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Mueller diz que Trump não foi exonerado, mas Trump declara vitória

24 jul 2019 - 15h53
(atualizado às 19h47)
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O procurador especial dos Estados Unidos Robert Mueller enfatizou nesta quarta-feira que não havia exonerado o presidente Donald Trump em um possível caso de obstrução de Justiça, como Trump tem afirmado, mas seu esperado depoimento no Congresso fez pouco para dar força a qualquer ambição de impeachment por parte dos democratas, e Trump, de maneira entusiasmada, declarou vitória.

Ex-procurador especial dos Estados Unidos Robert Mueller durante depoimento no Congresso
24/07/2019
REUTERS/Leah Millis
Ex-procurador especial dos Estados Unidos Robert Mueller durante depoimento no Congresso 24/07/2019 REUTERS/Leah Millis
Foto: Reuters

"Esse foi um grande dia para o Partido Republicano. E você poderia dizer que foi um grande dia para mim, mas eu nem gosto de dizer isso", disse o presidente republicano após o longo depoimento de Mueller em audiência sobre sua investigação a respeito da interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 que teria favorecido a candidatura de Trump.

Durante um dia de momentos dramáticos, o ex-diretor do FBI respondeu a perguntas publicamente pela primeira vez sobre sua investigação, com democratas e republicanos assumindo posições conhecidas em uma época de profundas divisões partidárias nos Estados Unidos. Foram sete horas ao todo.

O ex-diretor do FBI, que passou 22 meses investigando o que concluiu ser uma interferência russa de "forma abrangente e sistemática" na eleição de 2016 para ajudar Trump e também a conduta do presidente, falou primeiramente ao Comitê Judiciário da Câmara dos Deputados.

O presidente democrata do comitê, Jerrold Nadler, elogiou Mueller e disse que ninguém, incluindo Trump, está "acima da lei". No entanto, aliados republicanos de Trump no comitê tentaram descrever a investigação de Mueller como injusta com o presidente.

Democratas que desejavam que Mueller reforçasse a campanha para o impeachment contra o presidente, ou que esperavam que ele oferecesse um depoimento que mudasse a situação do presidente, e os republicanos que queriam provar que a investigação tinha motivações políticas contra Trump podem ter saído frustrados da audiência.

Mueller, uma testemunha relutante que apareceu apenas após ter sido intimado, muitas vezes deu respostas concisas como "Eu não consigo falar sobre isso", "Não entrarei nisso", e "Isso está além do meu alcance", e indicou que os parlamentares consultassem seu relatório da investigação.

O relatório de 448 páginas de Mueller, divulgado em 18 de abril em versão editada, não concluiu se Trump cometeu o crime de obstrução da Justiça em uma série de ações que visaram impedir o inquérito, mas tampouco o exonerou.

O deputado democrata Ted Lieu perguntou a Mueller se a razão de ele não ter procedido a um indiciamento contra Trump foi a diretriz já antiga do Departamento de Justiça contra a apresentação de acusações criminais a um presidente no exercício do cargo.

"Isso é correto", respondeu Mueller.

Trump afirma que o inquérito Mueller resultou em sua "exoneração completa e total".

"Você de fato exonerou totalmente o presidente?", perguntou Nadler a Mueller. "Não", respondeu o procurador.

Mueller, acusado por Trump de comandar uma "caça às bruxas" e de tentar orquestrar um "golpe" contra ele, disse que seu inquérito foi realizado de "uma forma justa e independente" e que os membros de sua equipe "eram da maior integridade".

"Deixem-me dizer mais uma coisa", disse Mueller. "Ao longo de minha carreira, vi nossa democracia enfrentar vários desafios. O esforço do governo russo para interferir com nossa eleição está entre os mais graves."

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