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Irã rejeita oferta de Trump para conversas por serem "humilhação" e não terem serventia

31 jul 2018 - 12h37
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Autoridades de alto escalão do Irã rejeitaram nesta terça-feira a oferta de conversas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sem precondições, classificando-a como uma "humilhação" e sem utilidade depois que o norte-americano reativou sanções contra Teerã na esteira da retirada de seu país de um acordo nuclear histórico.

Presidente iraniano, Hassan Rouhani
03/07/2018
REUTERS/Denis Balibouse
Presidente iraniano, Hassan Rouhani 03/07/2018 REUTERS/Denis Balibouse
Foto: Reuters

Separadamente, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse que a rejeição de Trump ao acordo firmado em 2015 foi "ilegal" e que agora depende da Europa preservar o tratado. Ele disse também que o Irã não cederá facilmente à campanha renovada de Washington para estrangular as exportações de petróleo essenciais para seu país.

"Após a retirada ilegal dos Estados Unidos do acordo nuclear, a bola está com a Europa agora", disse Rouhani durante reunião com o embaixador do Reino Unido em Teerã, Rob Macaire, de acordo com seu site.

Em maio, Trump retirou os EUA do pacto multilateral, acertado antes de sua posse, por considerá-lo benéfico somente ao Irã, mas na segunda-feira declarou que estaria disposto a se encontrar com Rouhani sem precondições para debater como melhorar as relações.

O chefe do Conselho Estratégico de Relações Exteriores iraniano disse nesta terça-feira que Teerã não vê utilidade na oferta de Trump, feita somente uma semana depois de ele alertar o Irã que o país corre o risco de sofrer consequências duras que poucos na história enfrentaram se fizer ameaças a Washington.

"Com base em nossas experiências ruins em negociações com a América e com base na violação de autoridades dos EUA a seus compromissos, é natural que não vejamos serventia em sua proposta", disse Kamal Kharrazi, segundo a agência de notícias semioficial Fars.

"Trump deveria primeiro compensar sua retirada do acordo nuclear e mostrar que respeita os compromissos de seu antecessor e a lei internacional", acrescentou Kharrazi, um ex-ministro de Relações Exteriores.

O conselho foi criado pelo líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, para ajudar a formular políticas de longo prazo para a República Islâmica.

Por ora a manobra de Trump para forçar o Irã a voltar às negociações serviu para unir os iranianos linha-dura que se opõem ao acordo nuclear e moderados, como Rouhani, que o defendem para acabar com o impasse economicamente debilitante com potências ocidentais.

Ali Motahari, vice-presidente do Parlamento iraniano que é visto como parte do campo moderado, disse que negociar com Trump agora "seria uma humilhação".

O ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, ecoou a posição dizendo que Teerã não confia em Washington como parceiro de negociação, segundo a agência estatal de notícias Irna. E um dos principais assessores de Rouhani, Hamid Aboutalebi, disse que a única maneira de se voltar às conversas é Washington voltar ao acordo nuclear.

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