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Mundo

Pela 1ª vez, rei da Bélgica lamenta violência colonial no Congo

É a primeira vez que um monarca expressa pesar pelo fato

30 jun 2020 - 09h38
(atualizado às 10h05)
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Pela primeira vez na história, um rei da Bélgica lamentou publicamente a violenta colonização da atual República Democrática do Congo.

Busto do rei Leopoldo II pintado de tinta vermelha em Tervuren, na Bélgica
Busto do rei Leopoldo II pintado de tinta vermelha em Tervuren, na Bélgica
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Em uma carta enviada nesta terça-feira (30) ao presidente do país africano, Félix Tshisekedi, por ocasião dos 60 anos de sua independência, o rei Philippe expressou seu "profundo pesar" pelas "feridas do passado, cuja dor é despertada hoje pela discriminação ainda presente em nossas sociedades".

Após o assassinato do ex-segurança negro George Floyd por um policial branco nos Estados Unidos, os belgas voltaram a discutir o passado colonial de seu país, especialmente durante o reinado de Leopoldo II (1865-1909), patrocinador de atrocidades na atual RDC, que era sua propriedade particular.

Fontes históricas dizem que milhões de pessoas foram assassinadas ou mutiladas nos cultivos de borracha de Leopoldo II, onde nativos eram forçados a trabalhar para enriquecer o monarca.

A República Democrática do Congo é hoje um dos maiores e mais instáveis países da África, com um histórico de violência étnica, regimes autoritários e perseguições a opositores.

Sem mencionar Leopoldo II pelo nome, Philippe reconhece que "foram cometidos atos de violência e crueldade que pesam sobre nossa memória coletiva" durante o domínio do antigo rei no Congo. "O período colonial que se seguiu [1908-1960] também causou sofrimento e humilhação", disse o soberano da Bélgica.

Ainda assim, Philippe evitou pedir desculpas pela violência colonial na República Democrática do Congo. Nas últimas semanas, diversas estátuas de Leopoldo II na Bélgica foram pichadas ou derrubadas por manifestantes antirracismo.

"Chegou a hora de a Bélgica embarcar em uma jornada da verdade", admitiu nesta terça a primeira-ministra Sophie Wilmès, durante uma cerimônia em Bruxelas pelo aniversário de independência da RDC.

Ansa - Brasil   
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