PUBLICIDADE

Mundo

Mercosul suspende Paraguai e inclui Venezuela ao bloco

Compartilhar

Em uma decisão sem precedentes, o Mercosul resolveu nesta sexta-feira suspender o Paraguai até as próximas eleições presidenciais do país - previstas para 2013 - e decidiu integrar a Venezuela como membro pleno do bloco.

A presidente Dilma Rousseff, assim como a líder argentina, Cristina Kirchner, e o uruguaio José Mujica, resolveram incorporar a Venezuela ao Mercosul, sem o aval do Parlamento paraguaio, após suspender Assunção do bloco devido ao impeachment de Fernando Lugo da Presidência do país.

A suspensão se manterá até a realização de eleições no Paraguai e a incorporação da Venezuela ao mecanismo regional será concretizada em reunião especial que será realizada o 31 de julho próximo no Rio de Janeiro, anunciou a presidente argentina ao término da cúpula semestral do Mercosul, na cidade argentina de Mendoza.

Para a governante, a entrada da Venezuela no Mercosul permitirá ao bloco se fortalecer contra a crise global, num momento em que as economias sul-americanas começam a mostrar menores índices de crescimento que em anos anteriores.

Graças à suspensão do Paraguai, o governo venezuelano de Hugo Chávez conseguiu burlar o único empecilho que o impedia de ingressar no Mercosul, que era a negativa do Senado paraguaio em aprovar a adesão de Caracas ao bloco - pois Brasil, Argentina e Uruguai já a haviam aprovado.

Os senadores paraguaios se negaram a dar via livre a essa entrada com o argumento de que Chávez mostrava "posições antidemocráticas", mas a sintonia política do líder venezuelano com os governos da região prevaleceu.

De fato, a negociação para a adesão demorou apenas dois meses, já que o texto do protocolo de incorporação esteve pronto no final de maio de 2006 e foi assinado pelos presidentes em julho do mesmo ano.

A crise aberta no Paraguai centralizou boa parte das discussões da 43ª cúpula do Mercosul, que dá lugar nesta própria sexta-feira, em Mendoza, à reunião extraordinária de líderes da União de Nações Sul-americanas (Unasul) para debater o mesmo assunto.

Baseando-se no Protocolo de Compromisso Democrático do Mercosul - conhecido como Protocolo de Ushuaia -, os membros consideraram "ilegítimo" o processo que derivou na destituição de Lugo e optaram por suspender o Paraguai dos órgãos de decisão do bloco, mas não aprovaram sanções econômicas para não prejudicar a população paraguaia.

A decisão suspende o Paraguai dos órgãos e das deliberações do Mercosul, o país perde direitos de voto e de veto, mas continuará obtendo os recursos do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). A menor economia do bloco recebe 48% das verbas totais deste mecanismo de financiamento para reduzir assimetrias entre os países-membros.

Segundo o chanceler argentino, Héctor Timerman, a medida "cessará quando se verificar o pleno restabelecimento da ordem democrática" desse país.

"Houve uma ruptura da ordem democrática na República do Paraguai. Me pareceu uma paródia de julgamento o que aconteceu contra Lugo. Não há no mundo um julgamento político em que não haja possibilidade de defesa", declarou Cristina durante o discurso de abertura da cúpula realizada em Mendoza.

A cúpula, na qual a Argentina passou a Presidência temporária do bloco ao Brasil, foi encerrada com uma declaração para fortalecer a cooperação com a China, país com o qual o bloco negocia um acordo comercial.

As reuniões de Mendoza contam com a presença de Dilma, Cristina, Mujica e dos presidentes Ollanta Humala (Peru), Evo Morales (Bolívia), Sebastián Piñera (Chile), Rafael Correa (Equador) e Desiré Bouterse (Suriname), assim como representantes da Colômbia, Venezuela e Guiana, também membros da Unasul.

EFE   
Compartilhar
Publicidade