Trump surpreende ao elogiar Lula, exalta EUA e faz duras críticas à ONU
Presidente dos Estados Unidos arrancou risos e aplausos de representantes de outros países durante a Assembleia Geral da ONU
Donald Trump ironizou a ONU, exaltou realizações econômicas e migratórias dos EUA, criticou políticas de imigração de outros países e ignorou o Brasil em discurso na Assembleia Geral da ONU.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nesta terça-feira, 23. Em longo discuro, Donald Trump ironizou a "promoção de paz" da ONU. Ele também mencionou a relação com o Brasil e surpreendeu ao elogiar Lula. Ele ainda exaltou a economia e deportações nos EUA. O republicano fez sua fala logo após o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Trump chegou ao prédio da ONU enquanto Lula ainda fazia seu discurso. Trump, portanto, não acompanhou o início da fala de Lula, quando o brasileiro disparou contra as retaliações aplicadas pelos EUA pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo informações da Casa Branca, Trump estava na Trump Tower, prédio que fica perto da sede das Nações Unidas.
Trump começou fazendo críticas em tom de piada e arrancando risos do público sobre a falta de um teleprompter para fazer seu discurso. O aparelho normalmente é usado em programas de televisão, e serve para exibir um texto ou roteiro numa tela transparente, permitindo que o conteúdo seja lido sem que a pessoa precise desviar o olhar da câmera, mantendo contato visual com o público.
"Eu não me importo em fazer esse discurso sem um teleprompter, porque o teleprompter não está funcionando. Eu me sinto muito feliz de estar aqui com vocês, de todo modo. E eu digo isso do fundo do coração. Eu só posso dizer que quem quer que esteja operando esse teleponto terá um grande problema", afirmou Trump, arrancando risos.
O presidente elogiou o crescimento na economia dos Estados Unidos e a reversão da inflação, herdada da gestão anterior, do ex-presidente Joe Biden. “De fato, esta é a era dourada da América. Estamos revertendo rapidamente a calamidade econômica herdada da administração anterior, incluindo aumentos arruinadores de preços e uma inflação recorde, uma inflação como nunca tivemos antes”, disse.
“Sob minha liderança, os custos de energia caíram, os preços da gasolina caíram, os preços de supermercado caíram, as taxas de hipoteca caíram, e a inflação foi derrotada. A única coisa que subiu foi o mercado de ações — que bateu recorde atrás de recorde, 48 vezes em um curto período”, continuou, falando ainda sobre a alta do mercado de ações.
Trump continuou falando sobre as negociações com o grupo extremista Hamas, e pediu a liberação dos reféns em Gaza. "Queremos os 20 reféns de volta. Não queremos dois de volta, queremos os 20", pediu.
Elogios a Lula
Donald Trump afirmou que o Brasil enfrenta as grandes tarifas impostas pelo seu governo sobre exportações, um problema sem precedentes, em resposta por "interferir nos direitos e liberdades de nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, judicialização, corrupção e perseguição a críticos políticos nos Estados Unidos".
"Tenho um pequeno problema em dizer isso, porque preciso contar: eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Nós nos vimos, eu vi ele e ele me viu, e nós nos abraçamos. E então pensei: ‘Você acredita que vou dizer isso em apenas dois minutos?’ Mas, na verdade, concordamos — não tivemos muito tempo para conversar, talvez uns 20 segundos — em retrospectiva, estou feliz que tenha esperado, porque a coisa não saiu muito bem, mas conversamos, foi uma boa conversa, e concordamos em nos encontrar na próxima semana, se for de interesse", falou Trump, confirmando que haverá uma reunião com o presidente Lula.
"Mas ele é um homem muito bom, na verdade. Gostou de mim, e eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem gosto. Quando não gosto, não gosto. Mas, pelo menos por uns 39 segundos, tivemos uma excelente química. É um bom sinal", elogiou.
No entanto, Trump acredita que o Brasil "vai mal" por não cooperar com os EUA. "Como presidente, sempre defenderei nossa soberania nacional e os direitos dos cidadãos americanos. Portanto, lamento dizer que o Brasil está indo mal e continuará indo mal. Só podem se sair bem quando trabalham conosco; sem nós, fracassarão — assim como outros fracassaram".
Críticas à ONU
Donald Trump ironizou o trabalho da Organização das Nações Unidas em pacificar países em conflito, dizendo que sua gestão fez mais do que a instituição. “Em apenas sete meses encerrei sete guerras que diziam ser impossíveis de acabar. Eles diziam: ‘Isso nunca vai terminar’. Algumas duravam 31 anos, uma durava 36 anos, outra 28. Eu as encerrei. Nenhum presidente, nenhum primeiro-ministro, nenhum país jamais fez nada parecido”.
“E é uma pena que eu tenha tido que fazer isso, em vez das Nações Unidas. Porque a ONU, em nenhum desses casos, sequer tentou ajudar. Tudo o que recebi da ONU foi uma escada rolante quebrada e um teleprompter quebrado”, falou. Ele ainda disse que deveria receber o prêmio Nobel por sua atuação, mas que se contentaria em ver as famílias reunidas novamente.
"A ONU tem um potencial tremendo — eu sempre disse isso. Mas não está nem perto de cumprir esse potencial. Tudo o que fazem é escrever uma carta cheia de palavras fortes, que nunca leva a nada. Palavras vazias não resolvem guerras. Só a ação resolve guerras."
Políticas migratórias
Ele ainda falou sobre suas políticas de imigração, dizendo que zerou a imigração ilegal e a entrada de criminosos no país. A gestão de Trump ficou conhecida pelas deportações de imigrantes em massa, especialmente da América Latina. Bloqueios também foram realizados nas fronteiras, incluindo aeroportos, para barrar a chegada de pessoas de alguns países.
O presidente dos EUA criticou a atuação de outros países, especialmente europeus, que recebem milhares de imigrantes. Ele disse que os países tentam ser "politicamente corretos" e "não fazem nada" sobre a questão da imigração. Trump ainda criticou pessoalmente o prefeito de Londres, Sadiq Khan, pelas políticas migratórias. O exemplo foi dado para mostrar que, nos Estados Unidos, devido às deportações, estrangeiros deixaram de ir para o país, o que Trump avalia como saldo positivo.
“Na nossa fronteira sul, repelimos com sucesso uma colossal invasão e, pelos últimos quatro meses — quatro meses seguidos — o número de estrangeiros ilegais admitidos e entrando no país foi zero. Difícil acreditar, porque há apenas um ano eram milhões e milhões de pessoas entrando de todos os lugares, de prisões, de instituições psiquiátricas, traficantes de drogas de todo o mundo. Vieram aos milhões por causa da ridícula política de fronteira aberta de Biden”, disse em crítica ao ex-presidente dos EUA.
Trump ainda disse que os EUA pertencem “ao povo americano”, e encorajou outras nações a “se levantarem em defesa de seus próprios cidadãos”, e que impeçam que “suas sociedades sejam sobrecarregadas por pessoas que nunca viram antes, com costumes e religiões diferentes”.
“Na América, tomamos ações ousadas para fechar a migração descontrolada. Quando começamos a deter e deportar todos os que cruzavam a fronteira ilegalmente, eles simplesmente pararam de vir. E isso salvou muitas vidas — porque, durante essas jornadas, milhares morriam toda semana, mulheres eram violentadas, pessoas massacradas. Meus números nas pesquisas são os maiores que já tive — em parte por causa do que fizemos na fronteira e em parte pelo que fizemos na economia”, disse.
Negacionismo climático
Em tom negacionista, Trump falou sobre a mudança climática e negou a existência do aquecimento global, dizendo que os Estados Unidos estão prontos para fornecer suprimentos a outros países para a produção de energia em termelétricas, com o uso de carvão.
"Estamos orgulhosamente exportando energia para todo o mundo. Agora somos o maior exportador nos Estados Unidos. Queremos comércio e um comércio robusto com todas as nações, todos. Queremos ajudar as nações, vamos ajudar as nações, mas também deve ser justo e recíproco", disse.
Ele ainda associou a imigração com os custos de energia aos países. "Quero apenas repetir: imigração e o alto custo da chamada energia verde renovável estão destruindo grande parte do mundo livre e uma grande parte de nosso planeta. Países que prezam a liberdade estão desaparecendo rapidamente por causa de suas políticas nesses dois assuntos. Você precisa de fronteiras fortes e de fontes tradicionais de energia se quiser ser grande novamente".