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Mundo

Governador questiona liderança de Salvini em coalizão de direita

Segundo Giovanni Toti, o senador só pensa em seu partido

23 set 2020 - 13h13
(atualizado às 14h37)
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Após as eleições regionais de 20 e 21 de setembro, começam a surgir na Itália os primeiros questionamentos à liderança do senador Matteo Salvini, do partido de ultradireita Liga, na coalizão conservadora que faz oposição ao primeiro-ministro Giuseppe Conte.

Giovanni Toti (direita) em comício com Matteo Salvini
Giovanni Toti (direita) em comício com Matteo Salvini
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

Durante a campanha, o ex-ministro do Interior havia dito que seu objetivo era alcançar um "7 a 0" sobre a centro-esquerda nas regiões que elegeram governadores no início desta semana, mas o placar está em 3 a 3.

A aliança de direita manteve o Vêneto e a Ligúria e tirou a social-democracia do poder em Marcas, mas fracassou na Toscana, principal bastião "vermelho" na Itália, na Puglia e na Campânia - o Vale de Aosta, sétima região que foi às urnas, não tem eleição direta para governador, cuja nomeação depende da composição de forças na assembleia legislativa local.

O governador reeleito da Ligúria, Giovanni Toti (Mudemos!), afirmou nesta quarta-feira (23) que Salvini tem os "números", mas não a "capacidade de gestão" necessária para guiar a coalizão.

"Matteo poderia ser o arquiteto da centro-direita, mas não me parece que tenha qualquer projeto. Ele se concentra apenas em suas batalhas, vai por conta própria, não escuta quem lhe quer bem", afirmou Toti ao jornal Corriere della Sera.

Seu partido é uma dissidência do moderado Força Itália (FI), legenda de Silvio Berlusconi que integra a coalizão conservadora com a Liga e a sigla de extrema direita Irmãos da Itália (FdI), de Giorgia Meloni.

A aliança era historicamente encabeçada por Berlusconi, mas Salvini assumiu o posto de líder dos conservadores após as eleições legislativas de março de 2018.

Desde então, a direita tirou a centro-esquerda do poder em nove das 20 regiões da Itália, mas fracassou na tentativa de conquistar seus dois principais bastiões: a Emilia-Romagna, em janeiro, e a Toscana, em setembro, ambas com candidatas da Liga.

Toti foi reeleito na Ligúria com 56,13% dos votos e também credita seu resultado ao apoio de Salvini, mas disse que um candidato a primeiro-ministro "deve se preocupar também com os números da coalizão, não apenas com os de seu partido".

Pouco depois, em mensagem no Facebook, o governador tentou amenizar o tom e propôs a Salvini a convocação de uma "verdadeira constituinte da nova centro-direita". "Eu estarei com ele", garantiu Toti.

Reações

Questionado sobre o assunto em uma rádio, o senador de ultradireita disse apenas que o governador lígure venceu "graças à coalizão". Já o deputado da Liga Edoardo Rixi afirmou que a entrevista de Toti ao Corriere della Sera foi um "escorregão midiático fruto da pouca lucidez após a embriaguez eleitoral".

"A partir de amanhã, espero que Toti volte a si e recupere a memória, lembrando-se que, sem a Liga e sem Matteo Salvini, ele não estaria onde está", acrescentou. Além da pressão de Toti, Salvini convive com a ascensão do governador do Vêneto, Luca Zaia, reeleito com votação recorde de 77% e que se tornou uma sombra à sua liderança na Liga.

Já na coalizão, as pesquisas nacionais mostram o crescimento do FdI, herdeiro de partidos neofascistas e que aparece em terceiro lugar na preferência do eleitorado, atrás da Liga e do centro-esquerdista Partido Democrático (PD).  

Ansa - Brasil   
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