Papa recebe Zelensky em Castel Gandolfo e pede paz 'justa e duradoura'
Presidente também se encontrará com a premiê Giorgia Meloni
O papa Leão XIV recebeu nesta terça-feira (9) o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para uma reunião de cerca de 30 minutos nas Vilas Pontifícias de Castel Gandolfo, nos arredores de Roma, em meio às intrincadas tratativas para o fim da guerra contra a Rússia.
De acordo com comunicado da Santa Sé, o encontro teve caráter "cordial" e se concentrou no conflito russo-ucraniano. "O Santo Padre reiterou a necessidade de continuar o diálogo e renovou sua premente esperança de que as iniciativas diplomáticas em curso possam levar a uma paz justa e duradoura", diz a nota.
"Além disso, não faltaram menções à questão dos prisioneiros de guerra e à necessidade de garantir o regresso das crianças ucranianas às suas famílias", ressalta o comunicado, em referência aos milhares de menores de idade que, segundo Kiev, foram enviados à força para a Rússia.
Após a reunião, Leão XIV e Zelensky apareceram brevemente para jornalistas e fotógrafos em uma sacada, porém não falaram com a imprensa. Essa é a segunda vez que o presidente e o Papa se reúnem em Castel Gandolfo, cidade que abriga a residência de repouso e veraneio dos pontífices ? a outra foi em 9 de julho.
Além disso, os dois também conversaram brevemente na missa de entronização de Robert Prevost, em 18 de maio, no Vaticano.
Zelensky e Papa acenam para fotógrafos em Castel GandolfoZelensky está em um périplo pelas capitais europeias antes de enviar aos Estados Unidos uma versão revisada do plano de paz proposto pelo presidente Donald Trump, que tem pressionado Kiev a aceitar a oferta o quanto antes, ainda que isso signifique abrir mão dos territórios em disputa com a Rússia.
Na última segunda-feira (8), o líder ucraniano passou por Londres e Bruxelas e, nesta terça, se reúne também com a premiê da Itália, Giorgia Meloni, em Roma.
O plano inicial de Washington continha 28 pontos, como a cessão de todo o Donbass, no leste da Ucrânia (incluindo áreas ainda não tomadas por Moscou), e o redimensionamento das Forças Armadas de Kiev, porém Zelensky disse que a nova versão é constituída de 20 pontos.
"Não gostamos de tudo o que nossos parceiros [os EUA] nos apresentaram, embora a questão não seja tanto com os americanos, mas sim com os russos. Mas certamente trabalharemos nisso e faremos tudo para enviar nossa posição sobre o assunto aos EUA amanhã à noite [terça-feira]", afirmou Zelensky na última segunda.
Outro entrave são as garantias de segurança que Kiev pede em troca de abrir mão de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "A questão crucial é saber o que nossos parceiros estarão dispostos a fazer em caso de uma nova agressão da Rússia. No momento, não recebemos nenhuma resposta para essa pergunta", acrescentou o presidente.