Guterres critica 'assédio à ONU' ao abrir 80ª Assembleia Geral
Sem citar Trump, ele destacou cortes no orçamento de missões
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou na abertura da 80ª Assembleia Geral desta terça-feira (23) que "os princípios da ONU estão sob assédio", referindo-se ao avanço da "violência, da impunidade, da desigualdade e da indiferença pelo mundo". Em seu discurso, ele também comentou que a guerra na Ucrânia "ameaça a segurança global", defendeu a solução de dois Estados na Faixa de Gaza e criticou o corte no financiamento das missões de paz feitas pelo atual governo dos Estados Unidos.
"Entramos em uma era de revolta imprudente e sofrimento humano incessante. Os princípios das Nações Unidas que vocês [os Estados-membros] estabeleceram estão sitiados; os pilares da paz e do progresso estão ruindo sob o peso da impunidade, da desigualdade e da indiferença", falou Guterres, citando como exemplos a "invasão de nações soberanas, a fome transformada em guerra e o silenciamento da verdade".
O secretário-geral da ONU citou ainda a "violência constante na Ucrânia, que continua a matar civis e a ameaçar a paz e a segurança globais". Ao elogiar os esforços dos EUA na mediação no confronto, Guterres reforçou que os trabalhos para "um cessar-fogo completo e uma paz justa e duradoura em acordo com a Carta e as resoluções das Nações Unidas e do direito internacional" devem continuar.
Em relação ao conflito na Faixa de Gaza, ele voltou a condenar os ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, assim como a "punição coletiva do povo palestino e a destruição sistemática do enclave" por Israel.
"Não devemos desistir da única resposta viável para uma paz sustentável no Oriente Médio: a solução de dois Estados", disse o português, sendo aplaudido.
Sem citar o presidente americano, Donald Trump, ele ainda aproveitou a ocasião para criticar os cortes no financiamento das missões da ONU feitos pelo atual governo dos EUA.
"Os cortes na ajuda estão causando estragos. São uma sentença de morte para muitos, um futuro roubado para outros", reforçou Guterres, frisando ainda que "para cada dólar investido em apoiar nosso compromisso fundamental de construir a paz, o mundo gasta 750 [dólares] em armas de guerra".
"Isso não é apenas insustentável, é indefensável", concluiu.
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