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Presidente chileno causa irritação após afirmação sobre fake news

27 dez 2019 - 19h11
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O presidente chileno, Sebastián Piñera, cujo governo foi atingido por protestos devido à desigualdade no país, provocou uma nova onda de irritação, depois de afirmar que "muitos" vídeos nas redes sociais sobre abuso policial eram "fake news" e que a agitação estava sendo fomentada por governos estrangeiros.

Policial da tropa de choque e manifestante entram em confronto em Santiago
09/12/2019
REUTERS/Andres Martinez Casares
Policial da tropa de choque e manifestante entram em confronto em Santiago 09/12/2019 REUTERS/Andres Martinez Casares
Foto: Reuters

Piñera disse à CNN Chile em entrevista que houve uma campanha de desinformação "gigantesca" com vídeos circulando no Facebook, Instagram e Twitter "filmados fora do Chile ou deturpados".

"Sem dúvida houve alguma participação de governos e instituições estrangeiras", afirmou.

Os comentários de Piñera foram exibidos pela primeira vez pela CNN em 15 de dezembro, mas só ganharam notoriedade na quinta-feira, quando se tornaram objeto de intenso debate.

Piñera foi responsabilizado pela oposição política, organizações de direitos humanos e grupos ativistas por não ter agido mais rapidamente acerca de reivindicações generalizadas de violações de direitos pelas forças de segurança que policiam os protestos desde que começaram, em 18 de outubro. Com mais de 26 pessoas mortas durante os distúrbios e milhares de feridos e presos, os índices de aprovação de Piñera caíram para 10%.

As alegações de interferência estrangeira não são novas: o Departamento de Estado dos EUA disse ter visto indícios de "influência" russa nos protestos, "distorcendo através do uso e abuso das mídias sociais".

No entanto, as afirmações de Piñera causaram furor entre seus oponentes políticos e mesmo membros de sua própria coalizão governamental, o Chile Vamos.

Manuel José Ossandon, senador pelo Partido Nacional de Renovação Nacional, de centro-direita, disse ao jornal La Tercera: "Basta. O Chile está vivendo um momento decisivo. Essas declarações não ajudam, elas dividem."

Sérgio Micco, chefe do Instituto de Direitos Humanos do Chile, que analisou o conteúdo online como parte de uma investigação sobre a condução policial dos protestos, afirmou a uma rádio local que, embora o grupo tenha visto material enganoso, a "imensa maioria" era autêntica.

E o procurador-geral do Chile, Jorge Abbott, disse: "No momento, as imagens que analisamos não se enquadram nessa categoria (de procedentes do exterior)."

Na noite de quinta-feira, o presidente escreveu no Twitter que não havia se expressado "com clareza suficiente" e disse que os abusos dos direitos humanos "devem ser sempre condenados".

((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC

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