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Selfies viram arma de jovens contra Salvini

Críticos se aproveitam da informalidade do ministro do Interior

9 mai 2019 - 19h36
(atualizado às 19h56)
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Um dos motivos do sucesso de Matteo Salvini é sua informalidade. Usuário assíduo das redes sociais, o poderoso ministro do Interior e vice-premier da Itália é também um adepto das selfies e dá amplo espaço em seus perfis para fotos com pratos de comida e apoiadores.

Jovens se beijam durante selfie com Salvini em Caltanissetta, na Sicília
Jovens se beijam durante selfie com Salvini em Caltanissetta, na Sicília
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Os comícios de Salvini, que está em permanente campanha eleitoral, costumam ser encerrados com longas filas para fotografias. Na última segunda-feira (6), em Salerno, fãs aguardaram durante mais de uma hora para uma selfie com o ministro, que, habituado a esse esquema, já se comporta como um mestre de cerimônias, organizando as filas e pedindo para os eleitores chegarem com os smartphones preparados.

Mas um dos hábitos que revestiram Salvini com uma aura de espontaneidade e simplicidade começou a se tornar um problema. Nas últimas semanas, críticos do ministro perceberam que as selfies podem ser uma oportunidade rara para questioná-lo.

Um dos casos mais célebres ocorreu no fim de abril, quando duas garotas pediram uma foto com o secretário da Liga durante um comício na Sicília. Na hora de fazer a selfie, no entanto, as duas se beijaram na frente de Salvini, que é contra políticas voltadas ao público LGBT, como o casamento e a adoção.

"Não foi premeditado, estávamos participando de um protesto durante o comício e tivemos essa ideia", disse uma delas, Gaia Parisi, de 19 anos, ao Corriere della Sera. O próprio Salvini se pronunciou sobre o caso e tentou minimizá-lo: "Eu gostei, desejei boa sorte e filhos homens", disse, já no palco de outro comício.

"Para mim, se uma garota quer fazer amor com outra, não me interessa minimamente, basta que não se apague as palavras 'mamãe' e 'papai'", acrescentou. O episódio se repetiu nesta quinta-feira (9), de uma forma mais elaborada, durante um evento eleitoral em Fano, na região de Marcas.

Ao fim do comício, Salvini posou para uma foto com um grupo de jovens no palco, mas duas garotas começaram a se beijar na boca, enquanto um rapaz tentou, sem sucesso, dar um beijo no ministro. "Não queremos viver em um país homofóbico", disse um dos integrantes do grupo.

Em outro caso, uma jovem se aproximou de Salvini para fazer uma selfie em Salerno, na Campânia, mas acabou gravando um vídeo questionando se o secretário da Liga ainda achava que os moradores da região eram "sulistas de merda". Após a provocação, é possível ouvir o ministro pedindo para a garota apagar o vídeo.

"Por qual motivo Salvini ordena apagar um vídeo e as forças de ordem tiram o celular de uma garota? Fiz um questionamento ao ministro do Interior, que deverá me responder no Senado, não com uma selfie", disse o ex-primeiro-ministro e hoje senador Matteo Renzi.

Em seu perfil no Twitter, Salvini ironizou os que atacam seu estilo. "Criticam-me porque paro para saudar, apertar mãos e fazer uma foto com as pessoas que vieram me ouvir? Ótimo, continuarei parando e com ainda mais gosto", escreveu.

Ansa - Brasil   
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