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Vaticano pede 6 anos de prisão para padre em caso de abuso

15 jul 2021 - 15h48
(atualizado às 16h36)
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O promotor de Justiça do Vaticano, Roberto Zannotti, pediu seis anos de prisão para o padre Gabriele Martinelli, 29 anos, pela acusação de ter violentado um colega no Pré-Seminário São Pio X, e outros quatro anos para o então reitor da instituição Enrico Radice, 71, por acobertamento.

Pedido contra religiosos foi feito durante audiência
Pedido contra religiosos foi feito durante audiência
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

O pedido foi feito nesta quinta-feira (15) durante uma nova audiência sobre o processo envolvendo um suposto caso de abuso sexual no pré-seminário situado dentro dos muros da cidade-Estado e conhecido por fornecer os "coroinhas do Papa".

Zannotti solicitou para Martinelli pelo menos oito anos de detenção, reduzidos a quatro anos, pelo crime de estupro qualificado e outros quatros anos, reduzidos a dois, por atos de luxúria agravados.

O promotor explicou que, de acordo com a lei do Vaticano, quem não tiver completado 16 anos quando cometeu o crime não pode ser punido, por isso o período de sanção para o Martinelli precisa ser a partir desta idade: entre 9 de agosto de 2008 e julho de 2012.

Além disso, Zannotti pediu quatro anos de prisão para Radice por acobertamento e afirmou que seu comportamento é "ainda mais grave" do que o abuso sexual, "tanto pela acusação quanto pela obsessão em esconder fatos que são evidentes para todos".

O promotor do Vaticano ressaltou que todas as atividades do então reitor foram iniciadas em 2009 e tinham como objetivo encobrir Martinelli.

De acordo com a denúncia, Martinelli, que era coordenador e tutor dos seminaristas, "abusou de sua autoridade" para forçar a vítima, um ano mais jovem que ele, a praticar "atos carnais, de sodomia e relações orais em diversos lugares".

Os crimes teriam ocorrido entre 2007 e 2012, ou seja, quando o réu tinha entre 15 e 20 anos de idade. Ainda segundo a acusação, Martinelli era um dos alunos mais velhos do pré-seminário e usava "violências e ameaças" contra seu colega, que foi identificado apenas como "L.G.".

Radice, por sua vez, é acusado de ter protegido Martinelli e de ter tentado ajudá-lo a escapar das investigações. Ele chegou a enviar uma carta ao bispo de Como, seu superior, afirmando que as denúncias contra o seminarista não eram verdadeiras.

Durante a audiência, a advogada de Radice, Agnese Camilli Carissimi, pediu a absolvição de seu cliente alegando que o fato "não existe". Já a representante jurídica de Martinelli intervirá na próxima sessão, marcada para esta sexta-feira (16).

Hoje, Andrea Stabellini, ex-vigário judicial da Diocese de Como, e Domenico Parrella, ex-aluno do pré-seminário, testemunharam no julgamento.

Stabellini disse que teve conhecimento dos relatórios de incidentes em 2013 nos quais haviam o suposto abuso sexual cometido por Martinelli e alegações de que Radice "não queria fazer nada".

Já Parrella explicou que o clima no pré-seminário era "normal" e Radice era "muito atencioso com os meninos".

O Pré-Seminário São Pio X está localizado a poucos passos da Casa Santa Marta, residência oficial do papa Francisco, e costuma fornecer seminaristas para ajudar o Pontífice nas celebrações litúrgicas na Basílica de São Pedro.

Ansa - Brasil   
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