vastas e sem precedentes" em nível global, alertou um relatório divulgado nesta segunda-feira (08/10) pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU.

Superar o limite de 1,5°C resultaria num maior aumento do calor extremo, de chuvas torrenciais e da probabilidade de secas, diz IPCC
Superar o limite de 1,5°C resultaria num maior aumento do calor extremo, de chuvas torrenciais e da probabilidade de secas, diz IPCC
Foto: DW / Deutsche Welle

O relatório apresenta uma série de impactos que poderiam ser evitados caso o aumento da temperatura média global seja limitado a 1,5°C, tarefa mais ambiciosa do que respeitar o limite de 2°C imposto pelo Acordo de Paris, firmado em 2015.

"Manter o aquecimento global em um nível inferior a 1,5°C, em vez de 2°C, será muito difícil, mas não é impossível", disse o presidente do IPCC, Hoesung Lee, na apresentação do relatório.

As temperaturas do planeta já estão cerca de 1°C acima dos níveis pré-industriais e, caso o ritmo de aumento continue, a temperatura global deve atingir 1,5°C entre 2030 e 2052, segundo o IPCC.

"Os próximos anos serão provavelmente os mais importantes na história humana", disse Debra Roberts, copresidente do painel, que se reuniu na última semana em Incheon, na Coreia do Sul, para finalizar o documento.

Para que a meta mais ambiciosa de 1,5°C seja atingida, as emissões de gases de efeito estufa provocadas pela humanidade teriam que ser reduzidas, em relação aos níveis de 2010, em cerca de 45% até 2030, chegando a zero por volta de 2050.

Quaisquer emissões que ultrapassem esse patamar teriam que ser compensadas com a remoção de gases de efeito estufa do ar com tecnologias como a captura e o armazenamento de gás carbônico. Contudo, o IPCC afirma que a eficácia de tais técnicas não está provada em grande escala.

Segundo o IPCC, 0,5°C faz toda a diferença. Superar o limite de 1,5°C resultaria num maior aumento do calor extremo, de chuvas torrenciais e da probabilidade de secas, algo que teria efeito direto sobre a produção de alimentos, sobretudo em regiões sensíveis como o Mediterrâneo e a América Latina.

Também afetaria a saúde, o fornecimento de água e o crescimento econômico, com um impacto especialmente negativo para populações mais pobres e vulneráveis do planeta, diz o texto, que conta com 6 mil referências científicas e foi assinado por 91 especialistas de 40 países.

Para evitar superar essa barreira de 1,5°C, o relatório afirma que são necessários um consumo energético mais eficiente, assim como uma agricultura mais sustentável e menos extensiva. O uso de energias renováveis teria que ser responsável pela geração de 70% a 85% da eletricidade até 2050, ante os atuais 25%.

Além disso, seria preciso multiplicar por cinco o investimento atual no setor tecnológico para conseguir fazer com que transportes, edifícios e as indústrias emitam muito menos poluentes.

De acordo com o painel de cientistas, se o limite de 1,5°C for respeitado, o aumento do nível do mar até 2100 seria dez centímetros menor que no caso de um aumento de 2°C. Da mesma forma, a probabilidade de que o Oceano Ártico fique sem nenhum gelo durante o verão seria de apenas uma vez a cada cem anos com um aquecimento de 1,5°C, em vez de uma vez por década com aquecimento de 2°C. Os recifes de coral diminuiriam de 70% a 90% com o limite de 1,5°C respeitado, em vez de desaparecerem quase totalmente (99%) com um aumento de até 2°C.

"Cada pequeno aumento de temperatura importa, principalmente porque o aquecimento de 1,5°C ou mais aumenta os riscos associados com mudanças de longo prazo e irreversíveis, como a perda de alguns ecossistemas", disse Hans-Otto Pörtner, copresidente do grupo de trabalho II do IPCC.

O relatório será usado como base para as discussões da 24ª Conferência do Clima (COP24), a ser realizada em dezembro em Katowice, na Polônia.

No encontro, cujo propósito é discutir formas de implementar o Acordo de Paris, líderes globais estarão sob pressão para elevar a ambição de seus planos nacionais para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa.

O documento apresentado pelo IPCC nesta segunda-feira é o primeiro de uma série a ser divulgada pelo painel de cientistas em seu sexto ciclo de avaliações sobre o clima. No ano que vem, o IPCC divulgará um relatório especial sobre oceanos e a criosfera e outro documento sobre como a mudança climática afeta o uso da terra.

"Fizemos nosso trabalho, passamos a mensagem", disse Jim Skea, professor do Imperial College em Londres e copresidente do IPCC. "Agora é a vez dos governos - é responsabilidade deles tomar medidas a respeito disso."

PJ/efe/afp/rtr

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