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EXCLUSIVO-Equador tentou dar posto diplomático na Rússia para Assange, mostra documento

22 set 2018 - 19h15
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O Equador deu em 2017 ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, um posto diplomático na Rússia, mas rescindiu a ação após o Reino Unido se recusar a dar imunidade diplomática a ele, de acordo com um documento do governo equatoriano visto pela Reuters.

Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na embaixada do Equador em Londres 19/05/2017 REUTERS/Peter Nicholls
Fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na embaixada do Equador em Londres 19/05/2017 REUTERS/Peter Nicholls
Foto: Reuters

O esforço abortado sugere que o presidente do Equador, Lenín Moreno, havia envolvido Moscou para resolver a situação de Assange, que está enfurnado na embaixada equatoriana há seis anos para evitar prisão por autoridades britânicas por acusações de violar fiança.

    O incidente foi revelado em uma carta do Ministério das Relações Exteriores do Equador para uma legisladora que havia solicitado informação sobre a decisão do Equador no ano passado de garantir cidadania a Assange.

O Equador aprovou em 19 de dezembro uma "designação especial a favor do sr. Julian Assange para que ele possa realizar funções na embaixada equatoriana na Rússia", de acordo com a carta escrita à parlamentar da oposição Paola Vintimilla.

    "Designação especial" se refere ao direito do presidente do Equador de nomear aliados políticos para um número fixo de postos diplomáticos, mesmo que eles não sejam diplomatas de carreira.

    Mas o Escritório das Relações Exteriores do Reino Unido informou em nota em 21 de dezembro que não aceitava Assange como diplomata e que "não considera que o sr. Assange usufrua de quaisquer tipos de privilégios e imunidades sob a Convenção de Viena", segundo a carta, citando uma nota diplomática britânica.

O Equador abandonou sua decisão pouco depois, de acordo com a carta.

    Autoridades britânicas disseram que irão prender Assange se ele deixar a embaixada, o que significa que ele precisaria ser reconhecido como um diplomata para viajar a Moscou.

    Advogados de Assange nos Estados Unidos e no Reino Unido não responderam pedidos de comentário. O site do WikiLeaks não respondeu um email buscando comentário. O Ministério das Relações Exteriores do Equador não pôde ser contatado para comentário.

    O plano de tornar Assange um diplomata equatoriano foi tornado público no ano passado, mas o esforço para enviá-lo a Moscou não havia sido relatado anteriormente.

    Agências da inteligência dos EUA informaram em 2017 que acreditavam que o WikiLeaks foi um intermediário usado pela Rússia para publicar emails hackeados de democratas seniores para atrapalhar a candidata presidencial democrata de 2016, Hillary Clinton.

    O presidente dos EUA, Donald Trump, enfrenta uma investigação sobre se sua campanha conspirou com a Rússia para vencer a eleição. Assange nega ter recebido emails da Rússia, mas não descartou ter recebido os emails de um terceiro. Trump e a Rússia negam conluio.

    O jornal The Guardian relatou nesta sexta-feira que diplomatas russos realizaram conversas secretas em Londres para ajudar Assange a deixar o Reino Unido através de uma operação tentativamente marcada para a noite de Natal de 2017.

    A reportagem, que citava fontes não identificadas, informava que "detalhes do plano eram superficiais" e que ele foi abortado porque parecia ser muito arriscado.

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