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Vítimas de abuso sexual da Igreja Católica no Chile voltam a atacar bispos

2 jan 2019 - 20h25
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Duas vítimas de abuso sexual por parte de um padre da Igreja Católica no Chile voltaram a atacar os bispos chilenos nesta quarta-feira, acusando-os de fracasso em promover reformas ou de não aprender com o problema.

Vítimas de abuso por clérigos Juan Carlos Cruz, James Hamilton e José Andrés Murillo 
 2/5/2018   REUTERS/Stefano Rellandini
Vítimas de abuso por clérigos Juan Carlos Cruz, James Hamilton e José Andrés Murillo 2/5/2018 REUTERS/Stefano Rellandini
Foto: Reuters

Juan Carlos Cruz e José Andrés Murillo, duas das mais conhecidas vítimas de abuso e que deram provas de suplício ao papa Francisco em Roma, disseram que o pontífice também foi lento ao lidar com a crise.

Cruz disse que os líderes da Igreja em seu país, vários dos quais respondem a investigações criminais por seu papel em supostamente acobertar os abusos, falharam em cumprir suas promessas de promover reformas.

"O que temos no Chile é um verdadeiro bando de bispos criminosos", disse ele. "Depois de visitar o papa, depois de tudo que aconteceu, que está acontecendo na justiça civil, eles nada aprenderam".

Membros da Igreja não quiseram comentar.

A Igreja Católica do Chile foi acometida pelo escândalo depois de uma visita do papa em janeiro do ano passado, quando vieram à tona uma série de acusações de abuso que agora são investigadas por promotores criminais.

Após inicialmente desconsiderar algumas acusações, o papa convocou os bispos do Chile até Roma para serem interrogados, depois que uma investigação do Vaticano concluiu que eram culpados por "grave negligência" em investigar os abusos na Igreja.

O papa aceitou a renúncia de sete bispos chilenos, e a conferência episcopal do país prometeu mais rigor em medidas de proteção infantil e trabalhar junto a autoridades civis para levar os abusadores à justiça.

Mas o arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzati, permanece no cargo, apesar de ser acusado de acobertar abusos - acusações que ele, como a maior parte da liderança da Igreja Chilena, nega.

Cruz e Murillo, ambos vítimas do padre Fernando Karadima, hoje excomungado, pediram uma mudança completa nos postos de liderança da Igreja chilena.

Murillo pediu que "mais mulheres e funcionários leigos da igreja" sejam nomeados bispos no Chile.

Cruz disse acreditar que os esforços do papa para revelar os abusos na Igreja estão sendo dificultados por forças poderosas em torno do pontífice.

"Creio que as desculpas do papa para nós foi sincera, então acho que ele está tentando com todo seu coração, mas não com a rapidez que a gravidade dessas questões merecem", disse Cruz.

"É tanto que o papa precisa de ajuda e pessoas que o apoiem. O que tem me tem intrigado é o número de pessoas trabalhando contra ele em seu círculo mais próximo."

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