Protestos deixam turistas presos em Machu Picchu, e governo do Peru inicia resgates
Ao menos 1,6 mil visitantes já foram retirados da região, mas cerca de 900 ainda aguardam ajuda. Há brasileiros entre os afetados
Protestos em Machu Picchu deixaram cerca de 900 turistas, incluindo brasileiros, retidos na região, enquanto o governo peruano realiza resgates e tenta negociar uma solução para o conflito.
O governo do Peru iniciou nesta semana a retirada de turistas que ficaram retidos em Machu Picchu, no sudeste do país, em meio a protestos que interromperam o acesso ao sítio arqueológico. De acordo com o Ministério do Comércio Exterior e Turismo, mais de 1,6 mil pessoas foram resgatadas na terça-feira, 16, mas cerca de 900 ainda aguardam ajuda para deixar a região.
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Entre os turistas presos na cidade inca há brasileiros, além de franceses, japoneses, americanos, poloneses, chilenos, alemães, mexicanos e portugueses. Alguns precisaram caminhar por até três horas antes de conseguir transporte até Cusco, cidade localizada a 110 km do local.
Em nota ao Terra, o Itamaraty informou que acompanha a situação e presta orientação aos brasileiros que solicitaram assistência ao setor consular da Embaixada.
Segundo informações da agência Reuters, as manifestações começaram na semana passada, após o fim da concessão de 30 anos da empresa Consettur, responsável pelo transporte de turistas em ônibus entre Águas Calientes e a entrada da cidadela inca. Moradores locais apontam falta de transparência no processo de substituição da operadora e querem que empresas diferentes assumam o serviço.
O impasse resultou em bloqueios na região e confrontos com autoridades. Na segunda-feira, 15, a operadora PeruRail suspendeu o serviço de trem que liga Cusco a Machu Picchu, alegando que a rota havia sido bloqueada por "rochas de vários tamanhos". A empresa também afirmou que parte da via férrea chegou a ser escavada por terceiros, comprometendo a estabilidade dos trilhos.
Turistas retidos e conflito
As autoridades peruanas estimam que cerca de 2,3 mil turistas ficaram presos no local. Parte conseguiu sair com apoio da polícia, mas um novo bloqueio impediu a liberação total. A ministra do Turismo, Desilú León, confirmou que há ainda quase mil pessoas em Águas Calientes, a cidade mais próxima da atração.
Patrimônio da Humanidade desde 1983 e considerada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo, Machu Picchu recebe em média 4,5 mil visitantes por dia.
De acordo com o jornal La República, ao menos 14 policiais ficaram feridos em confrontos com moradores. A Frente de Defesa dos Interesses de Machu Picchu lidera os protestos.
Entidades internacionais, como o grupo New7Wonders, que elegeu Machu Picchu como uma das novas maravilhas em 2007, alertaram que a continuidade do conflito pode afetar a imagem do local como um destino turístico.
Nesta quarta-feira, 17, a ministra Desilú León deve se reunir com sindicatos e autoridades locais para tentar negociar uma saída para o impasse.