Israel anuncia pausa 'tática' nos combates e primeiros caminhões com ajuda entram em Gaza
Israel anunciou uma "pausa tática" diária em Gaza, e os primeiros caminhões com ajuda humanitária conseguiram entrar no território palestino na manhã deste domingo (27). Durante a madrugada, o exército israelense já havia retomado os lançamentos aéreos de alimentos sobre Gaza. As iniciativas ocorrem após semanas de pressão internacional para permitir a chegada de mantimentos e outros itens essenciais à população palestina, ameaçada pela fome.
Israel anunciou uma "pausa tática" diária em Gaza, e os primeiros caminhões com ajuda humanitária conseguiram entrar no território palestino na manhã deste domingo (27). Durante a madrugada, o exército israelense já havia retomado os lançamentos aéreos de alimentos sobre Gaza. As iniciativas ocorrem após semanas de pressão internacional para permitir a chegada de mantimentos e outros itens essenciais à população palestina, ameaçada pela fome.
Caminhões com ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza cruzaram neste domingo o terminal fronteiriço de Rafah, vindos do Egito em direção ao território palestino.
Imagens da AFP mostraram grandes caminhões carregados com sacos brancos atravessando, pelo lado egípcio, a entrada do terminal de Rafah, que leva ao sul da Faixa de Gaza. No entanto, os caminhões não entram diretamente pelo lado palestino do terminal, que está danificado e fechado devido à guerra. Eles percorrem alguns quilômetros até o ponto de passagem israelense de Kerem Shalom, onde devem passar por inspeção antes de entrar na zona de Rafah, no lado palestino.
Alguns caminhões exibiam o logotipo do Crescente Vermelho egípcio, enquanto outros carregavam a bandeira dos Emirados Árabes Unidos, acompanhada da inscrição: "Emirados Árabes Unidos - Ajuda humanitária para Gaza - Projetos de apoio ao abastecimento de água em Gaza."
Um meio de comunicação próximo às autoridades egípcias, o Al-Qahera News, informou que "os caminhões com ajuda humanitária vindos do Egito chegaram ao ponto de passagem de Kerem Shalom."
Também neste domingo, a Jordânia anunciou o envio de um comboio com 60 caminhões transportando 962 toneladas de alimentos e farinha, que devem entrar no norte da Faixa de Gaza pelo ponto de passagem israelense de Zikim.
Pausa tática
A chegada dos primeiros caminhões ocorreu após Israel declarar, neste domingo, uma pausa "tática" diária nos combates, por razões humanitárias, em várias áreas da Faixa de Gaza.
O anúncio da pausa e da criação de corredores humanitários para permitir a distribuição de ajuda foi feito durante a madrugada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel. O comunicado atribui à ONU a responsabilidade por bloqueios anteriores.
A "pausa tática" será observada diariamente, a partir deste domingo, das 10h às 20h (horário local), ou das 4h às 14h no horário de Brasília, começando pelas áreas de Deir al-Balah (centro), al-Mawasi (sul) e a cidade de Gaza (norte), onde atualmente não há operações militares.
Envio aéreo de comida
O exército também anunciou o lançamento aéreo de ajuda humanitária sobre Gaza, após semanas de pressão internacional para permitir a chegada de alimentos e outros itens essenciais à população do território, devastado por mais de 21 meses de guerra.
Israel, que mantém a Faixa de Gaza sob cerco desde o início da guerra contra o Hamas, em 7 de outubro de 2023, impôs um bloqueio total em março, parcialmente flexibilizado no final de maio. Isso causou grave escassez de alimentos e bens essenciais. A ONU e organizações humanitárias alertam agora para o aumento da desnutrição infantil e o risco de fome generalizada entre os mais de dois milhões de habitantes.
Durante a madrugada, Israel divulgou imagens do lançamento de "sete lotes de ajuda contendo farinha, açúcar e conservas" sobre Gaza. A operação foi realizada "em coordenação com organizações internacionais e liderada pelo COGAT", órgão do Ministério da Defesa, segundo comunicado publicado no Telegram.
A ONU e as ONGs que atuam em Gaza ainda não reagiram oficialmente, mas fontes humanitárias disseram estar aguardando os efeitos concretos da medida no terreno.
A Defesa Civil de Gaza anunciou, no sábado, a morte de 50 pessoas em bombardeios e disparos israelenses.
Barco interceptado
Na noite de sábado, um barco fretado pelo movimento pró-palestino "Flotilha da Liberdade", que se dirigia a Gaza com ajuda, foi interceptado pelo exército israelense, segundo imagens transmitidas ao vivo pelo grupo.
A interceptação foi confirmada por Israel, que informou que a embarcação agora "segue com segurança para o litoral israelense".
Sob pressão de países como França, Alemanha e Reino Unido para "suspender imediatamente as restrições à entrega de ajuda", o exército israelense anunciou no sábado que os lançamentos aéreos seriam retomados naquela noite.
Esse método, já utilizado em 2024 por Emirados Árabes Unidos, Jordânia e França, foi criticado por muitos responsáveis humanitários, que o consideram perigoso e de alcance limitado, ressaltando que não substitui a entrega terrestre.
No sábado, o Reino Unido anunciou que se preparava para lançar ajuda aérea e evacuar "crianças que necessitam de assistência médica", em colaboração com "parceiros como a Jordânia".
Os Emirados Árabes Unidos declararam que retomariam os lançamentos "imediatamente".
"Nova dinâmica"
O chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, afirmou no sábado que a retomada dos lançamentos aéreos é uma resposta "ineficaz" à catástrofe humanitária em curso.
"Os lançamentos aéreos não acabarão com a fome crescente. São caros, ineficazes e podem até matar civis famintos", declarou.
Após anunciar que reconhecerá o Estado da Palestina, o presidente francês Emmanuel Macron declarou que uma conferência, marcada para segunda e terça-feira na sede da ONU em Nova York, "deve abrir uma nova dinâmica em favor de uma solução justa e duradoura para o conflito israelo-palestino, com base em dois Estados". Para Macron, essa é a "única solução capaz de garantir paz e segurança para todos na região."
A guerra foi desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento islâmico Hamas em Israel, em 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.219 pessoas, em sua maioria civis, segundo contagem da AFP com base em dados oficiais. Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já causou pelo menos 59.733 mortes em Gaza, também em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
(com AFP)