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Por que, em Brunei, a celebração pública do Natal é proibida, sob pena de até cinco anos de prisão?

Descubra por que Brunei proibiu a celebração pública do Natal em 2015, impondo até cinco anos de prisão por ofensa à lei islâmica

24 dez 2025 - 07h03
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Em Brunei, um pequeno sultanato no Sudeste Asiático, a celebração pública do Natal passou a ser restrita a partir de 2015, com risco de até cinco anos de prisão para quem descumprir as normas. A medida causou atenção internacional e costuma levantar dúvidas sobre as razões apresentadas pelo governo local para limitar uma data amplamente comemorada em vários países. O ponto central está ligado à forma como o Estado interpreta a religião e a proteção da identidade islâmica no país.

Desde 2014, Brunei vem implementando de forma gradual a sharia, o sistema de leis inspirado na interpretação local do islamismo. Em 2015, o governo publicou regras específicas sobre o Natal, afirmando que certas práticas, quando realizadas abertamente, poderiam "influenciar" muçulmanos, que formam a maior parte da população. Segundo as autoridades religiosas do país, a intenção declarada não é impedir a fé cristã em ambiente privado, mas controlar sua visibilidade no espaço público.

Por que o Natal público é visto como um problema em Brunei?

A justificativa oficial para a proibição de celebrações públicas do Natal em Brunei está ligada à preservação da fé islâmica, considerada pilar central do Estado. O governo e os órgãos religiosos argumentam que símbolos natalinos expostos amplamente, como árvores decoradas, gorros de Papai Noel e cânticos em locais abertos, poderiam ser interpretados como estímulo à imitação por parte de muçulmanos. Dessa forma, a proibição busca evitar, segundo essa lógica, uma mistura religiosa vista como inadequada.

A palavra-chave central nesse debate é proibição da celebração pública do Natal em Brunei. As autoridades sustentam que manifestações religiosas de outras crenças podem acontecer em espaços privados ou comunitários fechados, desde que não envolvam muçulmanos e não sejam realizadas de forma ostensiva. A preocupação declarada recai sobre qualquer prática que possa ser entendida como "divulgação" ou "propaganda" de outra religião a quem segue o islamismo.

Símbolos como árvores e decorações são vetados em shoppings e ruas, com penas que podem chegar a cinco anos de prisão – depositphotos.com / SergKovbasyuk
Símbolos como árvores e decorações são vetados em shoppings e ruas, com penas que podem chegar a cinco anos de prisão – depositphotos.com / SergKovbasyuk
Foto: Giro 10

Como funcionam as regras sobre o Natal em Brunei desde 2015?

A partir da notificação oficial feita pelo Ministério dos Assuntos Religiosos em 2015, a celebração pública do Natal passou a ser tratada como uma infração séria quando envolve muçulmanos ou espaços abertos ao grande público. As diretrizes foram divulgadas em comunicados e sermões de sexta-feira nas mesquitas, reforçando as seguintes orientações:

  • Muçulmanos não devem participar de eventos de Natal, mesmo como gesto cultural ou social.
  • Decorações natalinas visíveis em locais públicos, como shoppings, fachadas de lojas e ruas, são desencorajadas e podem ser alvo de fiscalização.
  • Empresas e funcionários muçulmanos são orientados a não usar adereços como gorros de Papai Noel ou acessórios com temática natalina.
  • Eventos privados de cristãos são tolerados, desde que realizados em espaços fechados e sem promoção aberta.

A ameaça de pena de até cinco anos de prisão e multa significativa é prevista na legislação que regula atos considerados contrários às orientações religiosas oficiais. Na prática, a regra funciona como um forte elemento dissuasório para qualquer tipo de celebração de Natal que possa ser percebida como pública, ampla ou dirigida a muçulmanos.

Quais são as bases religiosas e políticas dessa decisão?

A proibição da celebração pública do Natal em Brunei se conecta diretamente à política de Estado que enfatiza o lema "Melayu Islam Beraja" (Malaio, Islã, Monarquia). Esse conceito combina identidade étnica malaia, religião islâmica de linha sunita e lealdade à monarquia absoluta. Dentro desse modelo, o islã não é apenas uma crença privada, mas a base da legislação, da educação e da vida social.

Para as autoridades religiosas de Brunei, a exibição pública de festividades como o Natal poderia ser vista como forma de tashabbuh, termo usado em contextos islâmicos para se referir à imitação de práticas de outras religiões. A partir dessa interpretação, o Estado entende que tem a responsabilidade de restringir manifestações religiosas distintas no espaço público, especialmente quando há risco de participação de muçulmanos, ainda que de maneira informal ou cultural.

  • Proteção da fé islâmica: prioridade nas políticas públicas e nas leis penais.
  • Controle do espaço público: símbolos religiosos não islâmicos tendem a ser limitados.
  • Fiscalização religiosa: sermões, campanhas oficiais e monitoramento de práticas festivas.
Embora as festas abertas sejam proibidas, a minoria cristã de Brunei pode celebrar o Natal em ambientes fechados – depositphotos.com / ArturVerkhovetskiy
Embora as festas abertas sejam proibidas, a minoria cristã de Brunei pode celebrar o Natal em ambientes fechados – depositphotos.com / ArturVerkhovetskiy
Foto: Giro 10

A proibição atinge todas as pessoas em Brunei da mesma forma?

A regra afeta a sociedade como um todo, mas o foco recai principalmente sobre a população muçulmana e sobre atividades em locais de grande circulação. Comunidades cristãs, compostas sobretudo por estrangeiros e minorias locais, podem realizar missas e encontros em igrejas e espaços privados, desde que sigam as restrições estabelecidas.

Algumas orientações costumam ser mencionadas por analistas ao descrever o cenário:

  1. Cristãos podem celebrar o Natal de forma reservada, em igrejas ou residências.
  2. Eventos religiosos abertos, com divulgação ampla, tendem a ser vistos como inadequados.
  3. Muçulmanos são desencorajados a participar de qualquer atividade natalina, mesmo em ambiente privado.
  4. Empresas de propriedade de estrangeiros ajustam suas decorações para evitar conflito com a legislação local.

Assim, o motivo principal para a proibição da celebração pública do Natal em Brunei, desde 2015, está na combinação entre a aplicação de uma interpretação rigorosa da sharia e a política de defesa da identidade islâmica como fundamento do Estado. Dentro desse contexto, o Natal é tratado menos como um evento cultural global e mais como uma festividade religiosa cuja exposição pública, segundo a visão oficial, poderia comprometer a uniformidade religiosa que o país busca preservar.

Giro 10
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