Presidente do Egito recebe Haftar para debater crise na Líbia
Conflito no país já deixou mais de 100 mortos e 500 feridos
O presidente do Egito, Abdel Fatah Al Sisi, se reuniu neste domingo (14), no Cairo, com o general líbio Khalifa Haftar para discutir a crise na Líbia, onde os militares lançaram uma ofensiva para tomar o controle da capital, Trípoli, sede do Governo de Unidade Nacional (GNA).
A informação foi revelada pela agência estatal Mena, citando uma o porta-voz do presidente, Bassam Radi. Segundo a imprensa local, durante o encontro, Sisi confirmou seu apoio aos esforços de Haftar "para combater o terrorismo e as milícias extremistas" na tentativa de "alcançar a segurança e estabilidade na Líbia e para iniciar uma reconstrução no país".
Desde 4 de abril, as forças do GNA, reconhecido pela comunidade internacional, e as tropas de Hafter estão protagonizando uma série de confrontos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que pelo menos 121 pessoas morreram e 561 ficaram feridas durante os conflitos. Já o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (Ocha) da ONU revelou que o número de desabrigados aumentou para 16 mil. Além disso, mais de duas mil pessoas tiveram que deixar suas casas nas últimas 24 horas e oito ambulâncias foram danificadas.
Hoje (14), Forças do governo derrubaram um caça de Haftar na área de Wadi Rabie, a sudoeste de Tripoli, anunciou o general Mohammed al Manfur, comandante da Força Aérea da capital. Entenda o caso A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias.
De um lado, está o governo de união nacional guiado por Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata, pela ONU e pela Itália; do outro, o Parlamento de Tobruk, no leste do país e fiel a Haftar, que tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos e lidera o Exército Nacional Líbio (ELN), principal força armada da nação africana.
O general, que busca derrotar o Islã político, e o Parlamento de Tobruk não reconhecem a legitimidade do governo Sarraj - instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015 - e controlam a maior parte do país, principalmente o leste e o desértico sul.
Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas, viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania americana.
Haftar se inspira no presidente do Egito, Abdel Fattah al Sisi, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar o islamista Mohamed Morsi e o governo da Irmandade Muçulmana, colocada na ilegalidade. Existe ainda o temor de que a escalada dos conflitos abra espaço para o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) voltar a controlar territórios no país.