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Quem tem mais poder militar: Europa ou Rússia?

À medida que cresce o temor de um confronto com Moscou até o fim da década, um estudo do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri) analisa as capacidades militares da Europa e da Rússia. Uma de suas principais conclusões revela a superioridade tecnológica europeia nos mares e no céu, mas algumas vulnerabilidades estratégicas ante à massa de soldados russos.

9 dez 2025 - 08h30
(atualizado às 09h30)
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Como na época da Guerra Fria, a questão volta ao centro do debate: quantas divisões de soldados e armamentos cada lado tem — e quem está em posição de vantagem? Segundo Elie Tenenbaum, autor do estudo do Ifri, no ar e no mar não há dúvida: a Europa supera Moscou.

Interceptação de um bombardeiro russo Tupolev 160 por um caça francês Mirage.
Interceptação de um bombardeiro russo Tupolev 160 por um caça francês Mirage.
Foto: Armée de l'air / RFI

"Analisamos a capacidade de treinamento e de condução de operações complexas em larga escala. Nesse aspecto, os europeus têm hoje vantagem clara nos domínios aéreo e marítimo. Mas é preciso saber explorar esses pontos fortes com munição suficiente, pessoal qualificado e uma estratégia que valorize essas forças", explica Tenenbaum.

Apesar da superioridade naval, a Europa não explora esse potencial, segundo o especialista. "A Rússia, por exemplo, usa sua 'frota fantasma' para exportar petróleo, passando diante das marinhas europeias que, em nome do direito internacional, nada fazem", critica o pesquisador.

Fragilidades europeias

Embora as forças europeias tenham superioridade tecnológica, elas sofrem com lacunas de capacidade e poder de fogo limitado, insiste o diretor de pesquisa do Ifri. "Há uma certa fragilidade no domínio da potência de fogo, em todos os setores: no plano terrestre, nas capacidades de ataque de longo alcance, na dimensão aérea e na quantidade de munições. Falamos de mísseis ar-ar ou munições ar-solo que poderiam explorar uma eventual superioridade aérea. E mesmo no domínio naval, com um número de células de lançamento por navio de superfície, por exemplo, inferior ao que encontramos em outras partes do mundo. Portanto, seria necessário reforçar a potência de fogo", afirma.

"O outro grande eixo são as chamadas 'capacidades habilitantes', que dão coerência ao conjunto", continua Tenenbaum. "Os europeus têm praticamente tudo do lado das capacidades de combate na linha de frente: número de aviões de combate, número de veículos", diz.

"Em contrapartida, certas capacidades de comando e controle, de inteligência em profundidade, que dão coerência e potência a esses exércitos modernos — que dependem muito da integração entre sensores e efetores — até agora sempre foram asseguradas pelos norte-americanos. Há cenários em que os Estados Unidos continuariam fornecendo essa integração. Mas, se considerarmos hipóteses menos favoráveis do lado americano, vemos claramente que isso é um ponto fraco do lado europeu", analisa o pesquisador.

O ponto forte da Rússia: sua força terrestre

O presidente russo, Vladimir Putin, ambiciona formar um modelo de exército com 1,5 milhão de homens, o dobro do efetivo europeu."Há uma massa ligeiramente favorável à Rússia, mesmo que os cálculos variem conforme as reservas de cada lado. Esse peso tende a aumentar se Putin conseguir implementar seu modelo de força com 1,5 milhão de homens. Isso é particularmente evidente nas forças terrestres, onde a Rússia tem uma vantagem no papel", desenvolve.

"E essa vantagem se reforça quando olhamos a capacidade de mobilizar esses efetivos. A Rússia, sendo um país unificado, pode mobilizar grande parte de sua força de combate. Mas sabemos que entre os europeus, divididos em cerca de 30 países — considerando os membros europeus da Otan —, alguns deles não engajariam suas forças. Há um efeito 'exército mexicano'. No fim, provavelmente, menos de 700 mil combatentes das forças terrestres europeias poderiam ser mobilizados", explica Tenenbaum.

Dissuasão

Para ser dissuasiva, a Europa precisa demonstrar unidade absoluta, alerta Tenenbaum. "A Europa, coletivamente, tem meios econômicos, know-how militar e competências industriais e tecnológicas para enfrentar a Rússia. Desde que tenha vontade e demonstre a coesão necessária. Coesão e vontade são hoje talvez os dois fatores determinantes", detalha o especialista.

"Se todos os europeus se mantiverem unidos, incluindo no apoio à Ucrânia, a Rússia será dissuadida, porque coletivamente representam uma massa suficientemente imponente para desencorajar Moscou. Em contrapartida, se houver divisão, o sistema perde coerência na mobilidade militar. Basta imaginar um país estratégico como a Alemanha decidindo não permitir a passagem de carregamentos de suprimentos do oeste para o leste da Europa. Vemos como as coisas se complicariam rapidamente. Essa coesão é, e sabemos disso há muito tempo, o centro de gravidade da Aliança Atlântica e da defesa europeia", conclui. 

Na questão do orçamento de guerra, atualmente, a Europa dedica cerca de € 400 bilhões por ano ao setor de defesa, contra € 150 bilhões da Rússia. Mas, ajustando pelo poder de compra, os dois orçamentos são quase equivalentes.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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