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Mundo

Itália confirma incidência de câncer relacionada a lixo tóxico

Relatório revelou aumento de patologias na 'Terra dei Fuochi'

10 fev 2021 - 15h20
(atualizado às 17h17)
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Um relatório do Instituto Superior de Saúde (ISS) da Itália confirmou nesta quarta-feira (10) que a presença de lixo tóxico em territórios dos municípios das províncias de Nápoles e Caserta tem relação com o aumento do aparecimento de algumas patologias, incluindo o câncer, em moradores das regiões.

Incêndio em depósito de lixo na chamada "Terra dei Fuochi"
Incêndio em depósito de lixo na chamada "Terra dei Fuochi"
Foto: Ansa / Ansa - Brasil

Os dados confirmam as hipóteses levantadas por cientistas há anos e são resultados de uma análise realizada em decorrência de um acordo entre o Procuradoria de Nápoles Norte e o ISS, feito em junho de 2016.

Segundo o documento, o acúmulo de resíduos na chamada "Terra dei Fuochi" tem provocado o surgimento de doenças, como câncer de mama, asma, malformações congênitas e vários tipos de leucemia.

O relatório foi apresentado pelo promotor Francesco Greco, pelo presidente do ISS, Silvio Brusaferro, e pelo procurador-geral de Nápoles, Luigi Riello.

A apuração teve como objetivo analisar dados sobre a mortalidade, incidência de tumores e internações por patologias diversas que admitem exposição a poluentes entre os fatores de risco.

Com as informações, um mapa de risco com os municípios do distrito foi criado e comparado com os locais onde a incidência de atividades ambientais ilegais era elevada. Ao todo, são 2.767 áreas de eliminação de resíduos em 38 cidades, que cobrem 426 quilômetros quadrados, divididas em quatro níveis de perigo.

De acordo com os dados, a mortalidade e a incidência do câncer de mama é "significativamente maior entre as mulheres dos municípios incluídos no terceiro e quarto níveis, com maiores riscos de contaminação.

Mais de um em cada três cidadãos, especificamente 37% dos 354 mil residentes nos 38 municípios, vive pelo menos a 100 metros de um desses locais, fontes de emissão e liberação de compostos químicos perigosos para a saúde.

Para Brusaferro "é necessário desenvolver um sistema de vigilância epidemiológica integrado com dados ambientais em toda a região da Campânia e em particular nas províncias de Nápoles e Caserta, bem como em outras áreas contaminadas do país, a fim de identificar intervenções para uma saúde pública adequada".

Moradores há muitos anos reclamam dos efeitos adversos do lixo para a saúde. A contaminação do subsolo afeta os poços que irrigam as plantações de vegetais responsáveis pelo abastecimento de boa parte do centro e sul da Itália.

Autoridades italianas alegam que o impacto na saúde é consequência de décadas de depósito ilegal de resíduos por grupos mafiosos, como a Camorra.

"Em breve levaremos ao conhecimento do Parlamento o relatório final elaborado pela Procuradoria de Nápoles Norte e o Instituto Superior de Saúde. Agora que surgiram ligações estreitas entre tumores e resíduos não controlados na Terra dei Fuochi, as instituições devem fazer a sua parte", afirmaram os deputados Gianluca Cantalamessa e Tullio Patassini, líderes do partido Liga nas comissões antimáfia.

Ansa - Brasil   
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