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Partidos italianos criticam prisão de Puigdemont na Sardenha

Ação contra líder catalão foi questionada da esquerda à direita

24 set 2021 - 08h08
(atualizado às 10h20)
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Partidos italianos da esquerda à direita criticaram nesta sexta-feira (24) a prisão do ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont, alvo de um mandado de captura internacional emitido pelo Tribunal Supremo da Espanha.

Protesto em Barcelona contra prisão de Carles Puigdemont na Sardenha
Protesto em Barcelona contra prisão de Carles Puigdemont na Sardenha
Foto: EPA / Ansa - Brasil

O europarlamentar separatista foi detido na noite da última quinta (23), no aeroporto de Alghero, na Sardenha, onde ele participaria de um evento de cultura popular da Catalunha.

Apelidada de "Barcelona sarda", Alghero tem pouco mais de 40 mil habitantes, dos quais cerca de 25% falam um dialeto da língua catalã.

Por meio de uma nota, senadores do Partido Democrático (PD), principal legenda de centro-esquerda na Itália, afirmaram que a prisão de Puigdemont "infringe o princípio da livre circulação dos representantes dos cidadãos", já que o ex-presidente é hoje deputado do Parlamento Europeu, que, no entanto, revogou sua imunidade em março passado.

"O ato da polícia de fronteira italiana deve ser imediatamente objeto de análise por parte da magistratura, com o desejo de que seja reconhecido o direito do ex-presidente catalão de visitar livremente os países da União Europeia, no exercício de seu mandato", diz o comunicado.

Já o senador e líder de extrema direita Matteo Salvini, da Liga, afirmou que a Itália não deve se prestar a "vinganças pedidas por outros países". "É curioso porque outros países, como a Alemanha, disseram não à extradição porque trata-se de um crime político", acrescentou.

Presidente da Catalunha por quase dois anos, Puigdemont organizou em outubro de 2017 um plebiscito separatista que culminaria em uma declaração unilateral de independência da comunidade autônoma mais rica da Espanha.

O governo e a Justiça do país, no entanto, consideraram a consulta popular ilegítima e destituíram a administração regional, incluindo Puigdemont, que passou a viver em autoexílio enquanto era acusado de sedição e apropriação indébita.

O líder catalão chegou a ser preso na Alemanha em 2018, mas o pedido de extradição por sedição acabou rejeitado pela Justiça do país, que queria levar em conta apenas a acusação de apropriação indébita.

Em junho passado, o governo da Espanha também aprovou um indulto parcial a nove separatistas presos por causa do plebiscito de 2017, incluindo Oriol Junqueras, ex-vice de Puigdemont.

O ex-presidente está agora na penitenciária de Sassari, também na Sardenha, e aguarda uma audiência preliminar para confirmar ou não sua detenção. Já o governo espanhol emitiu uma nota afirmando que Puigdemont é alvo de um "procedimento judiciário em curso" e que, "como todos os cidadãos", deve se submeter à Justiça.

Um dos advogados do líder separatista, Gonzalo Boye, já anunciou que entrará com um recurso no Tribunal de Justiça da União Europeia ainda nesta sexta para tentar revogar a suspensão da imunidade parlamentar do eurodeputado.

Por sua vez, o atual presidente da Catalunha, Pere Aragonès, pediu a libertação ?imediata? de Puigdemont e anunciou que viajará à Itália para acompanhar o caso.

Ansa - Brasil   
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