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Chilenos vão às urnas em eleição presidencial que pode levar país à direita

14 dez 2025 - 13h03
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Os chilenos votam no segundo turno da eleição presidencial neste domingo, que pode resultar na maior guinada à direita no país sul-americano desde o fim da ditadura militar em 1990.

Quase 15,6 milhões de eleitores registrados no Chile devem votar. As urnas fecharão às 18h (de Brasília), dependendo do fluxo de eleitores, e os primeiros resultados são esperados logo em seguida.

O segundo turno coloca frente a frente José Antonio Kast, do Partido Republicano de extrema-direita que ele fundou, e Jeannette Jara, candidata da coligação governamental de esquerda em exercício, pertencente ao Partido Comunista.

Embora Jara tenha vencido o primeiro turno em novembro com 26,85% dos votos, Kast superou uma série de candidatos de direita para ficar em segundo lugar com 23,92%. A maioria dos eleitores que apoiaram esses candidatos deve votar em Kast, o que lhe daria mais de 50% dos votos e a presidência.

CAMPANHAS SE ENCERRAM COM FOCO NO CRIME

Com o fim das campanhas se aproximando, ambos os candidatos trocaram farpas, mas também se concentraram no principal tema que passou a definir a eleição: o crime.

Falando na quinta-feira por trás de uma barreira protetora transparente na cidade de Temuco, no sul do país, capital de uma região abalada por conflitos entre grupos indígenas mapuches e o governo, Kast descreveu um país em caos e disse que restauraria a ordem.

"Este governo causou caos, este governo causou desordem, este governo causou insegurança", disse o advogado de 59 anos. "Vamos fazer o oposto, vamos criar ordem, segurança e confiança."

Embora o Chile continue sendo um dos países mais seguros da América Latina, um recente aumento do crime organizado e da imigração alarmou o eleitorado e se tornou a principal preocupação entre os eleitores.

A questão rapidamente se tornou um espinho no calcanhar do presidente de esquerda Gabriel Boric, que ascendeu ao poder em uma onda de otimismo progressista após protestos generalizados contra a desigualdade e promessas de elaborar uma nova constituição.

Boric, que está impedido de ser reeleito devido à proibição de mandatos presidenciais consecutivos, agiu rapidamente para se adaptar, aumentando o financiamento das forças policiais, criando forças-tarefa dedicadas ao combate ao crime organizado e enviando militares para a fronteira norte do país com o Peru e a Bolívia.

Mas isso não foi suficiente para muitos eleitores. Boric tem enfrentado baixos índices de aprovação, enquanto as propostas linha-dura de Kast contra o crime e a imigração têm atraído apoio.

"Este país precisa de reformas importantes, precisamos retomar o caminho que temos trilhado há décadas porque estamos completamente perdidos", disse José Pinochet, um advogado de 55 anos, enquanto engraxava os sapatos em uma rua de Santiago.

Antonia Moreno, de 21 anos, disse que votaria em Jara, mas não achava provável que ela ganhasse.

"Infelizmente, faremos parte desses países onde a extrema-direita ganhará terreno no Congresso e no Poder Executivo", disse ela.

LINHA-DURA CONSISTENTE

Uma vitória de Kast provavelmente será comemorada pelos investidores, que esperam que um governo favorável ao mercado acelere as reformas econômicas, incluindo desregulamentação e mudanças no sistema previdenciário e nos mercados de capitais do país rico em cobre.

O peso chileno se fortaleceu e o índice de ações do Chile da MSCI disparou após os resultados do primeiro turno no mês passado. Embora nenhuma maioria clara tenha surgido no Senado ou no Congresso nessa votação, espera-se que Kast consiga, eventualmente, aprovar algumas reformas econômicas caso vença o segundo turno.

"A terceira vez é a da sorte", disse ele em um discurso após garantir sua vaga no segundo turno em novembro. Esta é sua terceira candidatura à presidência e o segundo segundo turno, depois de perder para Boric em 2021.

Muitas das opiniões de Kast foram consideradas extremistas demais pelos eleitores em 2021, mas agora encontram maior receptividade em um eleitorado que anseia por segurança e está cansado dos partidos políticos tradicionais.

"Vejo a expressão da direita, da extrema-direita, como uma válvula de escape para a rejeição da política no Chile", disse Marta Lagos, analista, pesquisadora de opinião pública e diretora fundadora do Latinobarômetro.

Esta é a primeira eleição presidencial sob uma lei de voto obrigatório, com registro automático para maiores de 18 anos e multas para quem não votar. Essa mudança adiciona um elemento de incerteza, com pesquisas de opinião mostrando que cerca de 20% dos eleitores ainda estão indecisos ou afirmam que deixarão seus votos em branco.

"Há uma porcentagem de eleitores que não se sentem confortáveis nem com Jara nem com Kast", disse Guillermo Holzmann, analista político da Universidade de Valparaíso. "A questão é: a quem favorecem esses votos em branco ou nulos?"

Durante o evento de encerramento de sua campanha, na quinta-feira, na cidade de Coquimbo, no norte do país, Jara prometeu ser rigorosa com o crime, destacou a necessidade de programas sociais robustos e pediu às pessoas que não deixassem seus votos em branco.

"Conversem com as pessoas que estão pensando em votar em branco. Há muita coisa em jogo e precisamos seguir em frente, não retroceder", disse a advogada de 51 anos e ex-ministra do Trabalho no governo Boric.

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