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Gaza: dúvidas e movimentações sobre a segunda fase do acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel

O acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza obtido pelos Estados Unidos e países mediadores é frágil, mas se mantém. No entanto, ainda não avançou para a segunda fase, que prevê objetivos ambiciosos: um novo governo de transição em Gaza, o desarmamento do Hamas, a retirada das tropas israelenses e a entrada no terreno da chamada Força Internacional de Estabilização (ISF, em inglês). Para além dessas dificuldades, Israel e Irã retomaram a retórica de hostilidades entre si.

22 dez 2025 - 10h09
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Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel

O enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, recebeu em Miami membros do alto escalão dos países mediadores para discutir a segunda fase do acordo na Faixa de Gaza.

Conforme indicam fontes citadas pela imprensa israelense, os EUA e esses países mediadores (Catar, Egito e Turquia) acreditam que tanto Hamas quanto Israel querem a manutenção do status quo e, por isso, estão atrasando a implementação da segunda fase.

Informações obtidas pela RFI apontam que o presidente norte-americano, Donald Trump, tinha a intenção de anunciar o início da segunda fase do acordo antes do Natal.

Washington tem interesse em colocar em prática alguns dos pontos fundamentais do chamado Plano Trump já a partir do início de 2026: o chamado Conselho da Paz, uma entidade formada por nomes relevantes da política internacional e por palestinos não filiados ao Hamas; e a Força Internacional de Estabilização, que deve substituir o Exército de Israel na Faixa de Gaza.

Em 29 de dezembro, Trump receberá o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para uma reunião cujo tema central deve ser o desarmamento do Hamas, outro item que compõe o plano do cessar-fogo e de estabilização de Gaza.

Enquanto isso, dirigentes do Hamas têm repetido que não aceitam abrir mão das armas. Khaled Meshal, líder da organização no exterior, disse à rede de televisão Al-Jazeera que entregar as armas seria como "remover a alma" do grupo extremista.

Ele também disse que estaria disposto a uma hudna, palavra em árabe para trégua - que poderia durar "cinco, sete ou dez anos". Não seria um reconhecimento da existência de Israel, nem um acordo de paz, mas uma pausa no conflito.

Movimentações dos demais atores

O chefe do serviço de Inteligência da Turquia, Ibrahim Kalin, e o chefe da equipe de negociações do Hamas, Khalil Al-Hayya, encontraram-se para discutir esse assunto em Istambul.

Sobre isso, o Canal Público de Israel informa que as discussões estão suspensas até o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no dia 29 de dezembro, na Flórida.

Outra fonte citada de forma anônima pelo portal israelense Ynet informa que os EUA e os países mediadores pressionam o Estado hebreu a seguir adiante com a próxima fase do plano, apesar de os restos mortais de Ran Gvili, o último refém israelense, ainda não terem sido devolvidos.

Outro item que compõe a segunda fase do plano para Gaza ainda permanece indefinido: o desarmamento do Hamas. Em relação a este ponto especificamente, autoridades israelenses consideram que o Hamas estaria planejando uma encenação que incluiria a entrega de armas obsoletas de forma a ganhar apoio na comunidade internacional.

Na última sexta-feira (19), o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, reuniu-se com autoridades do Catar, Egito e Turquia em Miami para discutir o avanço para a segunda fase do acordo.

Ao final do encontro, houve uma declaração conjunta de apoio ao estabelecimento a curto prazo do chamado Conselho de Paz para servir como entidade de governo de transição em Gaza.

Hostilidade entre Irã e Israel continua ativa

Na Praça Palestina, em Teerã, murais exibem ameaças em hebraico, persa e árabe contra a cidade de Nahariya, no norte de Israel, localizada a cerca de oito quilômetros da fronteira com o Líbano, deixando claro que a cidade deve se preparar "antes da próxima guerra". Ameaças como essa não são incomuns no Irã, que muitas vezes faz uso de mensagens em hebraico para causar terror psicológico nos israelenses. 

Mas o caso de Nahariya chama a atenção por se tratar de uma cidade pacata na costa norte de Israel e onde não há nenhuma base militar, nenhuma instituição de governo relevante. 

A RFI conversou sobre isso com Beni Sabti, especialista em Irã e membro do Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS) de Israel.

Para ele, a escolha de Nahariya se deve a questões geográficas; pelo fato de ser uma cidade que fica no norte do território israelense, mas do lado oposto à fronteira com a Síria. Segundo Sabti, os iranianos não querem problemas com o novo regime sírio, o que também explicaria a escolha de Nahariya. 

"O regime iraniano quer criar medo nas pessoas. Se eventualmente houvesse uma imagem dos moradores abandonando a cidade, isso já seria uma vitória para o Irã", diz. Mas ele não acredita que haveria um plano real de ataque ou qualquer ação concreta por parte de Teerã. 

Mossad manda recado ao Irã

Segundo o chefe do Mossad, David Barnea, o Irã não abandonou a ambição de destruir o Estado hebreu. Ele também afirma que Israel tem a responsabilidade de impedir que o programa nuclear iraniano seja ativado novamente.

"Não permitimos, nem permitiremos, que um mau acordo se concretize. Um país que tem estampado em sua bandeira a destruição de Israel, que enganou o mundo ao desenvolver armas nucleares e enriquecer urânio a níveis que não têm outra explicação senão a realização de seu desejo por uma capacidade nuclear militar, é um país que avançará assim que puder".

Ele também se referiu ao ataque terrorista contra a comunidade judaica em Sydney, na Austrália, no último dia 14, ao dizer que "Israel vai encontrar os terroristas iranianos e seus mandantes". Ou seja, ele atribui responsabilidade ao Irã pelo ataque. "A justiça será feita e será vista", disse. 

Para além do programa nuclear, outro ponto que preocupa as autoridades israelenses é o programa iraniano de mísseis balísticos. 

Em meio a todas essas declarações, o grupo de hackers Handala, ligado ao Irã, afirmou ter invadido o telefone celular do ex-primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett. Além disso, milhares de israelenses receberam mensagens em seus telefones com uma convocação para colaborar com o país. O texto orienta os interessados a entrar em contato com as embaixadas iranianas no exterior.

O governo israelense disse que os cidadãos não devem responder e apenas precisam bloquear o contato e apagar a mensagem.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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