Milhares de peregrinos muçulmanos ignoram risco de vírus para se reunirem na Indonésia
Milhares de peregrinos muçulmanos de toda a Ásia se reuniram na Indonésia nesta quarta-feira, apesar do temor de que a aglomeração possa atiçar a proliferação do coronavírus só duas semanas depois de um evento semelhante na Malásia causar mais de 500 infecções.
Organizadores e autoridades regionais disseram que o evento na quarta nação mais populosa do mundo começou, embora o chefe de polícia regional tenha dito que estava fazendo uma última tentativa para persuadir os organizadores a cancelá-lo.
"Temos mais medo de Deus", disse um dos organizadores, Mustari Bahranuddin, à Reuters quando indagado sobre o risco de os participantes disseminarem o vírus no evento em Gowa, localidade situada na província indonésia de Sulawesi do Sul.
"Porque todos são humanos, tememos doenças, a morte", disse. "Mas existe algo mais do que o corpo, que é nossa alma."
Os organizadores rejeitaram um pedido formal das autoridades para adiar a reunião, disse uma autoridade regional, Arifuddin Saeni.
Ele estimou que 8.695 pessoas já chegaram a Gowa, próxima da cidade provincial de Makassar, acrescentando que os números dificultarão a suspensão dos procedimentos.
"Eles continuam vindo", disse. "Há pessoas da Tailândia, Arábia, Índia e Filipinas."
O evento malaio, realizado entre 27 de fevereiro e 1º de março, atraiu 16 mil seguidores.
As reuniões da Indonésia e da Malásia foram organizadas por membros do Tablighi Jama'at, um movimento global de muçulmanos evangélicos que defende o proselitismo.
Cerca de dois terços das 790 infecções da Malásia foram rastreadas ao encontro sediado no complexo de uma mesquita nos arredores da capital Kuala Lumpur.
O pequeno vizinho Brunei confirmou 50 infecções ligadas ao evento, e Camboja, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã também têm cidadãos que foram contaminados naquela ocasião.
Os organizadores indonésios estão medindo a temperatura dos peregrinos por precaução, acrescentou Bahranuddin. Saeni disse que autoridades de saúde visitaram o local e pediram para monitorar os participantes.
Até esta quarta-feira, o número de infecções na Indonésia estava em 227, com 19 mortes. A nação de 260 milhões de habitantes só havia feito 1.255 exames até terça-feira. Em contraste, a Coreia do Sul, cuja população é um quinto deste montante, está fazendo mais de 15 mil exames por dia.