Uma a cada 6 crianças espanholas sofre depressão durante a pandemia, diz pesquisa
Cerca de uma a cada seis crianças espanholas se sentiu deprimida com frequência durante a pandemia, e aquelas de origem mais pobre sofrem mais, disse uma instituição de caridade nesta quinta-feira.
A Espanha adotou um dos isolamentos mais rigorosos do mundo, que incluiu manter as crianças a portas fechadas durante semanas para conter o surto que já matou quase 28 mil pessoas.
A Save the Children disse que sua pesquisa de abril mostrou que, embora o isolamento tenha permitido que as famílias desfrutassem de mais tempo juntas, mesmo assim 17% das crianças se sentiram deprimidas frequente ou diariamente e que as novas adversidades econômicas estão ampliando as desigualdades.
Nas famílias mais necessitadas, 32,3% das crianças tiveram dificuldade para dormir, e 30,1% sentiram medo da doença Covid-19 --quase um terço a mais do que em lares menos vulneráveis. Aquelas de origem mais humilde também choravam mais, de acordo com a pesquisa de mais de 1.800 entrevistas com crianças e familiares.
A Save the Children disse que uma de cada quatro famílias vulneráveis sofreu com a perda de empregos ou a diminuição de rendimentos, aumentando a tensão e a incerteza das crianças. Em alguns casos, famílias tiveram que dividir acomodações com estranhos para diminuir o valor do aluguel.
"Ficar isolado em apartamentos minúsculos com pessoas que não são parte de sua família na verdade é um risco, porque estas famílias estão enfrentando dois tipos de estresse. Elas perderam o emprego por não poderem trabalhar e estão isoladas em lugares minúsculos", disse Andres Conde, chefe da Save the Children da Espanha, à Reuters.
A instituição fez um apelo às autoridades para ampararem as famílias pobres suprindo suas necessidades básicas.
O governo espanhol vem repetindo que não negligenciará ninguém e que está planejando pagar uma renda mensal básica a cerca de um milhão das famílias mais pobres.