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Joe Biden: O que dizem as mulheres que acusam ex-vice dos EUA e estrela democrata de 'contato físico inapropriado'

As acusações vêm a público num momento em que o ex-vice-presidente avalia lançar sua candidatura no Partido Democrata para concorrer as eleições presidenciais em 2020.

2 abr 2019 - 15h21
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Joe Biden foi vice-presidente de Barack Obama entre 2009 e 2017
Joe Biden foi vice-presidente de Barack Obama entre 2009 e 2017
Foto: AFP/Getty / BBC News Brasil

Uma segunda mulher acusou o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden de "contato físico inapropriado".

Após a ex-assessora de um congressista democrata afirmar que Biden a tocou no rosto com as duas mãos e esfregou o nariz dele no dela, há uma década, na última sexta-feira foi a vez da ex-deputada do Estado de Nevada Lucy Flores revelar publicamente que ele beijou sua cabeça durante um evento de campanha.

As acusações são feitas num momento em que o veterano político democrata avalia se lançar candidato à Presidência da República no Partido Democrata, com vistas às eleições de 2020.

Biden é ex-senador pelo Estado de Delaware, foi vice-presidente no governo de Barack Obama, entre 2009 e 2017, e é visto como um possível favorito na disputa pela indicação presidencial do Partido Democrata.

Ele tem dito não acreditar que agiu, a qualquer tempo, de maneira inadequada.

O que suas acusadoras dizem?

Amy Lappos, de 43 anos e ex-assistente de um congressista democrata, afirmou que Biden a "tocou de forma inadequada" em um evento realizado para arrecadar fundos de campanha, em uma residência privada em Hartfort, Connecticut, em 2009.

Em declarações ao jornal local Hartford Courant, Lappos disse que o ex-vice-presidente entrou na cozinha para agradecer a um grupo de participantes, antes de pegar seu rosto com as duas mãos e esfregar o seu nariz no dele.

Ao falar sobre o caso, Lappos pediu a Biden que desista de sua aspiração à Casa Branca comentando que "expressões não-solicitadas de afeto não estão certas, assim como a objetificação das mulheres também não está".

As acusações de Lucy Flores, por sua vez, foram publicadas sexta-feira em um artigo que ela escreveu para a revista The Cut.

Lucy Flores afirma que Biden beijou a parte de trás de sua cabeça em um evento de campanha em 2014
Lucy Flores afirma que Biden beijou a parte de trás de sua cabeça em um evento de campanha em 2014
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O episódio teria acontecido quando ela concorria como candidata democrata a vice-governadora de Nevada em 2014 e Biden viajou ao Estado para apoiá-la.

Enquanto se preparava para falar ao microfone, Flores disse que ele pôs as duas mãos em seus ombros, por trás, cheirou seus cabelos e deu "um grande beijo lento na parte de trás de sua cabeça".

Como Biden tem respondido?

Quando questionado sobre a nova acusação, um porta-voz de Biden fez referência a uma nota que ele divulgou domingo.

"Em todos esses anos que passei fazendo campanha e dentro da vida pública, tenho oferecido inúmeras vezes a mão, abraços, expressões de afeto, apoio e conforto. E em nenhuma dessas vezes pensei que agia de forma inadequada", dizia o comunicado.

"Mas chegamos a um momento importante em que as mulheres sentem que podem e devem contar suas experiências. Os homens deveriam prestar atenção - eu irei", acrescentou.

Na segunda-feira, um porta-voz acusou "trolls da direita" de divulgarem imagens inofensivas de Biden interagindo com mulheres como evidências de supostos contatos físicos inadequados.

Qual tem sido a reação?

Após as acusações, um aliado de Biden disse que ele não estava cogitando concorrer à presidência, mas não descartou a possibilidade
Após as acusações, um aliado de Biden disse que ele não estava cogitando concorrer à presidência, mas não descartou a possibilidade
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Várias candidatas à indicação presidencial democrata de 2020 apoiaram Flores.

A senadora Elizabeth Warren disse que Biden "precisa dar uma resposta" e a senadora Amy Klobuchar observou que, na política, "as pessoas levantam questões e precisam resolvê-las".

Alguns apoiadores, por outro lado, têm defendido o ex-senador. Cynthia Hogan, que foi assistente dele na vice-presidência, disse ao The New York Times que Biden "nos tratou com respeito e insistiu que outros fizessem o mesmo".

Candidatuta ameaçada?

Depois das acusações, um aliado de Biden disse à rede de notícias americana CNN que o ex-vice-presidente não estava cogitando concorrer à Presidência, mas também não descartou a possibilidade.

Para a apresentadora da BBC World News, Katty Kay, essas alegações de suposto assédio podem significar que ele não vai se candidatar. "(Caso não se candidate) seus defensores diriam que é uma farsa de justiça e os democratas estariam atirando no próprio pé, perdendo um candidato com chances tão boas quanto as de qualquer um de desbancar (o presidente) Donald Trump."

Apropriado x inadequado

Segundo Katty, o ex-vice-presidente Joe Biden é o que costumava ser descrito como "touchy", ou seja, como alguém que expressa abertamente suas emoções. "Ele tem contato físico com todo mundo. Também é conhecido como um dos políticos mais empáticos que existem". E as acusações que pesam contra ele, acrescenta, precisam ser postas em contexto.

A apresentadora observa que o contato físico com apoiadores tem sido uma parte necessária da campanha política há décadas. "O candidato que tentar concorrer ao cargo e recusar todo contato físico com os eleitores logo vai ser rejeitado, visto como frio e indiferente", diz. "Então, obviamente, há uma linha que os políticos têm de seguir, que é física, mas não do jeito errado. E eu diria que a maioria das mulheres sabe exatamente de que lado da linha um contato físico se encaixa - se do apropriado ou do inadequado".

As mulheres de sua geração, diz ainda ela, suportaram contatos inapropriados durante anos, achando que isso era parte do custo de ter um emprego em um ambiente predominantemente masculino. "As mulheres mais jovens são menos tolerantes. Graças a Deus. Elas são muito menos tolerantes a homens que se comportam mal. De muitas maneiras, esta é uma história de diferenças de geração."

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