Justiça da Bolívia estende prisão de Jeanine Áñez por 6 meses
Juiz afirmou que há risco de ex-presidente fugir do país
O juiz anticorrupção de La Paz, Andrés Zabaleta, estendeu por mais seis meses a prisão preventiva da ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez, na noite desta terça-feira (3).
Segundo o magistrado, "há o risco de fuga" e de "contaminação de provas" do processo se houver a libertação.
Áñez está no presídio de Miraflores, em La Paz, e é investigada por violação de deveres e por tomar decisões contrárias à Constituição do país, como a autorização de obtenção de crédito no Fundo Monetário Internacional (FMI) e a aprovação de decreto contra a liberdade de expressão.
Além disso, ela também é investigada em outro processo por terrorismo, sedição e conspiração para derrubar seu antecessor, Evo Morales.
Por meio da conta oficial de Áñez no Twitter, assessores se manifestaram e criticaram a decisão. "Dividem um processo para prolongar a prisão de #JeanineÁñez. Impõem em audiência cautelar mais seis meses de injusta privação de liberdade, violando os direitos humanos e as garantias. Sem Justiça na Bolívia, não há democracia", diz o texto.
Morales havia sido eleito para um quarto mandato em 2019, mas a oposição não reconheceu o resultado, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA). Ambos citavam "fraudes" no processo, mas um estudo feito por diversas universidades dos Estados Unidos no ano passado mostrou que o relatório da OEA tinha várias falhas técnicas e que não era possível dizer que houve irregularidades na eleição.
Por conta da pressão de militares e de protestos da oposição, Evo renunciou ao cargo, assim como todos que estavam na linha sucessória, que acabou parando em Áñez, então segunda vice-presidente do Senado.
Ela se autoproclamou presidente interina da Bolívia, em uma sessão parlamentar boicotada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo, e governou por cerca de um ano.
Depois de o governo provisório adiar as eleições diversas vezes, os bolivianos voltaram às urnas em outubro de 2020 e escolheram Luis Arce, aliado de Evo, como seu novo presidente.