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Mundo

Meta da ONU de acabar com trabalho infantil até 2025 é inviável, dizem acadêmicos

28 jan 2021 - 15h45
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Por Emeline Wuilbercq

Criança vende maçã-do-amor em Gaza
17/03/2016 REUTERS/Mohammed Salem
Criança vende maçã-do-amor em Gaza 17/03/2016 REUTERS/Mohammed Salem
Foto: Reuters

(Thomson Reuters Foundation) - A meta de erradicar o trabalho infantil até 2025 está fora de sintonia com a realidade global e pode levar muitas crianças trabalhadoras a uma situação de pobreza e marginalização ainda maior, disse um grupo de acadêmicos nesta semana, ao defender objetivos mais realistas.

A Organização das Nações Unidas lançou o Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil na semana passada, dizendo ser necessária uma ação urgente para cumprir o objetivo, já que a Covid-19 coloca mais crianças em risco de trabalho infantil e ameaça décadas de progresso.

De acordo com os acadêmicos, a meta é insustentável mesmo antes de a pandemia interromper a atividade escolar e aumentar as dificuldades para milhões de crianças em todo o mundo.

"Retirá-las do trabalho não ajuda em nada se isso as leva ainda mais fundo na fome e em vidas destruídas que o trabalho busca mitigar", informou uma carta aberta assinada por 101 professores e pesquisadores e publicada pelo Open Democracy.

Em vez de basear as metas contra o trabalho infantil em "convicções emocionais e ideológicas", os acadêmicos disseram que as políticas deveriam considerar as experiências variadas e os mecanismos que envolvem crianças trabalhadoras e suas famílias, bem como a pesquisa científica.

"O esforço global atual para erradicar o trabalho infantil é baseado nas experiências do ideal da infância branca, ocidental e de classe média", disse Tatek Abebe, professor de estudos da infância na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia em Trondheim.

"Baseia-se na crença de que as crianças devem ir à escola e não trabalhar. No entanto, a realidade da vida das crianças em muitas partes do mundo não é isenta de trabalho. O trabalho infantil não é necessariamente ruim", afirmou Tatek, um dos signatários.

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